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sábado, 10 de março de 2018

COMPREENDENDO A MENTE

  
Parte II

"Somente quando a mente está live de ideias 
e crenças pode atuar corretamente".
(Krishnamurti) 


Por milhares de anos você tem permanecido identificado com a mente, tem despejado muita energia nela. Ela segue girando e girando, por meses e anos. Mas se você conseguir permanecer um observador silencioso, um observador na colina, então pouco a pouco a energia, o momento, é perdido e a mente chega a parar.
 
No dia em que a mente parar, você chegou.
 
A primeira visão do que é Deus e de quem é você acontece imediatamente, porque uma vez que a mente para, toda a sua energia que tinha permanecido envolvida com ela é liberada. E essa energia é tremenda, é infinita: ela começa a descer em você. É uma grande bênção, é graça.
 
Os chamados revolucionários seguem fracassando porque eles continuam tentando dar um jeito nas mesmas coisas da mente. Alguém acredita em Deus e daí aparece um revolucionário que diz, ‘Não há Deus algum e eu não acredito em Deus’. Mas ele é tão fanático com suas ideias como as pessoas que acreditam em Deus.
 
Crentes e descrentes, ambos são fanáticos. Uns se apegam ao sim e outros se apegam ao não, mas sim e não, ambos são partes da mente. Você escolhe uma parte e um outro alguém escolhe a outra parte. Um é cristão e o outro é hindu, mas ambos são mentes. Um escolheu a Bíblia e o outro escolheu os Vedas, mas ambos são partes da mente.
 
Então, quem é realmente religioso?
 
Aquele que não fez escolhas a partir da mente. Você não pode chamá-lo cristão, nem hindu, nem comunista; você não pode chamá-lo teísta nem ateu. Ele simplesmente é. Ele é indefinível. Você não consegue rotulá-lo. Ser é tão vasto que não pode ser rotulado.
 
Nenhuma palavra é adequada o suficiente para descrever o ser. Em tal vastidão, a liberdade; em tal vastidão, a felicidade.

Faça qualquer coisa na sua totalidade, e ela estará terminada, e você não carregará a sua memória psicológica. Faça qualquer coisa de maneira incompleta, e ela ficará pendurada em você, seguindo em frente… ela se torna uma ressaca. A mente quer continuar, quer fazê-la e completá-la, tem uma grande tentação de completar coisas. Complete qualquer coisa, e a mente se vai; se você continuar a fazer as coisas com totalidade, um dia subitamente não está presente.
 
A mente é o passado acumulado de todas as ações incompletas. Você queria amar uma mulher e não amou, e agora a mulher está morta; você queria ir ao seu pai e pedir perdão por tudo o que você fez, por tudo o que fez que o deixou magoado, mas agora ele está morto. Agora a ressaca ficará com você como um fantasma, agora você é impotente. O que fazer, a quem ir, como pedir perdão? Você queria ser gentil com um amigo mas não pôde porque você se fechou, e agora o amigo deixou de ser amigo e isso o magoa; você começa a se sentir culpado e se arrepende. E dessa maneira as coisas seguem em frente. 
 
Faça qualquer ação com totalidade e você se livra dela e não olha pra trás, pois não há nada para ver. Você não tem ressacas e simplesmente segue em frente. Seus olhos estão limpos do passado, sua visão não está anuviada. Nessa clareza, a pessoa vem a saber o que é a realidade.

A mente não pode ficar quieta. Ela precisa pensar, preocupar-se continuamente. A mente funciona como uma bicicleta; se você prossegue pedalando-a, ela continua. No momento que você para de pedalar, você vai cair. A mente é um veículo de duas rodas como uma bicicleta, e seu pensar é um constante pedalar. Até mesmo quando você está um pouco silencioso, imediatamente você começa a se preocupar – porque estou silencioso? Qualquer coisa servirá para criar preocupação, pensar, porque a mente só pode existir de uma maneira – correndo, sempre correndo atrás de algo ou correndo de alguma coisa, mas sempre correndo. No correr a mente existe. No instante em que você para a mente desaparece.

Agora mesmo você está identificado com a mente. Você pensa que você é ela. Dela procede o medo. Se você estiver identificado com a mente, naturalmente, se ela parar você está acabado, você não existe mais. E você não conhece nada além da mente.
 
A realidade é que você não é a mente, você é algo além da mente; daí a necessidade absoluta da mente parar para que, pela primeira vez, você venha a saber que você não é a mente, porque você ainda está lá. A mente se foi, você ainda está presente – e com grande alegria, grande glória, grande luz, grande consciência, grande ser. A mente estava fingindo e você havia caído na armadilha.

O que você precisa compreender é o processo de identificação – como ficamos identificados com algo que não somos.
 
 
Osho
https://oshoemportugues.wordpress.com

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