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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A ATRAÇÃO I

A Atração é o que permite sair da Ilusão e entrar na Verdade.
 
Isso necessita, de minha parte, inicialmente, esclarecimentos quanto às definições dessas palavras.
 
A Verdade que eu falo não é a verdade de cada um porque, de fato, cada um tem sua própria verdade, que não é a verdade do outro.
 
Eu falo, evidentemente, da Verdade absoluta, aquela da Luz e de suas qualidades.
 
As qualidades da Luz sendo a Transparência, a Humildade, a Simplicidade e a Inteligência.
 
A Inteligência não tendo nada a ver com a inteligência humana.
 
A Atração que eu quero lhes falar é bem diferente da sedução ou do ímpeto.
 
A Atração que eu quero lhes falar conduz à Intenção e à Atenção de Luz e de Verdade absoluta.
 
A Verdade absoluta está ligada às qualidades intrínsecas da Luz, do Amor e nada tem a ver com sua verdade pessoal, a verdade de cada um ou o que pode ser conhecido quanto ao Amor e à Luz, ou percebido quanto ao Amor e à Luz.
 
A Atração que eu falo é aquela do Coração, diretamente reconectada à visão do Coração, ao Fogo do Coração, vindo romper o Fogo Luciferiano, o Fogo do desejo.

Esta Atração não é uma ação.
 
Esta Atração aproxima-se do que é denominado Ahimsa, ou seja, o ‘não desejo’.
 
O não desejo não é esconder seus desejos.
 
O não desejo não é um desejo constrangido.
 
O não desejo é um ‘estado’ diretamente religado à Visão do Coração permitindo estabelecer-se na Unidade, na Profundez e permitindo superar a verdade pessoal e a ilusão pessoal.
 
A ilusão pessoal é constituída pela ilusão da personalidade, pela ilusão do Eu, pela ilusão dos ímpetos, desejos existentes em toda vida humana, desde sua presença sobre esse mundo.
 
Esse mundo é Ilusão, Maya.
 
Ele é conduzido pelo desejo existindo em meio ao eixo desviado ATRAÇÃO-VISÃO.
 
Este círculo vicioso, este confinamento, como vocês o sabem, está rompido.
 
O encanto rompeu-se para alguns que descobriram a Dimensão de Eternidade, denominada Estado de Ser, Fogo do Coração, Fogo do Espírito.
 
A Atração que eu falo é então um estado de não desejo, para não confundir com o desejo do ego, com o ímpeto do ego, com a sedução do ego.
 
O não desejo é um estado de não espera, é um estado de vacuidade onde a Luz pode agir, onde se revela então o Fogo do Espírito (pela Inteligência, pela Humildade, pela Simplicidade) que vem substituir, eu diria, todas as mãos, as ações da personalidade.

O Fogo do Coração, qualquer que seja seu lado ardente, vem pôr fim ao Samsara, à ilusão e ao Ahimsa, o desejo. Neste estado predomina o que é denominado a Alegria, o Samadhi, a Paz.
 
É um estado de plenitude, chamado também de completude, onde mais nada pode ser desejado no exterior de si.
 
A Realização do Si não tem que agir e, no entanto, ela é ação.
 
A Realização do Si não tem que desejar.
 
Ela entra na Atração inelutável da Luz para aquele que vive a Humildade, a Simplicidade e a Inteligência.
 
A Ilusão está ligada ao desejo, à falsificação da ATRAÇÃO-VISÃO tendo substituído o eixo AL-OD, tendo criado, literalmente, a personalidade aprisionada, cortada, separada da A FONTE e do estado de Plenitude.
 
A personalidade é, e será sempre, marcada, por esse princípio de confinamento, pela não satisfação dos desejos reproduzindo-se ao infinito, quaisquer que sejam esses desejos.
Eu digo sim quaisquer que sejam esses desejos.
 
Que esse desejo se exprima ao nível de inclinações denominadas inferiores (como as drogas, como o álcool, como a sexualidade de tipo animal), como os desejos os mais elevados (espirituais, entre outros, esotéricos, se vocês preferem).

Muitos mestres, dos quais SRI AUROBINDO, teriam falado: o estado de não desejo é indispensável para a realização do Ser. Esclarecer os desejos, podar os desejos, não conduzir ao não desejo, mas permitir acelerar o processo de não desejo manifestando-se em meio ao Fogo do Coração.
 
O não desejo é o estado em que predomina a Atração pura da Luz, não enquanto busca exterior, não enquanto conceito, não mais enquanto percepção, mas enquanto estado de Plenitude acompanhando-se, ao nível da Consciência, de um sentimento de vacuidade, permitindo o estabelecimento, por esta vacuidade, do estado de Sat Chit Ananda.

A Atração, quando ela rompe o círculo vicioso da Ilusão, dos desejos, vai permitir redirecionar o Eixo e ajustar a Cruz da Redenção. Isso passa, é claro, por uma Virtude essencial, mas não suficiente, denominada Aqui e Agora porque o desejo é sempre procedente de uma insatisfação ou de uma necessidade de satisfação e então, de alguma forma, de uma projeção da consciência fora do tempo presente, fora do instante.
 
Não pode ser encontrado não desejo em qualquer projeção, em um futuro ou em um passado. Visto que o passado é o impulso do desejo e o futuro é a projeção do desejo para sua realização. Ahimsa, não desejo, necessita já um esforço no Aqui e Agora. Não um esforço do Aqui e Agora na meditação, mas o Aqui e Agora presente a cada instante.
 
Este estado de Presença a si mesmo, no Aqui e Agora, é uma das condições prévias ao desaparecimento do desejo e não do seu controle, ou seja, ao aparecimento da Atração final à Luz, não sendo mais um desejo, mas realmente, como o disse minha Irmã Hildegarda, uma tensão para o Abandono.
 
Esta tensão para o Abandono reenvia à Repulsão da Ilusão.
 
Vocês não podem fazer desaparecer a ilusão da encarnação por um desejo.
 
Vocês não podem fazer desaparecer a ilusão da encarnação pela morte já que há reencarnação.
 
A única maneira de fazer desaparecer a ilusão da encarnação é justamente estar Presente nesta encarnação e não mais estar Presente nem no passado, nem no futuro.
 
É, de certa forma, parar o tempo.
 
Parar o tempo conduz ao Ahimsa, o não desejo.



A Mãe (Mira Alfassa) 

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