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quarta-feira, 27 de junho de 2018

O FILHO DO HOMEM



Apareceu um homem, entre esses milhões de habitantes terrestres... E esse homem veio tornar-se o centro da história da humanidade. 
 
Não fez descobertas nem invenções, não derrotou exércitos nem escreveu livros – esse homem singular. Não fez nada daquilo que a outros homens garante imortalidade entre os mortais – o que nele havia de maior era ele mesmo... 
 
Pelo ano do seu nascimento datam todos os povos cultos a sua cronologia. Possuía esse homem exímios dotes de inteligência – e infinita delicadeza de coração. A sua vida se resume numa epopeia de divino poder – e num poema de humano amor. 
 
Havia na vida desse homem uma pátria e uma família – mas também um exílio e uma solidão. Havia inocentes com o sorriso nos lábios – e doentes com as lágrimas nos olhos. – Havia apóstolos – e apóstatas... Brincava nos caminhos desse homem a mais bela das primaveras – e espreitava-lhe os passos a mais negra das mortes. Esse homem vivia no mundo – mas não era do mundo... 
 
Quando chegou, “não havia lugar para ele na estalagem” – e quando partiu, só havia lugar numa cruz, entre o céu e a terra. 
 
Esse homem não mendigava amor – mas todas as almas boas o amavam... Era amigo do silêncio e da solidão – mas não conseguia fugir ao tumulto da sociedade, porque “todos o procuravam”... Irresistível era o fascínio da sua personalidade – inaudita a potência das suas palavras...
 
Todos sentiam o envolvente mistério da sua presença – mas ninguém sabia definir esse estranho magnetismo... Era uma luminosa escuridão – esse homem... Não bajulava a nenhum poderoso – e não espezinhava nenhum miserável... 
 
Diáfano como um cristal era o seu caráter – e, no entanto, é ele o maior mistério de todos os séculos... Poeta algum conseguiu atingir-lhe as excelsitudes – filósofo algum valeu exaurir-lhe as profundezas... Esse homem não repudiava Madalenas nem apedrejava adúlteras – mas lançava às penitentes palavras de perdão e de vida... Não abandonava ovelhas desgarradas nem filhos pródigos – mas cingia nos braços a estes e levava aos ombros aquelas... 
 
Esse homem não discutia – falava simplesmente... Não esmiuçava palavras nem contava sílabas e letras, como os rabis do seu tempo – mas rasgava imensas perspectivas de verdade e beatitude... Por isso diziam os homens, felizes e estupefatos: “Nunca ninguém falou como esse homem fala!”... 
 
Para ele, não era o esquife o ponto final da existência – mas o berço para a vida verdadeira... Por isto, vivem por ele e para ele os melhores dentre os filhos dos homens – porque adoram nesse homem o homem ideal, o homem-Deus... 
 
 
 Huberto Rohden - De Alma Para Alma https://pt.slideshare.net  
 

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