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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

ALÉM DE QUALQUER EXPERIÊNCIA
 Olhe pra dentro... E perceba toda a sua superficialidade.
 
O propósito é levá-lo ao ponto em que você possa perceber toda sua artificialidade. É simplesmente deixá-lo consciente dos padrões artificiais que você desenvolveu em seu ser; perceber a artificialidade de sua vida, isso é tudo.
 
Ao perceber isso, a artificialidade começa a dissipar. E ao perceber algo artificial você também sentiu o que é natural.
 
O propósito, então, é simplesmente torná-lo consciente do ponto em que você está, do que você fez a si mesmo – que mal fez continuamente, e ainda está fazendo, que feridas está criando em seu ser.
 
E também perceber que em cada uma das feridas está a sua assinatura – perceber que cada ferida é assinada unicamente por você - que ninguém mais fez isso, que todas as correntes que você tem à sua volta – todos os sofrimentos, toda ansiedade, toda tristeza e todas as mágoas - são criadas por você, que a prisão na qual você vive é o seu próprio trabalho; ninguém está fazendo isso para você.
 
Ao perceber isso, que “Estou criando minha própria prisão”, por quanto tempo você pode continuar a criá-la? Se você quer viver na prisão é um outro caso – mas ninguém, jamais, deseja viver aprisionado.
 
As pessoas vivem nessas prisões porque pensam: “Os outros estão criando as prisões - os outros estão criando o meu sofrimento - o que podemos fazer?” Elas sempre ficam atirando a responsabilidade sobre outra pessoa.
 
Marx, por exemplo, diz que a culpa é da sociedade, da estrutura econômica – a exploração, os exploradores, os imperialistas, os capitalistas – eles estão fazendo o mal, são a razão. O que acontece? Novamente você se livra da responsabilidade. O que você pode fazer? A escravidão é imposta sobre você.
 
Já Freud diz que é em virtude da educação. Você foi educado de maneira errada em sua infância – o que você pode fazer? Freud é um dos maiores pessimistas que já existiu. Ele diz que não há esperança para o ser humano, pois o padrão é estabelecido na infância – e para sempre. Então você fica repetindo o padrão, e novamente a responsabilidade é jogada fora. Assim, sua mãe é a responsável.
 
Perceba, está muito claro... Através dos tempos, as pessoas criaram novas estratégias, contudo o propósito permanece o mesmo: jogar a responsabilidade sobre alguém.
 
Vocês precisam tornar-se conscientes de que nem Deus, nem a sociedade, nem seus pais são responsáveis. Se houver alguém responsável, é você mesmo. Você é o único responsável. E esse martelar tem uma grande importância, pois, quando você entende que “Isso sou eu, eu próprio estou fazendo mal a mim mesmo”, então as portas se abrem e algo é possível.
 
A revolução só é possível através da responsabilidade individual. Porque, então, você pode se transmutar, pode abandonar esses velhos padrões. Eles não são o seu destino, mas, se você os aceitar como o seu destino, eles se tornam o seu destino.
 
E não estou dizendo que seus pais, os sacerdotes e a sociedade não fizeram algo a você – eles fizeram e fizeram muito mal! Entretanto, ainda assim, a chave suprema está em suas mãos. Você pode abandonar isso, pode abandonar todo o condicionamento.
 
Responsabilidade é a palavra mais importante em nossas vivências diárias. Ninguém deseja assumir a responsabilidade, pois ela machuca. Só de perceber que “Sou a causa de minha infelicidade” machuca muito, pois vai contra o ego, contra o orgulho.
 
Então perceba... Quem criou a sociedade? Você a criou! Ela não vem do nada.
 
O mendigo na rua não aparece de repente do nada. Nós o criamos. Se você quer ser rico, alguém tem que ser mendigo. E ao ver o mendigo você lamenta muito. A quem você está tentando enganar? E você ainda carrega a ideia de acumular mais e mais e ficar cada vez mais rico.
 
Este é um mundo competitivo.
 
Você não quer guerras, mas você é violento – em tudo – com seus pais, seus vizinhos, com a torcida adversária, dirigindo... E você condena as guerras. Que hipocrisia!
 
Esta sociedade é criada por você, e então você diz que a sociedade é responsável.
 
Ninguém é responsável, exceto você. Esta é uma das verdades mais difíceis de aceitar; porém, quando você a aceita, ela traz grande liberdade e cria grande espaço, pois, com isso, outra possibilidade imediatamente se abre: “Se sou responsável, então posso mudar. Se eu próprio estou fazendo isso, causando toda a minha infelicidade, então isso machuca, mas também traz uma nova possibilidade – posso parar de me ferir, posso parar de ser infeliz”.
 
Quando falo sobre sua superficialidade não é para torná-lo ciente de sua falta de naturalidade, mas para torná-lo ciente de toda a sua falsidade, de toda hipocrisia existente em seu ser, e ao perceber isso, você possa criar um espaço para o seu despertar, dando-se uma oportunidade para sua total transformação.
 
 
Osho 
 
 
 
 
 

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