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domingo, 7 de janeiro de 2018

A VERDADEIRA MEMÓRIA 
É INTELIGÊNCIA



Pergunta: Sinto-me inclinado à suposição de que pôr de lado o passado e esquece-lo completamente, são coisas não exatamente as mesmas. Poderíeis dar-nos o vosso ponto de vista sobre a memória?


Krishnamurti: Esta pergunta é realmente interessante para efetuar uma modificação. “Sinto-me inclinado a supor que expelir o passado e esquecê-lo completamente são coisas não exatamente idênticas. Poderíeis fornecer-nos vosso ponto de vista sobre a memória?” Para mim, a memória não deveria ser a da experiência em si, porém antes a memória daquilo que é o resultado da experiência. Precisais esquecer a experiência e recordar a lição. Isto é que é a verdadeira memória. Esta é eterna, por ser a coisa única de valor na experiência. Esta verdadeira memória é inteligência. Como disse a noite passada, inteligência é a capacidade de escolher, com discernimento, com cultura, aquilo que é essencial daquilo que é falso. Esta inteligência adquire-se por meio da experiência, por meio das lições que permanecem após a experiência. A mais elevada forma desta inteligência é a intuição, por ser o resíduo de todas as experiências acumuladas. Esta é a verdadeira função da memória.

“Qual a espécie correta de recordação e a correta espécie de esquecimento?” A espécie correta de lembrança, do meu ponto de vista, é recordar e apegar-se a esse resíduo de toda a experiência, de modo a não mais condescenderdes na mesma espécie de experiências. O condescender com as experiências que houverdes já realizado, cria barreiras. Para um homem sábio, uma experiência de certa espécie determinada é suficiente. Assim a correta espécie de lembrança e de esquecimento é o haver aprendido das experiências e o apagar todas as experiências que não tem valor.

A pergunta a seguir “qual a espécie correta de gratidão?” Para mim não existe tal assunto de gratidão, porque, se realmente amardes a todos, do mesmo modo de todos aprendereis. Não vos apegareis a uma pessoa. Sereis gratos, em vosso amor, a todos. Aprendeis de vossos servos, se fordes observador, do operário, do homem que cava a terra, e do maior de vossos heróis. Deles todos aprendereis à medida que a todos eles amardes e não haverá gratidão para pessoa em particular. Sereis leal a um ser, especificamente se a todos o fordes — pelo fato de a todos amardes. Digo-vos que é muito mais belo, muito mais tranquilo, sereno, o amar a todos do mesmo modo; na realidade, ter a toda gente no coração, não ser indiferente a ninguém, se possuírdes um tal amor, aprendereis, não de uma coisa, porém de todas, móveis ou imóveis que elas sejam, de tudo quanto for transitório ou eterno. Se amardes somente a uma pessoa, começareis a cultuá-la, a olhar para essa pessoa em sentido ascendente e começais a sufocar a vós próprios, não estareis aprendendo da vida, não vos regozijareis com a vida, nem com a vida estareis em amor. A questão da gratidão é uma questão de amor e para a pessoa que ama a um e não a outro, há tristeza. Isto não é mera chatice, porém uma realidade. Assim, o amor é uma flor que proporciona seu perfume a todo transeunte, que ele seja de uma cor quer de outra, deste ou daquele tipo. A flor dá seu perfume a todos, e, se fordes sábios, aspirareis esse perfume e nele vos regozijareis. Do amor que é mesquinho, que embaraça, que é corruptível, chegareis a esse amor que não embaraça, que é incorruptível.

“De que modo se relaciona a memória com a arte de discernir entre o essencial e o não-essencial e deverá ela porventura ser educada de maneira a funcionar corretamente?” Naturalmente. É isto que tenho estado a dizer. À verdadeira autodisciplina é a educação do “Eu”. “Porque modo se relaciona a memória com a arte de discernir entre o essencial e o não-essencial?” Não se trata de um modo, é o todo que importa. Se não tiverdes a memória reta, se sempre estiverdes hesitando, se estiverdes inseguro, então vosso discernimento não terá valor; porém, se a memória for o resíduo de toda a experiência, quando vos defrontardes com inúmeras coisas essenciais e entre elas uma essencial, devereis ser capazes de escolher essa única coisa essencial pelo fato de vossa memória se achar adestrada. Examinai toda a experiência que se vos defronte, como o vento que encrespa o face lisa das águas e verificai se essa experiência é essencial. Se o não for, deixai-a de parte porque se não for essencial é porque já a haveis realizado. Uma criança que certa vez queimou os dedos jamais se aproximará novamente do fogo. Ela realizou sua experiência e a lição permanece. Assim, pois, se uma vez houverdes tido certa experiência ela deve proporcionar-vos a plenitude de todas as suas consequências.

“E deverá ela ser educada de modo a funcionar retamente?” Pois não a estais adestrando a todo o momento do dia quando ansiosamente estais vigilantes, quando vos autodisciplinais a vós próprios constantemente à luz do vosso entendimento eterno? Não precisais passar por nenhum adestramento especial; a vida vos treinará se fordes acurados, observadores. É o indolente que necessita de assistência, aqueles que são preguiçosos, que estão cansados de examinar tudo quanto lhes vem. O meio único de tornar o eu absolutamente puro e incorruptível é a autodisciplina imposta a vós próprios, não em vista de repressão, porém em vista do amor dessa liberdade que é verdade.



Krishnamurti
http://pensarcompulsivo.blogspot.com.br



Inteligência Espiritual 

• a capacidade de ser flexível; 

• grau elevado de autoconhecimento; 

• capacidade de enfrentar a dor; 

• capacidade de aprender com o sofrimento;

• capacidade de se inspirar a partir de conceitos e  valores;

• relutância em causar mal aos outros;

• capacidade para ver conexões entre realidades distintas;

• tendência para se questionar sobre suas ações e seus desejos;

• capacidade de ir de encontro as convenções sociais e culturais. 

"Tudo me é permitido", mas nem tudo convém”.

Fonte:https://pt.slideshare.net 

 

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