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sexta-feira, 13 de maio de 2016

ADULTÉRIO

A questão não é cometer algo, e sim pensar. Essa é a diferença entre crime e pecado. Crime é algo que você cometeu; pecado é crime no qual você está pensando. O crime é aquele pecado que tomou forma no mundo das coisas: você o realizou, expôs o pecado ao mundo. Pecado é aquele crime que você acalenta em seu íntimo.
 
Jesus disse: “Se você pensa em termos de luxúria, já cometeu adultério”. A lei de Moisés diz: “Não cometerás adultério” – é um dos mandamentos. Mas isso não o impede de agir; nada diz sobre pensar. O mandamento apenas explica como se relacionar com as pessoas; nada fala sobre o que se passa em sonhos.
 
Jesus diz: “Isso não vai transformar você. Você pode ser absolutamente moralista por dentro, e no fundo pode conter todas as cobras, e todos os escorpiões, e todos os venenos do mundo inteiro. O verdadeiro problema está aí”.
 
O que ele quer dizer com isso? Será que quer dizer: “Não olhe para uma mulher bonita”? Isso não é possível. Não pode ser isso, pois Ele sugere: “Olhai os lírios do campo”, como pode dizer “Não olhe para uma mulher bonita”? Se os lírios são bonitos, então por que não olhar para uma mulher bonita ou um homem bonito? Se os lírios representam Deus e sua beleza, então o homem representa Deus em um patamar mais alto, e a mulher representa o fenômeno mais belo do mundo. Jesus não pode negar isso. Então, o que Ele quer dizer? Tente entender.
 
Você vê uma mulher bonita. Se você gosta da beleza, da forma, do modo como ela anda, da graciosidade em torno dela, está simplesmente tomado de deslumbramento, emocionado com a beleza de Deus nela, e não há luxúria. A luxúria entra somente quando você vê uma mulher bonita e imediatamente começa a pensar: “Como vou possuí-la”? O pensamento é o culpado; o desejo é o culpado. Quando os pesamentos “Como vou possuí-la?”, “Como vou tirá-la dos outros?” entram na mente, então você se torna feio. A violência toma conta.
 
Você sabe de onde vem esta palavra: violência? Vem da mesma raiz que “violação”. Você viola uma lei sutil de Deus no momento em que pensa em possuir. É uma profanação. A beleza era imensa, mas você a profanou: começou a pensar em modos de usá-la. É como se você visse uma flor e pensasse: “Como vou tomá-la para vendê-la no mercado?” Isso é uma violação, uma profanação – daí a palavra violência.
 
Quando a luxúria desperta – o desejo de possuir e explorar –, a beleza se perde. Você já fez a mulher ficar feia em seu coração. Era algo tão puro, tão belo; era um esplendor aos olhos. Agora, você destruiu tudo; em vez de desfrutar a beleza, de se emocionar com ela, em vez de se regozijar com ela, você se preocupa. O que fazer? Pois a mulher pertence a outro, é casada com outro. Então você fica perturbado. Em vez de ser alimentado, nutrido pela beleza dela, agora você se perturba. E começa a pensar: “Como vou tomá-la? O que fazer?” Não entende mais nada. Uma porta estava se abrindo através da beleza dela, e você a perdeu, se corrompeu. O adultério é isso.
 
Jesus não está dizendo: “Fique insensível à beleza”. Ele não pode dizer isso – dou minha palavra, ele não pode dizer isso –, apesar do que os cristãos têm ensinado ao povo. Ele é um homem de imensa sensibilidade, de grande amor. Como poderia ser insensível à beleza? Simplesmente está dizendo: “Não a deseje para si. Aprecie-a”. E não há necessidade de apreciar uma coisa só quando você a possui. Na verdade, como pode apreciar, desfrutar uma coisa, quando você a toma? No próprio ato de tomar, a beleza é destruída. Você a envenena, a corrompe. Adultério é isso.
 
 
Do livro “A Flauta nos Lábios de Deus – O Significado Oculto dos Evangelhos” – Osho
 

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