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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

A ÚLTIMA CEIA
 
 
Depois do último cálice de vinho com água, prescrito pelo ritual da ceia pascal, era costume dos israelitas, após a celebração do cordeiro pascal, conservarem-se ainda reunidos em derredor da mesa.
 
Referem os evangelistas:
 
“Quando eles estavam à mesa, tomou Jesus o pão, partiu-o, benzeu-o e deu-o a seus discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é o meu corpo, que é entregue por vós. Da mesma forma tomou o cálice, benzeu-o e deu-o a seus discípulos, dizendo: Tomai e bebei dele todos, porque isto é o sangue do Novo Testamento, que é derramado por vós e pelos muitos, em remoção de erros. Fazei isto em memória de mim.”
 
Jesus traça um paralelo entre o que acontece com o alimento material (pão e vinho) quando ingerido e assimilado pelo homem — o alimento espiritual que ele estava oferecendo à humanidade, nesses dias. Assim como o alimento material, para ser vitalizado por nós tem de ser primeiramente destruído (morto), e só depois disto ressurge em nossas veias como força vital – assim deve também a vida física de Jesus ser destruída a fim de poder ser assimilada pela alma, na forma invisível do Cristo.
 
Em ambos os casos — tanto no símbolo material como no simbolizado espiritual — há uma espécie de morte e uma ressurreição.
 
A chamada Eucaristia é, pois, uma parábola biológico-mística, que deve ser entendida neste sentido, isto é, espiritual e simbolicamente, segundo a advertência do Mestre: “O espírito é que dá vida, a carne de nada vale”.
 
Em toda esta parábola simbólica, frisa Jesus que ele deve substituir os erros antigos de derramar o sangue físico de um cordeiro para anular pecados; este, porém, é o sangue simbólico do Novo Testamento para remoção dos erros do Antigo Testamento; o amor espiritual substitui a morte material.
 
Nenhum dos 12 discípulos entendeu que comungava o corpo e o sangue real do Mestre — tanto assim que, logo depois, cometeram os maiores pecados; o suposto neo-comungante Judas consumou o plano da traição; Pedro negou o Mestre três vezes, jurando que não era discípulo dele; os restantes fugiram covardemente.
 
Na última ceia, os discípulos receberam os símbolos materiais de Jesus, mas no Pentecostes comungaram o simbolizado espiritual, o próprio Cristo, e repletos de heroísmo divino, o proclamaram ao mundo inteiro.
 
Bem disse o Mestre: “As palavras que vos digo são espírito e vida, a carne de nada vale”.
 
Depois da última ceia prosseguiu Jesus:
— Um novo mandamento vos dou: “Que vos ameis uns aos outros, assim como vos tenho amado. É por isso que há de o mundo conhecer que sois meus discípulos, em vos amardes uns aos outros.” 
 

Do livro “Jesus Nazareno” de Huberto Rohden
 
https://ihgomes.wordpress.com 
 
 

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