EM UNIÃO COM O MESTRE AÏVANHOV

 

Educação: dirigir-se às qualidades da pessoa

"É evidente que os seres humanos são imperfeitos, mas a atitude de salientar continuamente os seus defeitos não tem nada de pedagógico. A questão é saber se quem o faz se limita em exprimir o mau-humor, a exasperação inspirada pela sua conduta, ou se deseja ajudá-los. Se vocês desejam realmente ajudar alguém a mudar de comportamento, dirijam-se ao que há de melhor nele, mostrem-lhe que veem as suas qualidades (todos têm pelo menos uma) e foquem nelas. Desse modo, vocês tocarão o seu amor próprio, ele procurará não desiludi-los, e assim o encorajam a se melhorar. Esta regra pode ser verificada especialmente com as crianças. Não se educa uma criança insistindo em seus defeitos, chamando-lhe de incapaz, de preguiçosa, mentirosa, desonesta. Sob o peso dessas acusações, a criança perde qualquer vontade de se esforçar. Se vocês já têm uma opinião definitiva sobre ela, porque ela deveria tentar mudar? Mas mostrem-lhe que ela sempre pode fazer melhor – porque essa é a verdade – e então sim, terão alguma possibilidade de educá-la."

 

Esperar antes de falar das experiências espirituais

"Trabalhem durante muito tempo para fortalecer as suas convicções. Se forem contar por toda parte que, finalmente, encontraram o caminho da luz, que decidiram seguir por esse caminho etc., vocês criam obstáculos para si mesmos, provocam reações contrárias. Alguns procurarão demonstrar-lhes que estão no caminho errado, que são ingênuos idealistas etc., e se as suas convicções ainda não estiverem bem formadas, não só não convencerão essas pessoas do contrário, como acabarão capitulando diante delas. Seja qual for a sua generosa necessidade de compartilhar as suas descobertas, comecem mantendo-as para vocês mesmos. Vivam com essas verdades, experimentem-nas, exercitem-nas, até que elas se tornem carne e osso e formem uma unidade com vocês. Elas não só lhes trarão uma luz e uma força que os ajudarão a triunfar sobre as dificuldades da vida, como no dia em que forem induzidos a falar delas aos outros, o farão com um tal tom de autenticidade que todas as objeções cairão."

 

Renúncia e sacrifício

"Certamente, as palavras 'renúncia' e 'sacrifício' estão entre as que menos agradam aos seres humanos, pois eles as compreendem como sinônimos de privações e acham que se eles se privarem, morrerão. E é verdade que morrerão: se não compreenderam que a renúncia serve apenas para ascender a regiões mais elevadas para obter algo melhor, morrerão. Na prática espiritual, 'renunciar' significa transpor uma necessidade, uma tendência, um prazer, para um plano superior. Continuamos a nos alimentar, a amar, a desenvolver diferentes atividades, mas com elementos mais puros, com um objetivo mais desinteressado. Portanto, a renúncia não é sinônimo de morte, pelo contrário, é sinônimo de vida. Quem não a compreendeu, fica estagnado, e é justamente essa estagnação que o arrasta para a morte. Mas quem aceita certas privações, transforma uma energia bruta em uma energia mais sutil, e não só não morre, como se enriquece."

  

Reencarnação e a lei de causa e efeito

"O universo é regido pela lei de causa e efeito. Cada ação, cada acontecimento é ele mesmo uma causa que acarreta determinadas consequências, e cada ação, cada acontecimento é, por sua vez, a consequência de uma causa. Causas e consequências estão, portanto, indissoluvelmente ligadas, mas a duração de uma vida humana é muito limitada para que se possa observar este vasto jogo de encadeamentos. Assim como hoje constatamos fatos que são consequências de causas muito anteriores à nossa atual existência, e que, portanto, não conhecemos, do mesmo modo não podemos prever as consequências que derivarão de certos fatos que estão acontecendo agora. Atualmente, nós nos encontramos diante de situações onde umas são causas, e outras são consequências: é por isso que existem tantos acontecimentos cujo significado nos escapa. Quanto à reencarnação, ela é, na realidade, apenas um aspecto particular da lei de causa e efeito. Como a vida dos seres não acaba no momento em que eles deixam a Terra, não só as consequências das suas ações as seguem no além, como no momento em que eles voltam a encarnar, essas consequências permanecem vivas e atuantes. Então, não se pode decretar que alguém não mereça as boas condições de que se beneficia nesta existência, ou algum outro as injustiças das quais é vítima, pois não se sabe nada das suas encarnações anteriores. Enquanto não se admitir a reencarnação, não se compreenderá nada da justiça divina.

Meditem algumas vezes sobre a bela imagem da transparência... Vocês compreenderão que, para que a vida, a luz e as correntes celestes possam passar, é preciso abrir-lhes passagem, ou seja, é preciso tornar-se transparente. Na natureza, tudo reforça esta lei. Porque as pedras preciosas são tão apreciadas? Porque elas são coloridas, certo, mas principalmente porque são transparentes: elas deixam a luz passar... Como a natureza conseguiu trabalhar de forma tão magnífica sobre certos minerais, purificando-os e tornando-os tão maravilhosos que hoje nós os admiramos: cristais, diamantes, safiras, esmeraldas, topázios, rubis? E se a natureza conseguiu isto, porque o ser humano não conseguiria fazer esse mesmo trabalho em si mesmo? 

