PRÍNCIPE DA PAZ - III
A DIGNIDADE E SACRALIDADE DO INDIVÍDUO
O significado acerca do Cristo nos escapará, se não compreendermos que o Cristo sanador jamais foi crucificado, ou encerrado num túmulo. O Cristo sanador é o “Príncipe da Paz”, que mora em nosso íntimo: o Filho de Deus que foi entronizado em nós qual uma semente, desde o princípio.
Através
de nossas meditações, da contemplação e comunhão interna com essa
divina Centelha, fazemos ressurgir esse Filho de Deus, em nós. Esta comunhão faz manifestar tudo o que o Filho de Deus é em nosso universo.
É um milagre da graça que, “onde dois ou mais estejam reunidos, em nome dEle, lá Se manifeste o reino de Deus, neles e entre eles”.
É
um milagre da graça que, um com Deus, seja a maioria. Cada vida
singular é um milagre da graça de Deus; cada indivíduo é um descendente
do Altíssimo.
Se fôssemos simplesmente essa forma que vemos no espelho refletida, qual seria a razão de nossa existência na Terra?
Se
observamos o modo de proceder de certas pessoas, meramente como seres
humanos, perguntaríamos porque elas são toleradas neste mundo.
Só quando começamos a compreender a natureza dAquele que está latente em cada indivíduo, à espera de ser conscientizado e soerguido, para nossa redenção e missão, como Filhos de Deus na Terra – só então entendemos que viemos a este mundo para demonstrar toda a glória de Deus. Este é o verdadeiro Natal, isto é, o Cristo corporificado, o Verbo feito carne.
“Pois eu desci dos céus, não para fazer a minha própria vontade, mas a vontade dAquele que me enviou”. Esclarece o Mestre que, em virtude da natureza universal de Deus, é tarefa, minha e sua, viver de tal modo que a vontade de Deus se faça em e através de nós — e não a vontade pessoal, minha e sua. Nossas vidas devem ser consagradas a Deus, em obediência a esse princípio.
Qualquer indivíduo que seja capaz de não se identificar com suas solicitações humanas e tome consciência de que “estou aqui para que a vontade de Deus Se cumpra”, para dar saída ao “Fulgor aprisionado” em mim; estou
aqui para ser um canal consciente, amoroso e desinteressado ao Cristo
interno, em benefício de todos os que ainda se encontram em escuridão”,
em tal indivíduo o Cristo vive e age.
Napoleão
disse que todo soldado leva na mochila um bastão de marechal, uma outra
forma de reconhecer as imensas e imprevisíveis possibilidades de cada
indivíduo. É uma expressão paralela ao ensinamento cristão, segundo
o qual, todo indivíduo, mercê da divina Semente nele plantada, pode
exprimir a autoridade e dignidade de um Ser espiritual autêntico.
A humanidade teve a fortuna de contar com grandes instrutores, que alcançaram a realização do Espírito interno e a visão de Sua vontade: Moisés, Elias, Eliseu, Jesus, João, Paulo, Buda. Todos esses homens ensinaram essencialmente a mesma coisa. Mas foram simples cicerones, revelando o que haviam alcançado e o que o homem pode alcançar. Foram suficientemente humildes para reconhecer que se eles não se fossem, o Consolador não nos poderia vir, pelo emergir da Consciência espiritual interna.
Percebamos,
também, que a revelação dos Mestres espirituais, em todos os tempos,
foi a de um princípio universal, que devemos internamente demonstrar
como revelação crística. Caso contrário, como
poderia o reino de Deus implantar-Se na Terra, se não fosse plantado e
desabrochado em cristicidade, em cada indivíduo?
A
não ser por esse potencial divino que reclama expansão, poderiam os
povos deste mundo melhorar? poderiam as pessoas transformar-se, de boas
em más? de ignorantes em sábias?
Haveria algum poder para tirar a raça humana do que sempre foi:
de um estado selvagem, brutal, de servidão e carência, de ignorância em
massa? Poderia o mundo transformar-se, a não ser pela vontade divina
que vagamente apreendemos como vontade nossa, de buscar a realização do
Natal, a natureza da verdade? Isto se deve à Semente de Deus, plantada na consciência humana, em mim e em você, e que deve germinar e frutificar, definindo nossa identidade individual.
Haveria
outro meio de se fazer isso? A educação é, naturalmente, uma valiosa
ajuda para a sociedade civilizada, mas, o mero treinamento acadêmico, o
simples cultivo intelectual, não podem fundamentar uma consciência moral
e integral.
Só
a realização de nossa natureza espiritual pode fazê-lo. Só o
florescimento da natureza crística pode nos elevar acima das limitações
humanas, formando uma sociedade de pessoas inspiradas, com elevado
sentido moral e espiritual.
