MUITOS BUSCAM POR CONSOLO
E NÃO PELA VERDADE
Quando se sentem incompletos,
sentem-se vazios, e desse sentimento de vazio surge o sofrimento; devido
a essa incompletude vocês criam padrões, ideias, para sustentá-los no
vosso vazio, e estabelecem esses padrões e ideais como sendo a vossa
autoridade externa. Qual é a causa interior da autoridade externa que
criam para si mesmos? Primeiro, sentem-se incompletos e sofrem por causa
dessa incompletude.
Enquanto não compreenderem a causa da autoridade,
não passarão de uma máquina imitativa, e onde existe imitação não pode
existir a preciosa realização da vida. Para compreender a causa da
autoridade deverão acompanhar o processo mental e emocional que a cria.
Em primeiro lugar sentem-se vazios e para se livrarem desse sentimento
fazem um esforço; ao fazer esse esforço estão somente a criar opostos;
criam uma dualidade que apenas aumenta a incompletude e o vazio. Vocês
são responsáveis por autoridades externas tais como religião, política,
moralidade, por autoridades tais como padrões econômicos e sociais.
Devido ao vosso vazio, à vossa incompletude, criaram estes padrões
externos dos quais tentam agora libertar-se.
Evolucionando,
desenvolvendo, crescendo longe deles, querem criar uma lei interna para
vocês próprios. À medida que vão compreendendo os padrões externos,
querem libertar-se deles e desenvolver o vosso próprio padrão interno.
Este padrão interno, a que vocês chamam de “realidade espiritual”, vocês
identificam-no como uma lei cósmica, o que significa que não criaram
senão outra divisão, outra dualidade.
Portanto, primeiro criam uma lei externa, e depois procuram libertar-se
dela desenvolvendo uma lei interna que identificam com o universo, com o
todo. É isso o que está a acontecer. Continuam conscientes do vosso
egotismo que agora identificam como uma grande ilusão, chamando-lhe
cósmica. Portanto, quando dizem, “Eu obedeço à minha lei interna”, não
estão senão a utilizar uma expressão para encobrir o vosso desejo de se
libertarem. Para mim, o homem que esteja ligado seja a uma lei externa
seja a uma interna está enclausurado numa prisão; está dominado por uma
ilusão. Por isso, um homem assim não pode compreender a ação espontânea,
natural e saudável.
Ora bem, porque é que criam leis internas para vocês próprios? Não será
porque a luta da vida diária é tão grande, tão inarmônica, que querem
libertar-se dela e a criação de uma lei interna torna-se o vosso
conforto? E tornam-se escravos dessa autoridade interna, desse padrão
interno, porque rejeitaram somente a imagem exterior, e criaram no seu
lugar uma imagem interior à qual se escravizaram.
Por este método não alcançarão o verdadeiro discernimento, e o
discernimento é completamente diferente de escolha. A escolha tem que
existir onde houver dualidade. Quando a mente está incompleta e está
consciente dessa incompletude tenta libertar-se dessa incompletude, e, em
consequência, cria o oposto a essa incompletude. Esse oposto pode ser um
padrão tanto externo como interno, e uma vez estabelecido esse padrão,
julga cada ação, cada experiência por esse padrão, e vive assim num
estado contínuo de escolha. A escolha nasce somente da resistência. Se
não houver julgamento, não há esforço.
Portanto, para mim, toda esta ideia de fazer um esforço em direção à
verdade, em direção à realidade, esta ideia de efetuar um esforço
continuado, é absolutamente falsa. Enquanto estiverem incompletos
experimentarão sofrimento, e por isso estarão comprometidos com a
escolha, o esforço, a luta incessante por aquilo a que chamam de
“conhecimento espiritual”.
Por isso eu digo que quando a mente fica aprisionada na autoridade não pode ter compreensão verdadeira, pensamento verdadeiro. E uma vez que as mentes da maioria das pessoas estão aprisionadas na autoridade – que não é mais que uma evasão à compreensão – não poderão experimentar completamente a experiência da vida. Por esse motivo vivem uma vida dupla, uma vida de fingimento, de hipocrisia, uma vida na qual não existe nenhum momento de plenitude.
Krishnamurti
Veja o que Chico Xavier nos disse: "Que eu mantenha meu equilíbrio, mesmo sabendo que muitas coisas que vejo no mundo escurecem meus olhos. Sou adepto da verdade, mas acho que a verdade não deve ser lançada na cara de ninguém. Jesus silenciou diante de Pilatos. Naquelas circunstâncias adiantava dizer alguma coisa? Não nos prevaleçamos da verdade para humilhar alguém. A verdade que esmaga sempre está destituída de amor, que é totalmente contrária à Lei de Cristo". Não permitimos ainda que a Vontade de Deus se manifeste em nós como um todo, não entregamos nossos pensamentos, sentimentos e atitudes à causa Maior, por isso estamos sempre a buscar, uma busca sem rumo. Porém, quando começamos a ser imparciais em nossos julgamentos nossas atitudes também acompanham a luz interior, que começa a brilhar. Entretanto, é difícil uma entrega completa, não? Sempre deixamos algo reservado para nosso próprio deleite, e estes são os carrapatos que impedem a verdadeira evolução, ficam coçando e sugando a nossa energia e nem sequer percebemos! KyraKally
Nenhum comentário:
Postar um comentário