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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

MOMENTOS DE REFLEXÃO


Foi durante a visita que fiz com a minha família à ilha de Maui, no Hawaii, que a minha relação com Deus passou por uma drástica mudança - quase uma explosão de espiritualidade.

Uma noite, a minha mulher e eu fomos dormir aborrecidos um com o outro. No dia seguinte, acordei às cinco e meia e decidi fazer uma caminhada pela praia. Depois de andar por algum tempo, sentei-me e comecei a meditar. Há muito que me interessava pelo exercício da meditação, mas só a havia praticado esporadicamente.

Aconteceu então uma coisa incrível, a que mais tarde chamei amor intenso, como se estivesse realmente a falar com Deus, como se me encontrasse na Sua presença.

Certamente fui para outro nível de consciência. Ao voltar da caminhada, contei à minha mulher o que tinha acontecido e, imediatamente, tudo ficou bem entre nós.

Resolvi fazer o mesmo na manhã seguinte. Assim que comecei a meditação, senti um calor dentro de mim, como na véspera. E vi-me a conversar com Deus e a receber mensagens sobre a natureza e o propósito da vida. A partir dessas primeiras experiências passei a fazer a mesma coisa todas as manhãs e assumi o compromisso de meditar diariamente pelo resto da vida.

O resultado dessa poderosa experiência foi a transformação da minha vida. Analisei as minhas atitudes, ideias e acções em relação ao amor, à doação, ao serviço. Se não estiver a amar, a doar e servir, não estarei em harmonia com as mensagens que recebi.

Passei os primeiros dez anos da minha vida em várias casas, inclusive num lar adoptivo metodista e num orfanato baptista. Vivenciei muita ortodoxia e muito medo. Para mim, a igreja não era dos lugares mais agradáveis. Na igreja havia um Deus assustador, com demónios a rondar. A religião era um conjunto de regras e imposições rodeadas de ameaças.

À medida que ia crescendo, afastava-me da maior parte das “experiências religiosas”. Os meus interesses eram outros, e o máximo que eu pensava era “acho que existe alguma coisa e não sei bem o que é”. Mas, durante os últimos quinze anos, o meu foco e o meu caminho voltaram-se para o espiritual. A magnífica experiência do Hawaii mostrou-me que há um mundo poderoso além do que geralmente vemos - um mundo de pensamento, espírito, consciência mais ampla -, um mundo do Deus que está em tudo.

Em todas as épocas e civilizações, parecem misturar-se três ideias sobre a vida e o que existe para além dela. A primeira é que há um mundo infinito, invisível, além deste que experimentamos. A segunda é que esse mundo infinito faz parte de cada personalidade humana. E a terceira é que o objectivo da vida é descobrir esse mundo infinito.

Alguns dão a esse mundo infinito o nome de Deus. Outros chamam-lhe Krishna, Espírito, Consciência Superior, Buda ou Cristo. Na minha opinião, é importante não nos apegarmos a rótulos. Os rótulos não descrevem o infinito.

Afinal, ninguém consegue beber a palavra”água” ou fazer uma embarcação flutuar na fórmula H2O. A única coisa que podemos em relação à água é experimentá-la. Thoreau disse: “A sua religião está onde estiver o seu amor.”.

Em vez de me preocupar se sou cristão, judeu ou budista, procuro ver-me como alguém que se esforça por ser como Cristo ou como Buda. Prefiro ver nesses mestres espirituais incríveis modelos de amor, serviço e doação a toda a humanidade e ao mundo.

Quando experimento Deus, eu sei que continuo apenas a ocupar as formas que tenho hoje. Na verdade, o tempo e a idade não existem para nós: estamos para além do início e do fim, para além das formas e das regras que a elas se aplicam.

Entrar em contacto com a parte da nossa humanidade que não cabe em formas (corpo) é aquilo a que chamo entrar em contacto com Deus. Eu sei que sou um ser espiritual a viver uma experiência humana passageira e procuro ligar-me às pessoas sem me preocupar com a sua forma – a que chamo “embalagem” -, mas com a parte divina que fica por trás da aparência. Quando descobrimos essa bela parte do ser humano, começamos a enxergar uma enorme harmonia na vida. Começamos a descobrir a ligação que existe entre todas as pessoas e todas as coisas. Num sentido realista, prático, a minha experiência diária de Deus é, a cada momento, amar, servir e doar. Para isso, preciso de sentir-me em paz comigo mesmo e cooperar com as células vivas adjacentes a mim e à humanidade.

Tudo o que acontece fora de nós tem a sua contrapartida dentro de nós e vice-versa. O mundo só se vai transformar à medida que os seus habitantes forem fazendo mudanças individuais ao nível de consciência e, assim, experimentando Deus.

A harmonia é Deus. Robert Frost disse e muito bem: “Nós sentamo-nos em círculo e ficamos a fazer suposições. Mas o segredo senta-se no centro, e sabe.”. Esse centro é para onde eu agora vou quando medito. Eu vou para a luz e também trago a luz para mim. Como um eixo que gira enquanto o seu centro permanece fixo, Deus é o segredo imóvel no centro.

Para encontrar Deus, todos os dias eu encontro algum tempo para entrar noutro nível de consciência através da prece, da meditação ou de qualquer outro nome que isso tenha. Fecho os olhos e respiro. Eu concentro-me, esvazio a mente e fico quieto até sentir o amor que se encontra dentro de mim.
 
Wayne Walter Dyer 
https://floraiszed.com 
 
NOTA: Este texto foi entraído do site floraiszed com o título O Segredo Está No Centro.

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