Dizer às pessoas que devem ser boas, que deve haver paz na terra, que deve haver retidão nas relações humanas, não basta. Nem os sermões o conseguem.
A paz na Terra será realizada apenas por um meio: encontrando-a
em nosso próprio íntimo e abrindo caminho para que ela desborde à nossa
experiência, abençoando e fazendo de nós mesmos uma bênção.
De
fato, ao encontrar e experimentar a paz de Deus, atrairemos pequenos
grupos afins que acharão, por sua vez, essa paz. Desse modo, ela se irá
espalhando, “ad infinitum”.
LIBERTANDO O “FULGOR APRISIONADO”
A
paz está encerrada em você e em mim. É preciso libertar o “Príncipe da
Paz” de nosso íntimo e deixá-Lo sintonizar-se como todos aqueles que,
neste momento, se acham maduros e receptivos para a “experiência do
despertar”.
Repitamos:
não se consegue isto pela tentativa de moralização das pessoas ou de
pedir aos outros que sejam melhores do que têm sido. Nada disso. Isto é
feito individualmente, pelo mergulho em si e libertação do Príncipe da
Paz, que está encerrado dentro de nós. Isto é feito ao comungarmos com o
Espírito interno, ao conscientizá-Lo em nós. Desse modo vamos formando uma abertura pela qual Ele emerge e Se liberta, caminhando diante de nós para realizar nossas obras, segundo a perfeita vontade do Pai.
Notem bem: não nos cabe ir ao encontro do mundo para salvá-lo, senão ir ao encontro de nós mesmos, de nossa real identidade, para nos fundirmos em nova consciência e deixarmos que Ela se expanda de nós, em realização e ajuda.
Não
há mérito espiritual em milhares de palavras que possamos enunciar; não
há valor moral ou espiritual nas centenas de lições que possamos dar. A graça de Deus não pode alcançar as consciências humanas pela moralização. Só a consciência pode atingir a consciência.
Retiremo-nos, em nossos lares, em nossos templos, em vales e colinas, para encontrar a paz escondida em nosso interior.
Convertamo-nos
em faróis através dos quais a graça de Deus possa ser irradiada. Então
essa Presença invisível poderá preceder-nos no caminho, aplainando o
solo e “preparando mansões” para nós.
Cada
vez que vemos uma pessoa e realizamos que esta graça divina está dentro
dela, somos-lhe uma bênção silenciosa. Assim, entoamos, sem vozes nem
escrito, a paz ao mundo.
Olhemos
um indivíduo e tomemos consciência de que a graça de Deus está nele
também; que ele é um Filho de Deus. Esta é, simplesmente, a prática de
libertar o “Fulgor aprisionado”: o reconhecimento do Cristo, no íntimo de nossos amigos; além da mera aparência de um ser humano, andando sobre a Terra. É ver e regar, com esta verdade, a semente divina plantada em seu íntimo.
Esta semente continua enterrada dentro de nós e permanecerá como simples semente ou possibilidade, enquanto não a nutrirmos com o alimento espiritual adequado: o reconhecimento constante, repetido, de nossa identidade espiritual.
Dentro
do ser individual está o Filho de Deus, este Eu, que ele é; dentro dele
está a divina Presença e o divino Poder – a Graça de Deus. O EU, dentro
dele, é o alimento, o brilho do Sol e a chuva fecundante, para esta
semente.
Depois
esta semente começa a brotar. A natureza de nossos amigos, parentes,
sócios, companheiros de trabalho, começa a mudar aos nossos próprios
olhos, sem que eles mesmos saibam o porquê. É possível que algo se desenvolva neles e encetem uma busca de Deus, de verdade, até
que uma mensagem ou um mensageiro lhes revele que não há necessidade de
buscar longe, porque o que estão buscando está dentro deles mesmos e o
desejo que sentem é o próprio apelo do “Fulgor Aprisionado” para
despertar e libertar-se. O que buscam é a divina Realidade neles: o Filho de Deus, o Santo Graal dentro de suas próprias consciências.
Toda
sacralidade do Filho de Deus está estabelecida no centro de nosso ser –
a eternidade, a imortalidade, a natureza infinita da seidade de Deus –
porque somos UM com o Pai, e tudo que o Pai tem, já é nosso: a Sua sabedoria,a Sua Mente, a Sua Graça, a Sua Presença, a Sua Substância, o Seu Ser. O próprio alento de nossa vida, pois somos UM e, nesta unidade, encontramos a plenitude e nossa união com toda a humanidade.
Somente
na unidade com Deus é que nos sintonizamos com a Luz individual em cada
ser e nos identificamos com tudo que haja percorrido o globo no
passado, no presente e no futuro.
O Natal revela-nos que Deus plantou o Seu Filho em nós!
Joel Goldsmith
http://suprimentoinvisivel.blogspot.com
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