ALÉM DE QUALQUER EXPERIÊNCIA
Olhe pra dentro... E perceba toda a sua superficialidade.
O
propósito é levá-lo ao ponto em que você possa
perceber toda sua artificialidade. É simplesmente deixá-lo consciente
dos padrões artificiais que você desenvolveu em seu ser; perceber a
artificialidade de sua vida, isso é tudo.
Ao perceber isso, a artificialidade começa a dissipar. E ao perceber algo artificial você também sentiu o que é natural.
O propósito, então, é simplesmente torná-lo consciente do ponto em
que você está, do que você fez a si mesmo – que mal fez
continuamente, e ainda está fazendo, que feridas está criando em
seu ser.
E
também perceber que em cada uma das feridas está a sua assinatura –
perceber que cada ferida é assinada unicamente por você - que ninguém
mais fez isso, que todas as correntes que você tem à sua volta – todos
os sofrimentos, toda ansiedade, toda tristeza e todas as mágoas - são
criadas por você, que a prisão na qual você vive é o seu próprio
trabalho; ninguém está fazendo isso para você.
Ao
perceber isso, que “Estou criando minha própria prisão”, por quanto
tempo você pode continuar a criá-la? Se você quer viver na prisão é um
outro caso – mas ninguém, jamais, deseja viver aprisionado.
As
pessoas vivem nessas prisões porque pensam: “Os outros estão criando
as prisões - os outros estão criando o meu sofrimento - o que podemos
fazer?” Elas sempre ficam atirando a responsabilidade sobre outra
pessoa.
Marx,
por exemplo, diz que a culpa é da sociedade, da estrutura econômica – a
exploração, os exploradores, os imperialistas, os capitalistas – eles
estão fazendo o mal, são a razão. O que acontece? Novamente você se
livra da responsabilidade. O que você pode fazer? A escravidão é imposta
sobre você.
Já
Freud diz que é em virtude da educação. Você foi educado de maneira
errada em sua infância – o que você pode fazer? Freud é um dos maiores
pessimistas que já existiu. Ele diz que não há esperança para o
ser humano, pois o padrão é estabelecido na infância – e para sempre.
Então você fica repetindo o padrão, e novamente a responsabilidade é
jogada fora. Assim, sua mãe é a responsável.
Perceba,
está muito claro... Através dos tempos, as pessoas criaram novas
estratégias, contudo o propósito permanece o mesmo: jogar a
responsabilidade sobre alguém.
Vocês precisam tornar-se conscientes de que nem Deus, nem a sociedade,
nem seus pais são responsáveis. Se houver alguém responsável, é você
mesmo. Você é o
único responsável. E esse martelar tem uma grande importância, pois,
quando você entende que “Isso sou eu, eu próprio estou fazendo mal a mim
mesmo”, então as portas se abrem e algo é possível.
A
revolução só é possível através da responsabilidade individual. Porque,
então, você pode se transmutar, pode abandonar esses velhos padrões.
Eles não são o seu destino, mas, se você os aceitar como o seu destino,
eles se tornam o seu destino.
E
não estou dizendo que seus pais, os sacerdotes e a sociedade não
fizeram algo a você – eles fizeram e fizeram muito mal! Entretanto,
ainda assim, a chave suprema está em suas mãos. Você pode abandonar
isso, pode abandonar todo o condicionamento.
Responsabilidade
é a palavra mais importante em nossas vivências diárias. Ninguém deseja assumir a
responsabilidade, pois ela machuca. Só de perceber que “Sou a causa de
minha infelicidade” machuca muito, pois vai contra o ego, contra o
orgulho.
Então perceba... Quem criou a sociedade? Você a criou! Ela não vem do nada.
O
mendigo na rua não aparece de repente do nada. Nós o criamos. Se você
quer ser rico, alguém tem que ser mendigo. E ao ver o mendigo você
lamenta muito. A quem você está tentando enganar? E você ainda carrega a ideia de acumular mais e mais e ficar cada vez mais rico.
Este é um mundo competitivo.
Você
não quer guerras, mas você é violento – em tudo – com seus pais, seus
vizinhos, com a torcida adversária, dirigindo... E você condena as
guerras. Que hipocrisia!
Esta sociedade é criada por você, e então você diz que a sociedade é responsável.
Ninguém
é responsável, exceto você. Esta é uma das verdades mais difíceis de
aceitar; porém, quando você a aceita, ela traz grande liberdade e cria
grande espaço, pois, com isso, outra possibilidade imediatamente se
abre: “Se sou responsável, então posso mudar. Se eu próprio estou
fazendo isso, causando toda a minha infelicidade, então isso machuca,
mas também traz uma nova possibilidade – posso parar de me ferir, posso
parar de ser infeliz”.
Quando falo sobre sua superficialidade não é para torná-lo ciente de sua falta de naturalidade, mas
para torná-lo ciente de toda a sua falsidade, de toda hipocrisia
existente em seu ser, e ao perceber isso, você possa criar um espaço para o seu despertar, dando-se uma
oportunidade para sua total transformação.
Osho
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