P  R  O  V  A  S

Quando a prova da solidão te chegar,
une-te à tua irmandade. 

Quando estiveres diante da prova do medo,
tem como escudo a inabalável fé do teu interno. 

Quando pego pela prova da angústia,
mergulha teu ser na infinita alegria de viver.

Quando a prova da soberba estiver a te iludir,
reconhece tua pequenez e com humildade a vencerás. 

Quando te tomar a prova da luxúria,
recolhe-te na pureza do teu ser. 

Quando envolvido pela prova da ambição sutil,
coloca-te em pura entrega e simplicidade. 

Quando a prova da avareza semear em ti a ganância,
deixa que a santa mão da pobreza limpe o teu jardim. 

Quando na prova do mérito buscares reconhecimento,
protege-te com o escudo da invisível doação. 

Quando cego pelas ânsias trazidas pela prova do poder,

curva-te à vontade do Criador e sobre ti descerá a luz.

 

Quando os fios da prova do sentimento atarem

teus passos, banha-te nas serenas águas da sabedoria do espírito.

Quando aferrado a teu ego caíres na prova da entrega,
reafirma teus votos e deixa-te transfigurar na tua essência. 

Quando nos áridos momentos de secura a prova da devoção vier, recebe-a com a espada da fé e afasta-a com o fogo do ardor. 

Quando teus olhos percorrerem o mundo em buscas vãs,
ante a prova da fidelidade, retorna à casa que é teu destino. 

E todas essas ainda são pequenas e as superarás quando souberes  

que a tua única e verdadeira prova é jamais te distraíres 

no amor ao Criador.

 

 

José Trigueirinho Netto, Versos Livres  (obra póstuma)

Irdin Editora