E S P E L H O S
O amor é fogo.
É por causa da dor do amor que milhões de pessoas vivem uma vida sem amor. Elas também sofrem, e seu sofrimento é inútil. Sofrer no amor não é sofrer em vão. Sofrer no amor é criativo, e conduz a níveis mais elevados de consciência. Sofrer sem amor é um desperdício total, não leva ninguém a lugar algum, e mantém as pessoas em movimento no mesmo círculo vicioso.
O homem que não tem amor é narcisista, fechado. Ele conhece apenas a si mesmo. E quanto ele pode conhecer de si mesmo se não conhece o outro, uma vez que somente o outro pode funcionar como um espelho? Nunca vai conhecer a si mesmo sem conhecer o outro. O amor é fundamental também para o autoconhecimento. A pessoa que não conheceu o outro em amor profundo, em paixão intensa, em êxtase total, não será capaz de saber quem é, porque não vai ter o espelho para ver seu próprio reflexo.
O relacionamento é um espelho — quanto mais puro o amor, mais elevado; quanto mais limpo o espelho, melhor o espelho. Porém, o amor mais elevado exige que a pessoa esteja aberta. O amor mais elevado exige que a pessoa esteja vulnerável. Ela tem que abandonar sua armadura, e isso é doloroso. É necessário que não esteja constantemente alerta. Tem que abandonar a mente calculista. Tem que se arriscar. Tem que viver perigosamente. O outro pode machucá-la, e é esse o medo de estar vulnerável. O outro pode rejeitá-la, e é esse o medo de estar apaixonada.
O reflexo que a pessoa vai encontrar no mundo de seu próprio eu pode ser feio, e é essa a ansiedade. Portanto, deve evitar o espelho. Porém, o fato de evitar o espelho não significa que a pessoa vai ficar bela. Ao evitar a situação, a pessoa também não crescerá. O desafio tem que ser aceito.
É preciso amar. Este é o primeiro passo em direção a Deus, e não pode ser ignorado. Aqueles que tentam ignorar o passo do amor nunca chegarão a Deus. Isso é absolutamente necessário, porque a pessoa se torna ciente de sua totalidade somente quando é provocada pela presença do outro, quando sua presença é realçada pela presença do outro, quando ela é tirada de seu mundo narcisista e fechado para céu aberto.
O amor é um céu aberto. Estar apaixonado é poder voar.
Osho, em O Livro do Ego
https://medium.com
A Relação é um Espelho
O relacionamento é o espelho em que podemos ver-nos como somos. Toda a
vida é um movimento de relacionamento. Não existe nada vivo na Terra que
não esteja relacionado com uma coisa ou com outra. Mesmo o eremita, o
homem que parte para um lugar solitário, está relacionado com o seu
passado, está relacionado com aqueles que estão ao seu redor. Não há
como fugir ao relacionamento. Nesse relacionamento que é o espelho no
qual podemos ver-nos, podemos também descobrir o que somos, as nossas
reações, os nossos preconceitos, os nossos medos, depressão, ansiedades,
solidão, sofrimento, dor, pesar. Podemos também descobrir se amamos ou
se o amor não existe. Por conseguinte examinaremos a questão do
relacionamento porque ele é a base do amor.
O autoconhecimento não segue uma fórmula. Você pode ir a um psicólogo ou
psicanalista para descobrir sobre si mesmo, mas isso não é
autoconhecimento. O autoconhecimento surge quando estamos conscientes de
nós mesmos na relação, que mostra o que somos de momento a momento. A
relação é um espelho onde nos vemos como realmente somos. Mas a maioria
de nós é incapaz de olhar para si mesmo como se é na relação porque
imediatamente começamos a condenar ou justificar o que vemos. Nós
julgamos, avaliamos, comparamos, negamos ou aceitamos, mas nunca
observamos de fato o que é, e para muitas pessoas isto parece ser a
coisa mais difícil de fazer; no entanto, só isto é o inicio do
autoconhecimento. Se a pessoa é capaz de olhar a si mesma como ela é
neste extraordinário espelho da relação, que não distorce, se a pessoa
puder apenas olhar neste espelho com completa atenção e ver realmente o
que é, ficar cônscio disto sem condenação, sem julgamento, sem avaliação
– e a pessoa faz isto quando há o mais sério interesse – então ela
descobrirá que a mente é capaz de se libertar de todo condicionamento; e
só então a mente está livre para descobrir aquilo que está além do
campo do pensamento. Afinal, conquanto estudada ou conquanto pequena a
mente possa ser, ela é, consciente ou inconscientemente, limitada,
condicionada, e qualquer extensão deste condicionamento está ainda
dentro do campo do pensamento. Então liberdade é uma coisa inteiramente
diferente.
J. Krishnamurti
http://legacy.jkrishnamurti.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário