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quinta-feira, 7 de junho de 2018

UM RAIO DE LUZ
 NA ESCURIDÃO



Nós vivemos em uma cultura totalmente hipnotizada pela ilusão de tempo, na qual o chamado presente é sentido como uma pequena linha entre o ‘todo poderoso’ passado causativo e o ‘absurdamente importante futuro’. Não temos presente. Nossa consciência está quase completamente preocupada com memórias e expectativas. Nós não percebemos que nunca houve, há, ou haverá qualquer tipo de experiência além da experiência do momento. Portanto, nós estamos fora de contato com a realidade. Nós confundimos o mundo como ele é falado, descrito, e mensurado com o mundo do modo que ele na verdade é. Nós estamos doentes com uma fascinação pelo uso de ferramentas de nomes, números, símbolos, sinais, conceitos e ideias.

Nada é mais fácil do que confundir a sabedoria de um sábio com a sua doutrina, pois, na ausência de qualquer compreensão da verdade, a descrição dessa compreensão feita por outrem é facilmente confundida com a própria verdade.
 
O mundo é visto como separado porque a pessoa projeta nele o seu próprio estado de confusão e ignorância; assim, em cada um de nós há essa mente que observa as circunstâncias criadas por ela mesma e, de acordo com a natureza particular da expressão dessa mente nos indivíduos, são criados os ambientes que os envolvem.O homem olha para o mundo exterior para buscar sua salvação; imagina que poderá encontrar felicidade ao possuir algumas de suas formas. Mas não poderá encontrar felicidade nessas formas se não a puder encontrar em sua própria mente, pois é a sua mente que faz as formas...
 
O homem se apega às coisas na vã esperança de que elas possam permanecer imóveis e perfeitas; ele não se reconcilia com o fato da mudança (...) O homem nota e lamenta a mudança e mostra que ele próprio não está se movendo com o ritmo da vida.
 
O homem se apega às coisas na vã esperança de que elas possam permanecer imóveis e perfeitas; ele não se reconcilia com o fato da mudança (...) O homem nota e lamenta a mudança e mostra que ele próprio não está se movendo com o ritmo da vida.

Quanto mais firmemente tentamos captar o momento, para manter uma sensação agradável ou definir algo de uma maneira que possa ser satisfatória para sempre, mais ilusório ele se torna. Costuma-se dizer que definir é matar. Se o vento parasse por um segundo para que pudéssemos capturá-lo, ele deixaria de ser vento. O mesmo é verdade em relação à vida. As coisas e os fatos estão perpetuamente se mudando e se movendo; não podemos reter o momento presente e fazê-lo ficar conosco; não podemos chamar de volta o passado ou manter para sempre uma sensação passageira de si. Se tentarmos fazê-lo, tudo o que teremos será uma recordação; a realidade não está mais lá e nenhuma satisfação pode ser encontrada nisso.

... a moralidade é valiosa quando for reconhecida como um meio para atingir um fim; é uma boa serva, mas um mestre terrível. Quando os homens a usam como serva, ela permite que se adaptem à sociedade, e que se misturem facilmente com seus companheiros e, mais especialmente, permite a liberdade para o desenvolvimento espiritual. Quando ela é o mestre, as pessoas tornam-se intolerantes e puras máquinas éticas convencionais.
 
... no momento em que (o homem) compreende, absoluta e finalmente, que a vida não pode ser captada, ele a solta, percebendo num átimo de segundo que tolo ele tem sido ao tentar retê-la como se fosse sua. Assim, nesse momento, ele alcança a liberdade do espírito, pois compreende o sofrimento inerente à tentativa humana de guardar o vento numa caixa, de manter viva a vida sem deixar que ela viva.
 
O sentido da vida é estar vivo. É tão claro, tão óbvio e tão simples. Mesmo assim, todo mundo não para de correr em pânico, como se fosse necessário conseguir alguma coisa além de si próprio.
 
A vida é uma piada. Explicar é estragá-la.
 
 
Alan Watts 
https://www.pensador.com 
 
 

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