Translate

segunda-feira, 4 de junho de 2018

TRABALHANDO COM 
O APEGO E DESEJO


Disse Buda que a causa 
de todo sofrimento humano 
está no apego e no desejo.

Para compreender como o sofrimento aparece, pratique observar sua mente. Neste espaço da mente não há problemas não há sofrimento. Então, alguma coisa prende sua atenção - uma imagem, um som, um cheiro. Sua mente se subdivide em interno e externo, “eu” e “outro” sujeito e objeto. Com a simples percepção do objeto, não há ainda nenhum problema, Porém, quando você se foca nela, nota que é grande ou pequeno, branco ou preto, quadrado ou redondo. Então você faz um julgamento – por exemplo, se o objeto é bonito ou feio. Tendo feito esse julgamento, você reage a ele: decide que gosta ou não do objeto.
 
É aí que o problema começa, pois “Eu gosto disto” conduz a “Eu quero isto”. Igualmente, “Eu não gosto disto” conduz a “Eu não quero isto”. Se gostamos de alguma coisa, se a queremos e não podemos tê-la, nós sofremos. Se a queremos, a obtemos e depois a perdemos, nós sofremos. Se não a queremos, mas não conseguimos mantê-la afastada, novamente sofremos. Nosso sofrimento parece ocorrer por causa do objeto do nosso desejo ou aversão, mas realmente não é assim – ele ocorre porque a mente se biparte na dualidade sujeito-objeto, e fica envolvida com querer e não querer alguma coisa.
 
O que temos que mudar é a mente e a maneira como ela vivencia a realidade.
 
Quando começamos pela primeira vez nosso trabalho com as emoções, aplicamos o princípio de que o ferro corta o ferro, o diamante corta o diamante. Usamos o pensamento para transformar o pensamento. Um pensamento raivoso pode ter como antídoto um outro que seja compassivo, ao passo que o desejo pode ter seu antídoto na contemplação da impermanência. 

Podemos reduzir o apego contemplando a impermanência. É certo que o objeto ao qual estamos apegados, seja qual for, irá mudar ou se perder.
 
Com a redução da autoimportância, diminui também o apego que resulta dela. Quando pomos o foco da nossa atenção fora de nós mesmos, isso nos leva, ao final, a compreender a igualdade que há entre nós e todos os demais seres. Todos querem ter felicidade; ninguém quer sofrer. O apego a nossa própria felicidade amplia-se para se tornar apego à felicidade de todos.
 
Se tivermos que quer algo, então que seja nada menos do que a completa iluminação de todos os seres. Eis aí algo digno de ser desejado. Recordarmo-nos continuamente do que verdadeiramente vale a pena querer é um importante elemento da prática espiritual.
 
Cada uma das emoções negativas ou venenos mentais possui uma pureza intrínseca que não reconhecemos por estar tão acostumados à sua aparência de emoção. A verdadeira natureza dos cinco venenos – ignorância, apego, aversão, inveja e orgulho – são as cinco sabedorias.
 
Se mantivermos a consciência da impermanência, então nunca seremos completamente enganados pelos fenômenos do Samsara.
 
Prática espiritual não quer dizer apenas ficar sentado em uma almofada de meditação. Quando você está junto da experiência do desejo ou da raiva, bem onde a mente está ativa, é aí que você pratica, a cada momento, a cada passo da sua vida.


Chagdud Tulku Rinpoche
http://tudosobreobudismo.blogspot.com 

Nenhum comentário:

Postar um comentário