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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

AS LIGAÇÕES FAMILIARES 

NO JOGO CÁRMICO


O ser encarnante sempre é inserido no melhor ambiente que a lei do carma lhe possa dispor para a evolução. Se toma consciência disso, passa a aceitar e a compreender situações familiares conflituosas e fica apto a resolvê-las ou a fazer delas estímulo ao próprio aperfeiçoamento e ao dos demais. Mas, sem o exercício do amor-sabedoria e da compaixão, os laços tornam-se cada vez mais fortes e tensos, retendo o ser em estados de desarmonia que determinam etapas seguintes ainda mais obscuras e frustrantes.

O vínculo cármico entre pais e filhos reflete-se diretamente no seu processo evolutivo. Se o ser humano fosse mais receptivo às leis espirituais, seguiria a sábia orientação que vem delas e reconheceria que apenas uma mínima parcela da humanidade deve procriar. No entanto, não é isso o que acontece, e considerável número de seres vêm ao mundo despreparados, atraídos pelo denso magnetismo dos contatos sexuais entre pessoas que não estão prontas para educar outras e apoiar seu crescimento.

Nos tempos presentes, o processo de encarnação de uma alma apresenta algumas peculiaridades. Cada vez mais esse processo se desorganiza devido à promiscuidade sexual generalizada, ao número crescente de abortos provocados e à grande quantidade de pessoas que procriam sem querer. Nos planos internos da vida, deixou de haver o ritual dos nascimentos.

Muitas das atuais dificuldades de relacionamento familiar são fruto do mau uso do potencial criativo do ser humano. Hoje, a maior parte do seu manancial de energia é canalizada para a prática do sexo – a expressão mais densa da criatividade.

Contudo, se a pessoa desperta para atividades criativas superiores, vai entrando em equilíbrio e sua vida afetiva por fim se asserena; com maior facilidade, então, ela se integra em obras mais sutis, obras universais em benefício dos semelhantes. É que a elevação da energia criativa a torna forte para não se envolver demais no costumeiro jogo de interesses emocionais e mentais do cotidiano.

É bom ressaltar que a busca de um uso correto da energia criativa não precisa ter conotação repressiva. Em determinada altura de sua evolução, a alma deixa de vitalizar as ações da personalidade no campo dos relacionamentos, e aí essa conscientização é espontânea, natural, pois reflete um amadurecimento interior. O impulso sexual é pacificado e os impulsos espirituais são acolhidos de forma mais imediata.

Essa transformação, na verdade, nunca se limita ao âmbito individual; toca outros seres que, do mesmo modo, podem começar a aprimorar sua manifestação criativa. A propósito de relacionamento no grupo familiar, tenhamos em conta algumas condutas que facilitam o convívio sem reforçar os laços cármicos: (a) considerar que um ambiente familiar adverso pode ser propício para saldar débitos cármicos recentes ou até bem antigos; (b) ser responsável e cuidadoso com os familiares tanto quanto com as demais criaturas, evitando afetos especiais e apegos aprisionadores que os hábitos e a cultura tradicional estimulam; (c) não acirrar conflitos que advenham do fato de os membros da família terem diferentes interesses ou caminhos, o que é comum na desordem dos tempos atuais.

Como grande parte das famílias se compõe como escola de aperfeiçoamento e oportunidade de purgação, é provável que, se um de seus integrantes agir de forma inusitada e fora dos padrões da maioria, irrite os demais e provoque seu antagonismo. Nesses casos, imparcialidade e neutralidade devem ser evocadas e desenvolvidas. Assim terá mais facilidade de evitar conflitos e o legítimo espírito fraterno (e não o envolvimento emocional e mental) poderá prevalecer e exprimir-se de modo cada vez mais universal.

A família tem estimulado as facetas egoístas dos seus membros: apóia o caminho de realização pessoal e enaltece o amor-próprio; alimenta certa obrigatoriedade de convívio, muitas vezes não confessada, em especial entre pais e filhos. Tolhe, assim, em muitos casos, a liberdade tão necessária de as pessoas tomarem os rumos a que estavam destinadas.

Em termos ideais, a instituição familiar deveria desempenhar o papel de primeiro instrutor do ser que nela encarnasse, preparando-o para encontrar a própria regência interna e para reconhecer a parte que lhe cabe no progresso do mundo. Todavia, de maneira geral, ela é inapta para cumprir tal papel, e o ser encarnante encontra mais obstáculos que facilidades para perceber realidades universais no campo afetivo e no espiritual. Atualmente, quando as instituições criadas para ajudar os seres inexperientes desmoronam (como a família, as religiões, o Estado e outras), é preciso chegar à vida espiritual para empreender tal busca por si mesmo e com o mínimo de apoios.

A família, como instituição, está carregando pesado carma, difícil de resolver se os que a integram permanecem no nível dos laços de afinidade ou de rejeição. Uma parte dos atuais problemas de relacionamento em família deve-se a isso; deve-se, também, ao fato de como grupo social ter perdido o sentido para muitos.

No entanto, grandes e radicais transformações são esperadas. A situação que no presente se vê, ao que parece sem esperança, será modificada com o surgimento de uma nova forma de convívio, que refletirá a interação entre almas e não se baseará em afinidades ou rejeições puramente humanas. Também outras significativas mudanças se efetivarão na constituição mesma do ser humano num próximo ciclo do mundo.



Este artigo foi escrito por Trigueirinho www.trigueirinho.org.br, www.irdin.org.br em 6 de novembro de 2012 às 15:33, e está arquivado em Espiritualidade 

 

 

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