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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

NEM TEMPO, NEM ESPAÇO...


Nem tempo nem espaço existem 
para o homem que conhece o eterno.

O espaço e o tempo são reais para o homem que é ainda imperfeito e o espaço acha-se para ele dividido em dimensões, e o tempo em passado e futuro. Ele olha para trás e vê seu nascimento, suas aquisições, tudo quanto rejeitou. Este passado vai sempre sendo adicionado. Do passado o homem desvia os olhos para o futuro onde a morte, o desconhecido, a treva, o mistério, o esperam.

Fascinados por estas coisas ele não pode mais desapegar-se delas. O mistério do futuro encerra para ele o preenchimento de todos os seus desejos, que o passado lhe negou e, em seus sonhos, voa ele para esse horizonte brilhante onde a felicidade deve existir e onde tem ele de procurar.

Erro fatal!

Ninguém jamais penetrará o infinito mistério do futuro, impenetrável em sua evanescente ilusão — nem mago, nem profeta, nem Deus! Porém, ao contrário, há de ser o mistério que há de engolfar o homem, que o não deixará escapar, que há de despedaçar a mola principal da sua vida.

A vida não pode ser atingida por meio do passado, nem através da miragem do futuro. A vida não pode ser atingida por interferência de intermediários, nem conquistada por outrem.

Essa descoberta somente pode ser efetuada no imediato presente — pelo indivíduo, para si próprio e não para os outros — pelo indivíduo que se haja tornado o “Eu” eterno. Esse “Eu” eterno é criado pela perfeição do ser — perfeição na qual todas as coisas estão contidas, mesmo a humana imperfeição: O homem — se não tiver ainda atingido essa condição de vida no presente — vive no passado que deplora, vive no futuro pelo qual alimenta esperança, porém jamais no presente que ignora. É este o caso que se dá com todos os homens.

Equilibrado entre o passado e o futuro, está o “Eu” como tigre preste a dar o bote, como águia pronta a voar, qual o arco no momento de deferir a seta.

Este momento de equilíbrio, de alta tensão, é “criação”. É ele a plenitude de toda a vida, é imortalidade.

O vento do deserto, apaga todo o vestígio do viajor.

A impressão única é a pegada do presente. O passado... o futuro... areias levadas pelo vento.


 
Krishnamurti
pensarcompulsivo



"Quando nada mais nos interessa realmente, quando as coisas do mundo não exercem mais aquele poder de atração sobre os nossos sentidos... bem, podemos até sentir o afago de um caloroso abraço, uma vibração profunda ao roçar nossos lábios em outros lábios... mas sabemos que por trás de todos esses sentimentos existem bilhões de células que trabalham em unidade para que isso aconteça... quando passei a ter essa visão do avesso, outra compreensão surgiu e passei a perceber o 'mundo' que há em cada indivíduo. Então, para mim, a partir desse momento, mudou tudo!" Alguém muito amado, que tive a oportunidade de encontrar pelos caminhos da vida, relatou-me essa experiência. Suponho que cada um de nós chega a um determinado ponto de ruptura com o mundo sensual. "Este momento de equilíbrio, de alta tensão, é criação. É ele a plenitude de toda a vida, é imortalidade".

 

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