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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A MEIA-IDADE E A VIDA ESPIRITUAL

 
É na meia-idade que as aspirações espirituais sepultadas de passadas encarnações reaparecem e exigem satisfações. Consequentemente, grande número de aspirantes à Busca é arrebanhado entre as fileiras dos que alcançaram ou passaram os quarenta ou cinquenta anos de idade.
 
A meia-idade traz ao homem qualidades valiosas que antes ele não possuía. Traz-lhe equilíbrio entre a paixão e a razão, entre as emoções e o pensamento, entre o corpo e a mente, e entre os ideais e a realidade.

Traz-lhe uma discriminação mais sábia no trato das ideias, das atitudes, das pessoas, dos eventos e do meio ambiente. Traz-lhe uma revisão global dos valores e da experiência, o hábito de pensar duas vezes e um reconhecimento mais claro da natureza irreal da existência.

Tudo isso o favorecerá na Busca. Poucos jovens o possuem. Se ele já não tem entusiasmos adolescentes, excitações juvenis, históricas presunções, é apenas porque estas foram substituídas por algo melhor – calmas apreciações, admirações justas, sadias e equilibradas.

Com a idade, as paixões perdem sua força ou se submetem melhor à disciplina nos aspirantes. Essa mudança surge-lhe como um alívio. Resta ainda o fator benéfico, porém misterioso, da graça do Eu Supremo; suas operações são imprevisíveis, mas sua fatalidade é certa. Por um esforço correto, juntamente com a oração e o serviço, é possível invocar essa graça.
 
 
OS PRIMEIROS PASSOS EM DIREÇÃO AO EU SUPERIOR 
 
Embora muitos jamais alcancem o Ideal, isso não deve tolhê-los de lutar por atingi-lo. Ainda que seu progresso seja lento, terão a satisfação de saber que têm o rosto voltado para o destino correto.

Todo homem, ao estabelecer sua meta, pode fazer algum pequeno progresso em direção a ela durante o período de sua existência. Os benefícios e recompensas resultantes do avanço não são destituídos de valor. Se assim o fizer, conhecerá a satisfação de poder enfrentar o pior que porventura venha a suceder-lhe muito melhor do que se não o tivesse feito.

Os que consideram o auto aprimoramento como superior à sua capacidade, não deixem pelo menos de tentá-lo, hesitantes, passo a passo; qualquer tentativa será muito melhor do que cruzar os braços.

Se derem os primeiros passos paciente, perseverante, corretamente, estarão desse modo expressando seu interesse pelo Eu Superior, e o Eu Superior expressará então seu interesse por eles.

Pode dar-se que poucos cheguem algum dia a alcançar a meta, mas o certo é que muitos lograrão valiosos benefícios pelo simples fato de tentarem atingi-la. Muito embora jamais acreditem poder, um dia, erguer-se em pé no cume dessa meta nesta encarnação, poderão penetrar algo de sua formosa atmosfera. Até isso é de grande valia.

Finalmente, os que contemplam de longe a Busca, que encaram a meta como superior a suas forças, ainda podem estudar com proveito os ensinamentos e familiarizar-se com eles. Se tiverem fé nas idéias e as aceitarem com sinceridade, isto não deixa de ter algum benefício presente para eles, ao mesmo tempo que cava os alicerces do progresso em alguma existência futura.
 
 
 
Paul Brunton

 

 

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