INDIVIDUALIDADE E FICÇÃO
Osho
fala sobre a vida:
A vida está profundamente
inter-relacionada – é como um rio fluindo. Nós a dividimos em presente, passado
e futuro, mas esta divisão é apenas utilitária. A vida não é dividida – o fluxo
da vida é contemporâneo.
Tente entender... O rio Ganges na sua
própria fonte, o rio Ganges passando pelos Himalaias, o rio Ganges das
planícies, o rio Ganges desaguando no oceano... É um só!
É contemporâneo! Na sua origem ou no
final, quando começa ou termina, não são duas coisas separadas; é um só fluxo.
Não é passado ou futuro, mas presente eterno. Isso terá que ser profundamente
entendido.
Osho
diz:
Você esteve comigo e está comigo. Não
é uma questão de passado. Se ficar em silêncio, se deixar a sua mente um pouco
de lado, se puder se tornar uma nuvem branca que paira sobre as montanhas – sem
nenhum pensamento, apenas sendo -, sentirá isso.
Você esteve comigo, está comigo e
estará comigo. Estar comigo não é uma questão de tempo.
Alguém perguntou a Jesus: Você fala
sobre Abraão – como sabe? Há um longo espaço de tempo entre Abraão e Jesus –
milhares de anos. E Jesus disse uma frase muito misteriosa, a mais misteriosa
que já formulou: Ele disse: Antes que Abraão fosse, eu sou.
Perceba... O tempo dissolveu-se. A
vida é eterno presente. Sempre estivemos aqui e agora – sempre, sempre. É claro
que com formas diferentes, aspectos diferentes, em situações diferentes – mas
sempre e sempre estivemos aqui.
Os indivíduos são fictícios. A vida
não está dividida. Não somos ilha, somos um. A unidade tem que ser sentida. E
quando você a sente o tempo desaparece e o espaço não tem mais sentido. De
repente, você é transportado tanto do tempo quanto do espaço, e então é –
simplesmente é.
Neste
exato momento você pode ter um
vislumbre. Se não estiver pensando, então, quem é você? Onde está o
tempo? Existe algum passado? Haverá algum futuro? Este momento
transforma-se na
eternidade. Todo o processo de tempo é só um longo e extenso agora. Todo
o
espaço é só um aqui estendido.
Talvez você não consiga ver isso
agora. Os elos não estão tão claros para você porque o seu inconsciente não
está claro, porque você não se conhece na totalidade. Só um décimo do seu ser é
conhecido e nove décimos estão na escuridão.
Você é como uma floresta com uma
pequena clareira. As árvores foram cortadas e o pequeno espaço no qual vive foi
criado. Mas imediatamente após a clareira está a floresta. Você desconhece os
limites dela. E teme tanto a sua escuridão e seus animais selvagens que jamais
se afasta da clareira.
Mas sua clareira é apenas uma parte da
floresta escura – você só conhece uma parte do seu ser.
E
Osho diz:
Eu vejo a totalidade de sua escuridão,
toda a sua floresta. E quando vejo um único indivíduo na sua totalidade, todos
os demais estão envolvidos, porque a floresta não está dividida. Na escuridão,
as fronteiras encontram-se, dissolvem-se e a floresta torna-se uma.
Você está aqui. E se presto atenção a
um único indivíduo estou focando a mim mesmo. Mas mesmo assim, mesmo focando,
estou sempre sentindo que as fronteiras estão se fundindo com as outras.
Então, para certas coisas posso
considera-lo como um indivíduo, mas na realidade não é assim. Quando não estou
focando, apenas olhando para você sem vê-lo – apenas olhando – você não existe
mais.
Suas fronteiras diluem-se com as de
todos os outros. E não só com as dos outros seres humanos, mas com as plantas,
das pedras... Do céu... De tudo. Fronteiras são ficções e, por isso, indivíduos
são fictícios.
Amedrontamo-nos com a eternidade... é muito grande... sem princípio, sem fim... Nela a individualidade não tem suporte, por isso não a compreendemos, não nos sentimos parte, não nos diluímos nessa imensidão... Vemo-nos como indivíduos caminhando separados, trabalhando separados, amando separados, apesar de estarmos juntos, sentimo-nos dispersos... Existem fronteiras, linhas divisórias por onde vamos: nossas roupas, nossa casa, nosso carro, nosso estado... e assim vai... até onde? Tudo está repartido, apesar de ser um todo; cada um possui um pedaço, apesar de não possuir nada! Por esta razão vamos e voltamos tantas vezes: um corpo novo, um cérebro novo, nenhuma lembrança... Enquanto não compartilharmos a vida viveremos como entidades separadas. KyraKally
Nenhum comentário:
Postar um comentário