AMOR E SUPRIMENTO ESPIRITUAL
"Eu e o Pai somos um."
Na percepção desse relacionamento deixo o Infinito Invisível trazer-me
dos céus, das nuvens, do ar, da terra, de toda parte do universo, tudo o
que for necessário ao meu desenvolvimento. Mas, este não seria o "seu"
suprimento, ou o "meu", pois isto denotaria limitação. O simples uso de
"seu" e "meu" encerraria uma limitação. Podemos usar a palavra "meu" de
início; mas, pela expansão da consciência, perceberemos que a Verdade,
por ser universal, faz com que a auto-completude seja válida igualmente
para todos os homens.
Quando
falamos do sol ou da lua não dizemos "meu" sol ou "minha" lua, "seu"
sol ou "sua" lua. Falamos do sol como luz universal a brilhar para o
santo ou pecador, para o branco ou negro, oriental ou ocidental, judeu
ou gentio. Por fim, passamos a encarar o suprimento sob este enfoque,
sem o rotularmos de "meu" ou "seu", pois, se o considerarmos como
pessoal, estaremos tornando-o finito, transformando-o em conceito
material, em vez de entendê-lo como verdade espiritual. Se quisermos
falar verdadeiramente sobre suprimento, deveremos abandonar todo e
qualquer senso pessoal de posse; deveremos eliminar todo conceito de
limitação, deixando de alegar que isto ou aquilo seja "meu" ou "seu".
"Do Senhor é a terra, e tudo que ela encerra"..."Filho, tu estás sempre comigo, e tudo que é meu é teu".
Não devo ser egoísta ao extremo de acreditar que estas palavras sejam
dirigidas apenas a Joel. Devo entender que estão endereçadas aos filhos
de Deus. Se personalizá-las de algum modo, acreditando que Deus as está
dirigindo somente a mim, que estarei fazendo de você? E, se excluísse um
de vocês, mesmo o maior pecador, estaria excluindo a mim próprio, pois
existe somente o infinito Eu divino, sendo este EU Auto-mantido, além de
englobar a totalidade da Existência. O conceito material de suprimento o
personaliza! Ao falarmos em suprimento como "seu" ou "meu", ele estará
sendo visto como limitado; porém, ao pensarmos na totalidade do
suprimento como pertencente ao Pai, ele será infinito!
Por
que há tantas pessoas limitadas? A resposta é única: o mundo retém um
conceito pessoal de suprimento. Enquanto esta ideia perdurar, haverá
limitação. De fato, inexiste carência e inexiste abundância. Existe
somente esta ou aquela pessoa experienciando individualmente a carência
ou a abundância.
Suprimento
é espiritual; portanto, é infinito! Se nos abrirmos à Graça de Deus,
todo suprimento necessário nos será acrescentado. Mesmo quem não tiver
sido ensinado a viver espiritualmente, se abrir a consciência para
expressar o amor humano, deixando a concha em que vinha vivendo, terá
abundância, desde que parta para a doação, aprendendo a compartilhar, a
servir e a ser mais amigos. Nunca duvide do seguinte: quem está sem
receber o suprimento está, de algum modo, barrando-o ele próprio. E esta
ação difere de pessoa para pessoa.
Certas
pessoas adoram se vangloriar, o que é tremendo contra-senso! Outras
jamais entenderam o sentido real da gratidão, desconhecendo o que é dar,
compartilhar, amar. Não falo de doação feita a filhos e familiares, mas
da doação impessoal. Tais pessoas estão barrando o fluxo do suprimento,
pois, embora ele esteja encostado rente à porta, é incapacitado de
ultrapassá-la, a não ser que a pessoa abra a própria consciência. De uma
maneira ou de outra, aqueles que estão carentes de suprimento, eles
próprios se colocaram nessa condição, por terem fechado a porta à
consciência infinita. Esta atitude não é tomada premeditadamente, mas
sempre ignorantemente.
Muitos
casos chegaram ao meu conhecimento de pessoas que concluíram serem elas
próprias que estavam barrando seu suprimento por jamais darem ou
compartilharem coisa alguma; assim, passaram a praticar o dízimo e
mudaram completamente de situação, mesmo sem terem atingido o nível mais
elevado de realização espiritual, mas apenas à nível de ajudar e
dividir com o próximo. Não existe uma forma única de se experienciar
abundância: há provisão em todo nível de consciência. A demonstração
máxima, entretanto, é a conscientização da presença de Deus. Isto é que
atende a todas as tuas necessidades.
No
nível místico de consciência, jamais devemos permitir que a mente se
prenda ao suprimento como sendo ele algo a ser buscado, conquistado ou
merecido. Suprimento é a conscientização de que o Eu, em vosso interior,
"veio para que tivéssemos vida, e vida em abundância".
Começaram a notar a diferença entre os dois mundos? O mundo exterior,
em que parece que vivemos em coisas que são externas, e o mundo
interior, em que mesmo as coisas que parecem vir de fora são, realmente,
expressadas pelo Espírito que está dentro de nós? Permaneçamos na
Verdade de que a nossa vida invisível é que nos atrai do exterior o que
for necessário à nossa experiência individual.
Seja
qual for o segmento da vida que estivermos considerando, jamais
deveremos esquecer o grande princípio da IMPERSONALIZAÇÃO. Não é certo
que cada confusão em que temos entrado se foi causada por termos
personalizando Deus ou o erro? Agora, deveremos dar outro passo e
impersonalizar o suprimento, de tal forma que desapareça a ideia de
"meu" ou "seu" suprimento: existe a Auto-completude, Auto-desdobramento,
Auto-corporificação da totalidade.
