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sexta-feira, 9 de abril de 2021

 QUIETUDE E RECOLHIMENTO:
UMA FORÇA QUE POUCOS CONHECEM
Atualmente, muitos de nós percebem que só podem se sentir seguros a partir de um nível espiritual. Uma área da consciência que fica além do corpo físico, das emoções e da mente. É nesse nível que se encontra a alma, núcleo de consciência universal presente em todos.

A propósito da segurança que surge da nossa sintonia com um nível espiritual superior, vamos recordar uma passagem do Novo Testamento, quando Jesus hospedou-se na casa de duas irmãs chamadas Marta e Maria. Quando chegou, Maria sentou-se aos seus pés, recostou a cabeça em Jesus e aquietou-se. Marta, ao contrário, agitava-se em muitos afazeres: varria a casa, preparava a comida, movimentava-se sem cessar. Notando que Maria permanecia quieta, Marta perguntou a Jesus: “Mestre, não vês que minha irmã me deixou só, com o serviço da casa? Dize-lhe, pois, que me ajude”.

Jesus respondeu: “Marta, Marta, andas inquieta com muitas coisas, mas uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, e esta jamais lhe será tirada”.

Nesse breve episódio, vemos a importância da quietude, do silêncio e da solidão para encontrarmos a “melhor parte”. Seria ela a segurança tão buscada hoje em dia e não mais encontrada externamente? Na verdade, essa atitude contemplativa pode não só nos levar ao equilíbrio, como à nossa verdadeira ação e à nossa meta na vida, que nem sempre conhecemos. Consequentemente, a quietude possibilita-nos não só viver bem, mas ser úteis no mundo nessa época tão carente de tantas coisas e valores.

Mas como pode alguém ser útil estando quieto? Essa é uma das mais preciosas descobertas que uma pessoa pode fazer.

A quietude, o silêncio e a solidão de Maria não significam inação ou inércia. Uma pessoa nesse estado de calma pode agir de forma mais dinâmica e poderosa do que alguém que se agita. Mas, então, que significam?

Tal quietude diz respeito à ação interior, desinteressada, que não visa a reconhecimento, a gratidão ou sequer a ser notada. No episódio bíblico que narramos, Maria estava simplesmente quieta, sem necessidade de demonstrar o que fazia, ao contrário de Marta, que trabalhava e chamava a atenção para o fato de estar sendo útil. Essa quietude, esse recolhimento, é uma força que poucos conhecem.

Dizem que foram os 2.000 monges silenciosos, contemplativos, habitantes das grutas de Monte Athos, que há mil anos garantiram, com sua irradiação espiritual, que o planeta não sucumbisse numa crise profunda e geral.

E que significa uma atitude silenciosa? Silêncio é só ficar calado, sem dizer nada? É mutismo? Se fosse assim, ambas as mulheres do episódio bíblico poderiam ser consideradas silenciosas, pois não estavam conversando. Mas, na verdade, silêncio é mais do que isso. Marta observava Maria, e, embora estivesse calada, não estava silenciosa mentalmente. Maria, que permanecia sentada e não procurava controlar a irmã, essa, sim, estava silenciosa e, segundo Jesus, escolhera a melhor parte. O silêncio é um estado interno em que não há críticas, nem desejos, nem cobranças ou interferências.

E a solidão? Segundo esse episódio, é a consequência do silêncio e da ação desinteressada. Quando quietos e silenciosos, não desejamos, não criticamos, não comparamos: estamos estáveis em nós mesmos, não divididos, e nos sentimos uno com tudo o que nos cerca. Nesse estado experimentamos ser uma perfeita unidade.

José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br
 
 
Existe uma quietude
 
Espero que vocês ouçam, mas não com a memória do que já conhecem; e isto é muito difícil de fazer. Você ouve uma coisa e sua mente reage imediatamente com seu conhecimento, suas opiniões, suas conclusões, suas memórias passadas. Ela ouve querendo uma compreensão futura. Apenas observe a si mesmo, como você está ouvindo, e verá que é isto que acontece. Ou você está ouvindo com uma conclusão, com conhecimento, com certas memórias, experiências, ou você quer uma resposta, e está impaciente. Você quer saber o que é tudo isto, o que é a vida, a extraordinária complexidade da vida. Não está realmente ouvindo. Você só pode ouvir quando a mente está quieta, quando a mente não reage imediatamente, quando há um intervalo entre sua reação e o que é dito. Então nesse intervalo há uma quietude, há um silêncio onde existe compreensão, que não é compreensão intelectual. Se há uma lacuna entre o que é dito e sua reação ao que é dito, nesse intervalo, se você observar, surge a clareza. Esse intervalo é o novo cérebro.
 
J. Krishnamurti, The Book of Life
http://legacy.jkrishnamurti.org 
 
 

Um descanso sagrado

Continue questionando! É assim que você fica jovem, vibrante, vivo. Continue questionando tudo o que você acredita. Questione seus conceitos. Questione suas religiões. Questione tudo o que seus pais lhe ensinaram. Seus gurus. Seus líderes. Tudo que você aprendeu em livros e na TV. Tudo o que a mídia tentou enfiar na sua garganta. Tudo sagrado e santo e inquestionável. Questione tudo. Não tenha medo de perder todas as suas crenças, todos os seus pontos de referência anteriores, todas as suas certezas inabaláveis.(...)

 
Com bastante questionamento, você pode começar a se questionar, aquele que questiona. Tudo o que você se considera.

E então você questionará o ato de questionar a si mesmo. Até que não haja mais perguntas. Não há mais respostas. Apenas silêncio. Quietude. Um amplo espaço aberto do Agora. Cheio de potencial.

Você será deixado nu, aberto, cru, trêmulo, totalmente vulnerável ao pôr-do-sol, penetrado por todas as sensações, abalado pela maneira como a luz se move sobre os telhados, como o som entra em você, a cor dos olhos de um amigo, o espaço e a contração das coisas, você será um com tudo, será seu lar e sua salvação, tudo o quebrará e o fará completo em todo instante.

Você terá se questionado novamente, descobrirá seu verdadeiro lar no mundo fugaz, seguindo sua sagrada inquietação de volta ao mais profundo tipo de paz imaginável.
 
Jeff Foster
http://ventosdepaz.blogspot.com
 

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