A MEIA-IDADE E A VIDA ESPIRITUAL
É
na meia-idade que as aspirações espirituais sepultadas de passadas
encarnações reaparecem e exigem satisfações. Consequentemente,
grande número de aspirantes à Busca é arrebanhado entre as
fileiras dos que alcançaram ou passaram os quarenta ou cinquenta
anos de idade.
A
meia-idade traz ao homem qualidades valiosas que antes ele não
possuía. Traz-lhe equilíbrio entre a paixão e a razão, entre as
emoções e o pensamento, entre o corpo e a mente, e entre os ideais
e a realidade.
Traz-lhe
uma discriminação mais sábia no trato das ideias, das atitudes,
das pessoas, dos eventos e do meio ambiente. Traz-lhe uma revisão
global dos valores e da experiência, o hábito de pensar duas vezes
e um reconhecimento mais claro da natureza irreal da existência.
Tudo
isso o favorecerá na Busca. Poucos jovens o possuem. Se ele já não
tem entusiasmos adolescentes, excitações juvenis, históricas
presunções, é apenas porque estas foram substituídas por algo
melhor – calmas apreciações, admirações justas, sadias e
equilibradas.
Com
a idade, as paixões perdem sua força ou se submetem melhor à
disciplina nos aspirantes. Essa mudança surge-lhe como um alívio.
Resta ainda o fator benéfico, porém misterioso, da graça do Eu
Supremo; suas operações são imprevisíveis, mas sua fatalidade é
certa. Por um esforço correto, juntamente com a oração e o
serviço, é possível invocar essa graça.
OS PRIMEIROS PASSOS EM DIREÇÃO AO EU SUPERIOR
Embora
muitos jamais alcancem o Ideal, isso não deve tolhê-los de lutar
por atingi-lo. Ainda que seu progresso seja lento, terão a
satisfação de saber que têm o rosto voltado para o destino
correto.
Todo
homem, ao estabelecer sua meta, pode fazer algum pequeno progresso em
direção a ela durante o período de sua existência. Os benefícios
e recompensas resultantes do avanço não são destituídos de valor.
Se assim o fizer, conhecerá a satisfação de poder enfrentar o pior
que porventura venha a suceder-lhe muito melhor do que se não o
tivesse feito.
Os
que consideram o auto aprimoramento como superior à sua capacidade,
não deixem pelo menos de tentá-lo, hesitantes, passo a passo;
qualquer tentativa será muito melhor do que cruzar os braços.
Se
derem os primeiros passos paciente, perseverante, corretamente,
estarão desse modo expressando seu interesse pelo Eu Superior, e o
Eu Superior expressará então seu interesse por eles.
Pode
dar-se que poucos cheguem algum dia a alcançar a meta, mas o certo é
que muitos lograrão valiosos benefícios pelo simples fato de
tentarem atingi-la. Muito embora jamais acreditem poder, um dia,
erguer-se em pé no cume dessa meta nesta encarnação, poderão
penetrar algo de sua formosa atmosfera. Até isso é de grande valia.
Paul Brunton
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