Na
percepção de nosso relacionamento de unicidade, são encontradas
completetude e totalidade. Esta unicidade com o Pai é minha plenitude,
minha completetude, mas não implica que seja algum "meu" separado do
"seu". Você possui a mesma plenitude, a mesma completude, a mesma
perfeição. Apenas terá de despertar para ela, e assim faremos em
proporção à nossa capacidade de impersonalizar Deus, impersonalizar o
erro, impersonalizar o suprimento e impersonalizar o amor.
A
forma única de impersonalizarmos o amor e expressarmos divino amor está
em sabermos que não temos poder nem para dar nem para reter qualquer
coisa. Podemos meramente ser instrumentos pelos quais a coisa acontece.
Apesar de tudo que conhecemos, humanamente seremos tentados a dar ou a
deixar de dar amor em função de preferências pessoais. A dar mais "aqui"
do que "ali". Tudo isso torna-se barreira à demonstração da real
harmonia em nossas vidas. Cada um precisa reservar um período ao dia
para ser uma transparência à ação do Espírito, para que Ele possa
abençoar nosso lar, negócio, nação, sem qualquer influência de
preferência pessoal.
Humanamente,
talvez sintamos mais afeição por uns do que por outros. Mas são os
outros os responsáveis pela diferenciação. Eu não poderia dar mais
afeição humana àqueles não a dão nem a compartilham, pois seriam eles
que estariam deixando de chamá-la para si. Quem expressa afeição em grau
máximo é o que a recebe em maior medida. Sob o ponto de vista humano, a
verdade é esta e tenho que admiti-lo.
Este
fato, entretanto, não me impede de, ao menos uma vez ao dia, buscar
minha quietude interna para perceber que não posso dar amor a alguém ou
represá-lo. Estarei sendo a transparência pela qual a Graça de Deus
envolve todas as pessoas de todos os lugares. A receptividade delas lhes
trará a vida abundante, e a falta dessa receptividade as excluirá.
Serei responsável somente por "deixar a Luz brilhar". Abrir a porta da
consciência para recebê-la será função de cada um.
Nossa
maior contribuição ao mundo está não em prestarmos serviços pessoais a
familiares. Nosso maior valor é a medida com que nos sentamos, em
quietude, para sermos uma clara transparência para o Amor de Deus fluir
em nosso ambiente, negócio e nação. Isto é impersonalizar o amor, e é
esse tipo de amor impessoal que atende às necessidades individuais e
coletivas.
Em
alguns níveis de vida humana, uma pessoa deverá ser humanamente mais
amorosa, caridosa, benevolente, pois será este seu único acesso à paz e à
harmonia. À medida que der, receberá. Aquilo que semear, ceifará --
não, porém, em nível espiritual, onde a experiência máxima é amor
divino, e este ninguém é capaz de dar ou de reter. Antes, é Algo que
flui através de nós, e atua fora do nível humano.
O
Suprimento é infinito; porém, é preciso haver receptividade. Qualquer
um diria: "Ora, eu receberei todo suprimento que você me der". Mas não é
assim que a coisa funciona! Podemos ter todo suprimento que dermos. Mas
a barreira encontra-se aqui: o não desejo de doação. Eis a causa da
carência ou da limitação.
O
povo faminto do mundo é culpado pela falta de alimento? Não, não mais
que nós mesmos, quando desconhecíamos esta verdade, ou quando nos
culpávamos por não estar desfrutando de maior harmonia. Os que sofrem
carência estão barrando o suprimento com a ignorância espiritual. Alguns
se permitiram se tornar desamorosos; e, onde inexiste amor, inexiste
abundância. Permitiram-se parar de desenvolver, separados e apartados de
seus irmãos humanos. Criaram uma mentalidade de "receber" e não de
"dar", inclusive o de receber em troca de nada! Esse tipo de ignorância,
porém, não é falha deles. Estão hipnotizados! E este hipnotismo durará
até que haja um despertar interior que os direcione a algo superior ao
sentido material, rompendo de vez com esse hipnotismo universal.
Adquira
o hábito de, diariamente, sentar-se quietamente, sem dar amor humano a
ninguém, e, por outro lado, sem conservar qualquer emoção negativa como
ódio, inveja, ciúme, malícia, vingança ou indiferença. Abandone tudo
isso, inclusive o desejo de amar alguém. Sente-se quietamente, por um
momento, e deixe que o Espírito de Deus, o Amor divino, flua através da
sua consciência para a seu lar, família, vizinhos, cidade, estado,
comunidade, nação e, finalmente, o mundo.
"Tua
Graça é a suficiência deste mundo. Deixo Tua Graça estar sobre o mundo e
ser realizada em toda consciência humana. Deixo Tua Graça ser
estabelecida assim na terra como o é no céu".
Depois
permaneça silencioso por alguns momentos, enquanto perceber o fluxo do
Espírito. Você não terá dado amor algum; não terá retido amor algum; não
terá sido desamoroso: terá simplesmente permanecido quieto, permitindo à
"suave e pequenina Voz" ser ouvida por toda consciência humana a Ela
receptiva.
Joel S. Goldsmith
http://busca-espiritual.blogspot.com
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