LIBERTE-SE
DE SEUS COMPROMISSOS
Há milênios a estrutura da sociedade é sempre dirigida por um pequeno
grupo de poderosos, independente do tipo de governo que tal sociedade
aceitou. E este grupo governante dita ao povo o que é bom para ele, ou
seja, o povo deve aceitar o que beneficia os poderosos.
Em nossa época
podemos considerar a globalização financeira como o poder. Este grupo
rege o quadro que marca a nossa sociedade. Atualmente podemos votar para
escolher nosso governo, mas a rigor a escolha não é muito grande, pois
temos apenas a escolha entre muito poucas ideologias que, em princípio,
são muito semelhantes e que, juntas, no fundo, de alguma maneira estão
no fluxo do grupo governante.
Além disso, por fim, quem governa é um
partido que é bem visto no máximo pela metade dos eleitores. Isto
significa que pelo menos a outra metade dos cidadãos de uma democracia
ficou para trás apesar da liberdade dominante na formação de seu
governo. E lá onde realmente se estabelece o poder duradouro, nas
grandes indústrias, nos bancos e seguradoras com suas
multiparticipações, que impõem todo o sistema financeiro apesar de
todas as leis anticartéis – estes não são eleitos por ninguém. Eles
simplesmente existem, eles decidem, independente da legislatura, do
destino e da prosperidade da nação.
Partindo de lá é formada a opinião
pública; devemos procurar lá a origem e o motivo da natureza do quadro
da sociedade. Cada indivíduo, você ou eu mesmo, orienta-se nesta ordem
desde a infância. Nós estamos de tal forma presos a decisões, ordens e
leis que não temos mais consciência de como nos conduzem por toda parte.
Nunca vivemos uma vida sem regras. No início os pais cuidavam para que o
filho se tornasse um membro adaptado à sociedade sob o ponto de vista
deles, depois vinha a escola, a formação profissional ou o estudo na
faculdade. Aqui o jovem também foi forçado a uma formação voltada à
adaptação ao atual princípio dominante. Após iniciar-se na vida
profissional, seja autônoma ou empregatícia, o então adulto constatava
com toda clareza como a sua prosperidade dependia da hierarquia da
sociedade.
Ao invés de evadir-se desesperadamente desta limitação e da
constante pressão, a humanidade encontrou um outro caminho de fuga:
reprimir os conteúdos e as experiências conscientemente insuportáveis
para o inconsciente. Eu não estou exagerando quando afirmo – e sei que a
maioria dos sociólogos e psicólogos são da mesma opinião – que a nossa
consciência acessível à nossa lembrança é filtrada de tal forma de
maneira que nela não fique registrada nenhuma experiência que não esteja
em conformidade com as regras de jogo válidas da sociedade.
Tão
amplamente age o mecanismo de repressão, o órgão de controle de
nosso mecanismo de autoconservação! Por isto hoje, nas condições de
nosso espírito, somos incapazes de perceber a verdade como ela realmente
é. O que consideramos a verdade são apenas frações da realidade.
Imagens do nosso pensamento, ainda por cima distorcidos pela ótica do
nosso preconceito. Todos os nossos sentidos são controlados dia a dia;
suas percepções são filtradas e peneiradas, nada de novo, desconhecido,
pode chegar à consciência.
Este mecanismo cuida muito bem para que
nenhum novo conhecimento, por meio de alguma observação, penetre em nós.
Tudo é cuidadosamente desviado para o inconsciente onde a sua
existência inconveniente fica juntamente com outras experiências
traumáticas da época da pré-infância. Nunca somos capazes de ver mais e
além daquilo que aprendemos. Só isto podemos aceitar em nossa
parcialidade, e é assim que nos orientamos e organizamos com base nisso,
a nossa vida. Assim nosso espírito e as nossas lembranças estão em boas
condições. E a isto o nosso pensamento se remete constantemente. Desta
maneira absorvemos uma imagem muito censurada da realidade.
Um outro caminho de fuga da realidade é a afiliação a organizações e a
comunidades religiosas incluindo os diversos grupos com filosofia de
vida própria (e dos empresários espertos que vivem na onda da Nova Era).
