Ponderar
significa observar com atenção minuciosa. Significa medir e pesar todos
os lados de uma questão antes de formar juízo sobre ela ou antes de
agir. É requisito para uma ação interior profunda.
Portanto, precisamos dedicar-nos a avaliar amplamente os assuntos, a
vê-los de diferentes ângulos, e não só conforme a nossa própria reação.
Precisamos aprender a considerar os pontos de vista dos demais, alargar
nossas perspectivas.
Algumas atitudes são requeridas para nos tornarmos ponderados. A
primeira delas é a sinceridade na aspiração e a determinação a evoluir, a
ir adiante mesmo que exista alguma reação nossa, mesmo que não
estejamos dispostos. Para optar com correção temos, portanto, de
diferenciar o que provém da natureza da alma, do interno do nosso ser
daquilo que provém da personalidade, da natureza externa.
Outra atitude é a de não fazermos as coisas superficialmente em razão
de alguma pressão externa, como prazos, debilidade física ou outras.
Mesmo quando o tempo parece que vai terminar, mesmo quando o corpo
físico parece não estar bem, não podemos deixar de refletir e buscar
perceber o que é mais indicado em dado momento. Se agirmos assim, com
verdadeira ponderação, o tempo passa a ser suficiente, o corpo passa a
responder de modo positivo e tudo começa a corresponder às nossas
decisões mais íntimas.
A terceira atitude é a de não deixar a mente vagar por conta própria. A
mente tem de se organizar e estabelecer as prioridades entre os
assuntos do dia, para fazermos com ordem o que nos cabe.
Para conquistarmos essas atitudes precisamos de firme intenção e de
esforço. Não nos tornamos ponderados de um momento para outro. É
necessário buscar tal qualidade com persistência.
Enquanto ponderamos, podemos ir além da nossa experiência se pedirmos
sugestões ao profundo do nosso ser e aguardarmos em silêncio, porém sem
criar expectativas. Podem então surgir ideias ou vislumbres de caminhos
inusitados. Podem emergir sentimentos que não conhecíamos ou
transformarem-se sentimentos antigos. Ponderar é usar todos os recursos
de que dispomos: aqueles de que temos consciência e outros, da
consciência superior, que se tornam acessíveis porque estamos
receptivos.
Precisamos aprender a ponderar e não mostrar fraqueza. Isso significa
refletir sem nos entregar a desânimos nem a pensamentos negativos.
Conseguimos isso com a atenção treinada, com a qual seguimos nitidamente
e com equilíbrio as etapas de um processo ou acontecimento.
Quando pedimos luz sobre algo, temos de observar como aquilo se
desenvolve sem nos condicionar ao que já discernimos, pois sempre pode
advir um fato novo, e o processo pode tomar outro rumo. Tudo o que
discernimos é posto à prova, e precisamos continuar observando e
buscando níveis mais internos da realidade.
Saber ponderar sem mostrar fraqueza leva-nos a mudanças importantes. Se
tivermos essa reflexão incorporada em nossa vida, coisa alguma poderá
nos surpreender. Passamos a prever os fatos e a entrever oportunidades
ocultas nos acontecimentos. O inusitado deixará de ser incômodo ou fator
de decepção.
Tendo aprendido a ponderar, ficamos diante do desenrolar da vida com
muita simplicidade e naturalidade. Ficamos, também, preparados para
suportar qualquer tipo de tensão. A ponderação tem, pois, repercussões
profundas: com ela, por nada mais nos abalamos.
José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br
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