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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

CONVERSAS COM A MÃE


O yoga torna-se perigoso se você o quiser para seu benefício próprio, para servir a um fim pessoal. Perigos e dificuldades surgem quando as pessoas praticam o yoga, não por amor ao Divino, mas porque querem adquirir poder e, sob o disfarce do yoga, buscam satisfazer alguma ambição.


Se você algum dia se abriu ao Divino, se o poder do Divino começou a descer em você e ainda assim você se obstina em se apegar às forças antigas, você está preparando problemas, dificuldades e perigos para si mesmo. Você deve estar vigilante e compreender que não pode servir-se do Divino como uma capa para a satisfação de seus desejos. Há muitos que se intitulam Mestres, e que não fazem outra coisa. Então quando você abandona o caminho reto e tem um pouco de conhecimento e não muito poder, você é agarrado por seres e entidades de um certo tipo que o transformam num instrumento cego em suas mãos e terminam por devorá-lo. Sempre que há fingimento, há perigo; você não pode enganar a Deus. Não se aproxime de Deus dizendo: 'Quero união com você' e no coração pensando 'Quero poderes e prazeres'. Cuidado! Você está se encaminhando direto para a beira do precipício. 


A ambição tem sido a desgraça de muitos yogues. Este cancro pode se dissimular por muito tempo. Muita gente principia o Caminho sem nenhuma percepção disso. Mas quando consegue poderes, sua ambição aumenta, tanto mais violentamente se não tiver sido rejeitada no começo. 


É sempre errado exibir poderes. Isto não quer dizer que eles não tenham utilidade. Mas têm que ser usados do mesmo modo como vieram. Eles vêm pela união com o Divino. Devem ser usados pela vontade do Divino e não para exibição. Se você encontrar alguém que seja cego e você tiver o poder de fazê-lo ver – se for da Vontade Divina que ele veja – você terá apenas que dizer: 'Que ele veja', e ele verá. Mas se você quiser que ele veja, simplesmente porque você quer curá-lo, então você usa o poder para satisfazer sua ambição pessoal. Muitas vezes, nestes casos, você não apenas perde o poder, mas provoca uma grande perturbação na pessoa da qual você se ocupa. Contudo, na aparência, os dois caminhos são o mesmo; porém, num caso, você age por causa da Vontade Divina, e no outro por motivos pessoais.


Não é difícil reconhecer a Vontade Divina. É inconfundível. Você pode conhecê-la sem estar muito longe no caminho. Deve apenas ouvir a sua voz, a voz que está aqui no coração. Quando se acostumar a ouvi-la, qualquer coisa que faça contrária à Vontade Divina, você sentirá um mal-estar. Se persistir na trilha errada, você ficará muito perturbado. Se, entretanto, você prosseguir, gradualmente perde a faculdade de percepção e finalmente continuará fazendo toda espécie de coisas erradas, sem sentir nenhum desconforto.



Você deve aceitar todas as coisas que vêm do Divino, e somente estas coisas. Porque podem vir coisas de desejos escondidos. Os desejos trabalham no subconsciente e lhe trazem coisas que, apesar de você não saber, não vêm do Divino, mas de desejos disfarçados. Você pode facilmente saber quando uma coisa vem do Divino. Você se sente livre, você se sente à vontade, você está em paz. Mas se alguma coisa se apresenta e você salta sobre ela e grita: 'Oh, até que enfim consegui', então você pode estar certo que ela não vem do Divino.



Se você quiser suportar a pressão da descida Divina, deve ser muito forte e poderoso, de outro modo você será despedaçado. Por isto dizemos às pessoas que não têm uma base ampla, forte e firme no corpo, no vital e na mente: 'Não puxem', significando 'não tentem puxar as forças do Divino, mas esperem em paz e tranquilidade', porque elas não seriam capazes de suportar a descida. Mas àqueles que possuem a necessária base e estrutura, dizemos, pelo contrário: 'Aspirem e puxem', porque esses seriam capazes de receber, sem ficar perturbados pelas forças que descem do Divino. 




Mirra Alfassa (A Mãe)

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