Já a consciência de estar integrado na sociedade e de possuir um Id na
mesma, nos proporciona uma sensação de segurança. As verdades
impopulares estão todas bem guardadas no inconsciente. Para isto a
afiliação a uma comunidade, seja ela ativa ou passiva, oferece uma boa
garantia complementar para manter-se a posição alcançada.
Fecha-se os
olhos para o horror ao nosso redor, para o quadro mundial escasso, para a
loucura que acontece no próprio país, a Alemanha (no qual, por exemplo,
não se proíbem alimentos contaminados, porém de tempo em tempo se
aumenta o limite máximo de aplicação de produtos tóxicos!). A proteção,
aparente, que estas organizações e instituições oferecem, é paga por nós
através do reconhecimento de sua autoridade e possivelmente por
organizarmos nossas vidas aparentes conforme suas normas, e
interiormente por suas teses.
Da falta de liberdade elementar que cada
pessoa vive, em consequência à sua adaptação à sociedade, nasce uma
outra, pois nós, seres humanos, simplesmente não conseguimos entender
que existem coisas que não têm preço. Já que nos deixamos condicionar
acreditamos ter adquirido mais segurança na sociedade. Nós fazemos
aquilo e acreditamos naquilo que os outros também acreditam e fazem, e
achamos isto correto. E se um dia o destino atuar e entrarmos em
verdadeiros apuros vamos constatar que em lugar nenhum existe a
verdadeira segurança, mesmo estando desesperadamente em busca dela.
Para
tornar-se livre, para uma vida no momento presente, é necessário romper
com todos os compromissos deste tipo. Não podemos aceitar nenhuma
autoridade, ninguém que nos diga como devemos ser ou nos tornar. Para
conseguirmos nos libertar de autoridades externas, é necessário nossa
disposição. Apenas esta. Não é necessário uma briga intelectual com uma
ideia nova, com a decisão de livrar-se, à força, de coisas que nos
prendem atualmente. Para muitas coisas, nem é necessário um passo
espetacular para um rompimento externo – isto, geralmente, não é
necessário. Importante é a nossa posição interior em relação à
autoridade.
Temos de entender que a vida pode ser diferente daquilo que
pensávamos até agora. O passo para a liberdade interior, inicia-se com o
reconhecimento de nossos compromissos, e é necessário observá-los até
poder identificar seus perigos. Este processo já é suficiente. Com a
nossa atenção, que não deve ser perturbada por pensamentos, estes
compromissos perdem a sua influência sobre nós. Nós nos tornamos livres e
desprendidos. Em hipótese nenhuma você deve analisar seus compromissos
baseado nas suas análises intelectuais. Se fizer isto, não faz mal, mas
também não terá vantagens.
O que pode acontecer é você confundir esta
análise com a observação e se admirar porque estes compromissos que
desfizemos tão conscienciosamente ainda existem e limitam. Aliás, eu
quero dizer que você alcançará mais facilmente a nova maneira de viver,
de realmente estar presente aqui e agora, se esquecer qualquer tipo de
conhecimento. Tudo aquilo que você aprendeu até o momento atual não
serve para a prática de vida do Tao. O conhecimento pode ajudá-lo na
profissão ou quando você quer pregar um prego na parede. Mas para o seu
desenvolvimento espiritual ele só estará atrapalhando.
Você deve
realmente olhar para a sua vida com olhos inocentes, com os olhos
ingênuos de uma criança. Então perceberá que as coisas mudam, que os
seus dias transcorrerão de maneira diferente. Você estará incorporado a
um processo que por si fará com grande inteligência aquilo que é o
correto para você. Você de maneira alguma perde a sua própria vontade,
mas a sua ação será mais sábia pois você tomará as decisões corretas
diante dos desafios do cotidiano e em situações excepcionais.
Então fique sabendo: é necessário descobrir todas as sombras de seus
compromissos, observá-las, dar atenção a elas, até que você tenha
compreendido profundamente a extensão de seu aprisionamento. Só prestar
atenção, já traz mudanças. Como em todo processo, é condição que você
faça as suas observações exclusivamente no presente.
Não é importante
como você era ontem ou quais compromissos o incomodavam antes, o
importante e essencial é o seu estado atual. Este estado você deve
percebê-lo. E esta percepção no presente já é o passo para a mudança,
para a qual, você não precisa mais se esforçar. Sua verdadeira vontade,
sua disposição, seu desejo veemente de se tornar livre já são
suficientes.
Theo Fisher
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