TODA NATUREZA É CONSCIENTE
Nada Está Destituído de Vida ou Inteligência
A
psicologia “moderna” mantém uma triste ilusão antropocêntrica: a ilusão
segundo a qual o ser humano é o dono exclusivo da consciência.
Assim como outras áreas de
conhecimento científico, a psicologia convencional parte da premissa de
que o universo é inconsciente. Ela pensa que o mundo vegetal também é
inconsciente. Ela vai além e considera que o mundo animal é
inconsciente, e que o próprio ser humano é, amplamente, governado por
algo que ela insiste em chamar de “inconsciente”.
O que vemos nesta situação é
uma forma estreita de consciência imaginando que só ela própria é
consciência, e que tudo o mais no universo é destituído de inteligência.
A arrogância - neste caso - é diretamente proporcional à ignorância.
Em pleno século 19, H.P. Blavatsky escreveu:
“A ordem inteira da natureza evidencia uma marcha progressiva em direção a uma vida mais elevada.
Há um planejamento na ação das forças aparentemente mais cegas. Todo o
processo de evolução, com suas adaptações intermináveis, é uma prova
disso. As leis imutáveis que eliminam as espécies fracas e frágeis,
abrindo espaço para as fortes, e que asseguram ‘a sobrevivência do mais
adaptado’, embora sejam cruéis na sua ação imediata - trabalham todas em
função daquela grande meta. O próprio fato de que ocorrem adaptações, e que os mais adaptados realmente sobrevivem
na luta pela existência, mostra que o que é chamado de ‘Natureza
inconsciente’ constitui na verdade um agregado de forças manipuladas por
seres semi-inteligentes (Elementais) guiados pelos Espíritos
Planetários Superiores (Dhyan Chohans), cujo agregado coletivo forma o verbum manifestado do LOGOS imanifestado, e constitui ao mesmo tempo a MENTE do Universo e a sua LEI imutável.” [1]
E H.P. Blavatsky acrescenta, na edição original do texto, a seguinte nota de rodapé:
“Tomada em um sentido
abstrato, a Natureza não pode ser ‘inconsciente’, porque ela é a
emanação da consciência ABSOLUTA e portanto é um aspecto desta (no plano
manifestado). Onde está o homem suficientemente audaz para pretender
negar que a vegetação e mesmo os minerais têm uma consciência própria e peculiar? Tudo o que ele pode dizer é que esta consciência está além da sua compreensão.”
Esta é mais uma evidência no
sentido de que, segundo a teosofia, não há matéria morta no universo, e a
consciência universal permeia tudo o que existe. Em seu livro “A Lei
do Triunfo”, Napoleon Hill escreveu sobre a inteligência presente em
cada célula orgânica, e ligou este fato a certos hábitos de
alimentação:
“As células de toda
vegetação, bem como as da vida animal, são dotadas de um elevado grau de
inteligência. Pelo fato de que muitas formas animais (inclusive o
homem) vivem de devorar os animais menores e mais fracos, a
‘inteligência celular’ desses animais que entram no homem e se tornam
parte dele traz consigo o medo nascido da experiência de ter sido comida
viva.” [2]
De fato, a literatura
teosófica ensina que comer carne - isto é, devorar cadáveres de animais -
é algo que embrutece o ser humano; e este embrutecimento começa pelo
nível da inteligência celular.
Napoleon Hill aborda a interação entre as emoções e os órgãos digestivos do ser humano:
“Sabe-se que os
aborrecimentos, as emoções ou os temores interferem com o processo
digestivo e, em casos extremos, detêm inteiramente este processo. É claro, pois, que o espírito cumpre um papel na química da
digestão e da distribuição dos alimentos”[3]
Napoleon Hill discute a relação entre o estado de espírito do indivíduo e a inteligência celular do seu corpo físico:
“A preguiça não é mais do que
o resultado da ação de uma mente pouco ativa sobre as células do corpo.
As células agem de acordo com o estado mental, exatamente da
mesma maneira como os habitantes de uma cidade agem de acordo com a
psicologia da massa que a domina. Se um grupo de cidadãos eminentes
procura fazer com que a cidade adquira a reputação de ‘progressista’,
esta ação influencia a todos os que vivem ali. Uma mente ativa e
dinâmica conserva as células do corpo em constante estado de
atividade.” [4]
E ainda:
“Os pensamentos dominantes na
nossa mente − ou seja, os pensamentos mais profundos e frequentes que
nos vêm − influenciam a ação do nosso corpo. Cada pensamento posto em
ação pelo cérebro atinge e influencia todas as células do corpo.” [5]
Não existem, portanto, coisas ou seres inconscientes. Existem apenas seres e objetos cuja consciência nós ainda somos incapazes de perceber.
Em algum momento, a psicologia convencional terá que adequar-se à
verdade dos fatos e ir além da pretensão darwinista do século 19,
segundo a qual a única forma existente de consciência é a consciência
verbal do hemisfério cerebral esquerdo do ser humano, aquela consciência
que rotula e classifica, e que julga o futuro com base no passado.
Na verdade, toda natureza é
consciente, embora nem todos os seres tenham a consciência
individualizada, ou percepção auto-consciente. Além disso, é importante
saber que a percepção auto-consciente - de acordo com o budismo e a
filosofia esotérica - é também uma forma de ilusão, de maya. Para que se alcance a sabedoria, ela deve ser transcendida, ao mesmo tempo que é preservada como instrumento.
O hemisfério cerebral esquerdo é útil, mas as inteligências das outras áreas cerebrais também devem ser usadas.
Carlos Cardoso Aveline
NOTAS:
[1] “The Secret
Doctrine”, Helena P. Blavatsky, “Theosophy Company”, Los Angeles, volume
I, pp. 277-278. Na edição da Ed. Pensamento, SP. Ver “A Doutrina
Secreta”, vol. I, pp. 308-309.
[2] “A Lei do Triunfo”, de Napoleon Hill, José Olympio Editora, RJ, 18ª Edição, 1997, 736 pp., ver p. 132.
[3] “A Lei do Triunfo”, obra citada, p. 58.
[4] “A Lei do Triunfo”, obra citada, p. 609.
[5] “A Lei do Triunfo”, obra citada, p. 614.
Fonte: www.FilosofiaEsoterica.com
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