Toda prática espiritual deve tender para este objetivo. Quando tivermos conseguido purificar tudo no nosso coração e na nossa alma até nos tornarmos límpidos e transparentes, o Senhor, que aprecia muito as pedras preciosas, nos colocará na Sua coroa. É uma imagem, certo, mas corresponde a algo muito real."

 

 Nunca é tarde para recuperar o tempo perdido

"Quando a velhice se aproxima, é natural que se olhe para trás, e é aí que, para muitas pessoas, começa o período dos arrependimentos. Elas sentem que passaram muito tempo em futilidades, mas pensam que mesmo procurando tomar uma outra direção, dando mais espaço à vida interior, é muito tarde: nunca recuperarão o tempo perdido. Obviamente, quando a velhice chega, é um pouco tarde para mudar completamente de vida, mas não muito tarde, nunca é muito tarde para começar algo de construtivo. Para essas pessoas, seria pior se passassem o tempo que lhes resta viver mergulhadas em arrependimentos. É compreensível que tenham remorsos, mas há algo melhor a fazer do que ter remorsos. Elas podem, pelo menos, rememorar todos os acontecimentos da sua existência para tirar lições deles. Depois de tirarem essas lições, elas devem recorrer a todo o amor, inteligência e vontade que ainda lhes restam para darem à sua vida o sentido que não tinham, ou não souberam encontrar até então."

 

 Espírito e sofrimento

"Quando vocês estiverem sofrendo, procurem tomar consciência de que apenas uma parte sua é afetada por este sofrimento. Uma outra parte permanece inacessível a ele: é o seu espírito. O seu espírito é livre, não é submetido a nenhuma coerção. Das regiões sublimes em que se encontra, ele os observa e os aconselha. E, às vezes, também lhes diz: «Você sofre? Então, alegre-se, porque se for inteligente, graças a este sofrimento ganhará mais um pouco de lucidez e compreensão, e isso o fortalecerá». Quem está infeliz, tende a identificar-se com o seu mal, deixa-se invadir por ele, e isto é perigoso para a pessoa. Ela deve, ao contrário, ficar imediatamente alerta e dizer para si mesma: «É agora que há um trabalho a fazer. Eu sofro, certo, mas é só uma parte de mim que sofre». Apele à outra entidade – o seu espírito – que vive na imensidão, na eternidade, e que também está dentro de si. Do fundo deste pântano, onde a pessoa tem a sensação de afundar, sentirá emergir a luz e a força."

 

Verdadeira autoridade

"Sejam quais forem as suas qualidades e as suas competências, não tentem se impor aos outros. Porquê? Porque vocês despertarão neles o desejo de desafiá-los. No início, talvez, eles fiquem admirados, os respeitem e até os temam... Mas, enquanto vocês acharem que afirmaram a sua autoridade, eles, em segredo, farão tudo o que puderem para se armarem contra vocês. E foram vocês que os provocaram. Quem ostenta o seu poder, desperta o instinto de agressividade nos outros. São incontáveis os meios de que as pessoas são capazes de colocar em ação quando um superior – ou alguém que se passou como tal – as humilhou com uma atitude de desprezo, um tom arrogante e língua ferina. Vocês obterão a verdadeira autoridade cultivando a bondade, a doçura e a paciência. Pode ser que os outros começam interpretando mal a sua atitude: pensarão que vocês são fracos, incapazes, e tentarão abusar da situação. Mas, perseverem, e logo eles serão obrigados a reconhecer as suas competências, assim como a sua força interior. Então, vocês ganharão não só respeito deles, mas também a sua amizade."

 

Novas condições, novas qualidades

"Quando vocês estão seguros para trabalhar por uma causa justa e nobre, nada deve lhes tirar dela. E, principalmente, não se preocupem com a atitude dos outros em relação a vocês, pois correm o risco de o seu entusiasmo seja diminuído. Como a constância não é uma característica dos seres humanos, alguns, após tê-los aprovado e seguido, começarão a criticá-los, a se afastarem, e vocês nem saberão o motivo. É assim. Na existência, existem alguns períodos de sucesso onde se é reconhecido e apreciado. Depois, seguem outros períodos onde se é ignorado e deixado de lado. Se vocês não estiverem habituados com a ideia do trabalho desinteressado, correm o risco de caírem na amargura e na revolta. Então, reexaminem o seu passado: constatarão que quando realizaram este ou aquele trabalho ganharam certas qualidades. Agora que se apresentam novas condições, certamente têm um novo trabalho para realizar a fim de desenvolver outras qualidades. É assim que sempre serão senhores da situação."

 

Em comunicação com o mundo divino

"É procurando elevar-se até o cume do seu ser interior que vocês entrarão verdadeiramente em comunicação com o mundo divino. Quando vocês sentirem que, finalmente, atingiram uma região situada para além do pó e das nuvens, ou seja, para além do plano astral e do plano mental inferior, permaneçam lá, firmes, o maior tempo possível. Depois, como é difícil fazer com que este esforço de concentração dure mais de alguns minutos, abrandem um pouco a tensão e deixem-se levar pela luz como se flutuassem em um mar calmo. Vocês já não pensam mais, não sentem quase nada, mas a sua alma, que está ali, viva e vibrante, impregna-se com os elementos mais sutis das regiões da luz. Repitam este exercício com a maior frequência possível. Constatarão que, quando precisarem retomar as suas ocupações habituais na família e na sociedade, os elementos espirituais que captaram introduziram em vocês a harmonia, e o seu desejo de trabalhar, de ajudar os outros e de viver em harmonia com eles, aumentará. É uma sensação que não engana: ela confirma que vocês continuam em comunicação com o mundo divino."

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