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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

MAHAMUDRA
A EXPERIÊNCIA DEFINITIVA


 "Esvazia-te, sê desprendido e natural. 
Deixa que isso se torne o princípio 
mais fundamental da tua vida".
 
 Última Parte 

Não existe pecado 
não existe virtude
Sensatez é tudo.
Se a quiseres chamar virtude,
chama-a virtude.
E há a ignorância;
se a quiseres chamar pecado,
esse será o único pecado.


 
Assim, como transformar tua ignorância em sensatez? Essa é a única transformação que importa e não podes forçá-la: Acontecerá quando tiveres desprendido e natural.

"... permanecendo desprendido e natural, é possível quebrar o jugo, ganhando, assim, a libertação."

E, então, a pessoa se torna totalmente livre. É difícil, a princípio, porque os velhos hábitos constantemente ressurgirão, forçando-te a fazer algo: Gostarias de ficar encolerizado, mas o velho hábito simplesmente produzirá um sorriso em teu rosto. Há pessoas que apesar de sorrirem, podes estar certo, acham-se encolerizadas. Mesmo naquele sorriso mostraram sua cólera. Ocultam algo e um falso sorriso aflora em seus lábios. São esses os hipócritas.

Um hipócrita é um homem não natural: Se nele há cólera, ele sorri; se há ódio, demonstra amor; se há desejos assassinos, simula compaixão. Um hipócrita é um perfeito moralista, absolutamente artificial, flor de plástico, feia, que não se quer usar. Não uma flor de verdade, mas uma simulação.

Tantra é o caminho natural: Sê desprendido e natural. Será difícil, porque os velhos hábitos terão de ser rompidos. Será difícil porque tens e terás de viver em uma sociedade de hipócritas. Será difícil, porque em toda parte entrarás em conflito com os hipócritas - mas será preciso passar por isso. Será árduo, porque há muito empenho em ostentações falsas e artificiais. Poderás sentir-se completamente a sós, mas essa fase será passageira. Depressa outras virão, sentindo a tua autenticidade.

Recorda-te: Mesmo uma cólera autêntica é melhor que um sorriso falso, porque, pelo menos, é autêntica. E um homem que não pode sentir-se autenticamente encolerizado não pode, absolutamente, ser autêntico. Pelo menos ele é autêntico, verdadeiro para com o seu ser. Seja o que for que aconteça, poderás confiar nele, porque é verdadeiro.

E minha observação é esta: uma verdadeira cólera é bela e um falso sorriso é feio. Uma cólera verdadeira tem sua própria beleza, tal como o verdadeiro amor - porque a beleza está relacionada à Verdade. Não se relaciona ao ódio, nem ao amor. A beleza diz respeito ao verdadeiro. A Verdade é bela, seja qual for a forma que tome. Um homem verdadeiramente morto é mais belo do que um homem falsamente vivo, porque ao menos a qualidade básica de ser verdadeiro está presente nele.

A esposa de Mulla Nasrudin morreu. Os vizinhos reuniram-se, mas Mulla Nasrudin permanecia em pé, completamente tranqüilo, como se nada tivesse acontecido. Os vizinhos começaram a gritar, a chorar e disseram: -"Que estás tu fazendo aí, em pé, Nasrudin? Ela está morta!"

Nasrudin disse: - "Esperem! Ela era tão mentirosa que eu devo esperar pelo menos três dias para ver se é verdade ou não."

Mas recorda-te disto: A beleza é a da Verdade, da autenticidade. Torna-te mais autêntico, e florescerás. E, quanto mais autêntico te tornares, mais sentirás que muitas coisas se estão desprendendo por elas próprias. Tu não terás feito esforço algum para que isso acontecesse; tal coisa, tornar-te-ás mais e mais desprendido, mais e mais natural, autêntico. E diz Tilopa:

... é possível quebrar o jugo
ganhando assim, a liberdade.

A liberdade não está muito distante, está somente oculta atrás de ti. Desde que sejas autêntico a porta se abrirá; mas és tão mentiroso, simulador e hipócrita, tu és tão profundamente falso, que sentes que a liberdade está muitíssimo distante. E não é assim! Para um ser autêntico, a liberdade é apenas natural. Tão natural como qualquer outra coisa.

 
Como a água flui em direção ao oceano,
Como o vapor ergue-se em direção ao céu,
Como o sol é quente e a lua é fria,
Assim é a liberdade para um ser autêntico.


 
Não se trata de algo de que nos possamos gabar. Nada de que possamos falar a outros, contando que a ganhamos.

Quando perguntaram a Lin Chi: - "Que te aconteceu? As pessoas dizem que te tornas-te um iluminado" - ele encolheu os ombros e disse: - "O que aconteceu? Nada; eu corto madeira na floresta e levo água ao Ashran. Tiro água do poço e corto madeira, porque o inverno está se aproximando." - E sacudiu os ombros, num gesto muito significativo.

Estava dizendo - "nada aconteceu. Que tolice me estão perguntando! Cortar lenha na floresta e tirar água do poço é coisa natural. A vida é absolutamente natural." E Lin Chi dizia ainda: "Quando sinto sono, vou dormir, quando sinto fome, como. A vida tornou-se absolutamente natural."
 
Liberdade é seres perfeitamente natural. A liberdade não é algo de que nos gabemos, dizendo que atingimos algo muito grande. Nada é grande, nada é extraordinário. Tudo estará sendo apenas natural, se fores tu mesmo.

Põe de lado as tensões, põe de lado a hipocrisia, põe de lado tudo quanto cultivaste em torno do teu ser, e torna-te natural. De inicio será coisa muito árdua, mas só de inicio. Desde que o consigas, outros também começarão a sentir que algo te aconteceu, porque o ser autêntico possui muita força, muito magnetismo. As pessoas começarão a sentir que algo te aconteceu: "Este homem já não vive como se pertencesse ao nosso meio, ele se tornou totalmente diferente.” E não estarás perdido, porque apenas perdeste coisas artificiais.

Assim que o vácuo for criado, com o descarte das coisas artificiais, das simulações, das máscaras, então o ser natural começará a florescer. Ele precisa de espaço.

Esvazia-te, sê desprendido e natural. Deixa que isso se torne o princípio mais fundamental da tua vida.

Osho 
https://redemetamorfose.org  

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