TUDO É RELATIVO
Existem caminhos diretos e existem caminhos em forma
de labirinto onde a pessoa parece distanciar-se por muito tempo antes de
aproximar-se (do Divino). E existem seres que escolheram os caminhos de
labirinto e que pretendem permanecer ali pelo tempo que puderem. De modo que,
aparentemente, são seres que lutam contra o Divino.
Embora aqueles que são de um tipo superior saibam
claramente que esta é uma luta absolutamente vã e inútil, ainda assim têm
prazer nela. Mesmo que isso leve a sua destruição, eles decidiram empreendê-la.
Existem seres humanos que também se entregam ao vício – um tipo de vício ou
outro, como beber ou injetar drogas – e que sabem muito bem que isto os está
levando à destruição e à morte. Mas eles assim escolheram, conscientemente.
Um devoto diz: Eles não têm controle sobre si
mesmos.
A Mãe: Existe sempre um momento quando a pessoa tem
autocontrole. Não há um ser humano que não tenha energia e capacidade para
resistir a algo imposto a ele. As pessoas dizem: “Não posso agir diferente” – é
porque no fundo de seus corações elas não querem agir diferente; elas aceitaram
ser escravas de seu vício. Existe um momento quando a pessoa aceita.
Mas tudo depende da maneira de olhar as coisas. De
um certo ponto de vista nada existe totalmente inútil no mundo. O que acontece
é que, coisas que eram toleráveis e admissíveis num certo tempo, não mais são
em outro tempo. E quando elas não são mais admissíveis, a pessoa começa a dizer
que são más, porque então uma força de vontade desperta nela.
Tudo que existe tem sua necessidade e importância
num dado momento. E à medida que a pessoa avança, essas coisas são rejeitadas
ou substituídas por outras que pertencem ao futuro em vez do passado. Então,
das coisas que não mais têm motivo de existir, a pessoa diz, “Essas coisas são
más”, porque a pessoa tenta achar dentro de si uma alavanca para empurrá-las
para fora, para quebrar aquele hábito.
Existem modos de ser, modos de sentir, modos de
agir, que você tolera por um longo tempo, e que não lhe trazem problemas, não
parecem a você que são inúteis ou maus para se livrar deles. E então, de
repente certo dia, você não sabe por que ou o que aconteceu, mas sua visão
muda, você olha as coisas e diz, “Mas o que é isto? Isto está em mim! Estou
carregando isto em mim? Mas isto é intolerável, não o quero mais.” E de repente
aquilo parece mau a você porque é hora de rejeitar aquelas coisas, pois elas não
se harmonizam com a atitude que você tomou ou com o progresso que você fez em
sua marcha para diante.
Mas talvez as mesmas coisas que parecem más para
você seriam excelentes para outras pessoas que estão num nível inferior de
evolução. Existe sempre alguém mais embrutecido, mais inconsciente, mais
ignorante ou pior que você. Então, o estado que é intolerável para você, que
você não pode mais manter, que deve desaparecer, talvez seria muito luminoso
para aqueles que estão em degraus inferiores.
Mas que direito você tem de dizer, “Isto é mau”?
Tudo que pode dizer é, “Não quero mais isto. Não está de acordo com minha
maneira atual de ser”. Mas não se pode julgar. É impossível dizer, “Isto é
mau”. No máximo se pode dizer, “Isto é mau para mim e deve ir embora.” E assim
a pessoa se liberta daquilo.
E isso faz o progresso se tornar muito mais fácil,
pensar e sentir assim ao invés de se sentar em desespero e ficar se lamentando
sobre as coisas, sobre seus problemas e defeitos que tem. Você diz, “Não, não,
essas coisas não tem mais lugar aqui, elas devem ir para outro lugar onde são
bem-vindas. Quanto a mim, estou seguindo adiante,vou subir um degrau, seguirei
em direção a uma luz mais pura e melhor; assim todas essas coisas que gostam da
escuridão devem partir.”
Cada vez que a pessoa vê em si mesma algo que parece
sórdido, bem, isso prova que ela progrediu. Então ao invés de lamentar e se
desesperar, a pessoa deve ficar feliz e dizer, “Ah! Isso é bom. Estou
progredindo.”
A Mãe (Mira Alfassa)
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