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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

L   E   M   B   R   E   -   S   E


"Lembre-se de você mesmo, 
sempre e em toda a parte. 
 Fixe sua atenção em si mesmo, 
esteja consciente em cada instante 
do que pensa, sente, deseja e faz"

(G. I. Gurdjieff) 


Existe uma maneira de você desassociar-se das falsas identidades.
 
Você não é o que você está pensando, sentindo, imaginando, projetando.
 
O que você realmente é, está simplesmente no fato de estar consciente.
 
O que quer que aconteça, você permanece apenas consciência. Você é consciência - essa identidade não pode ser quebrada. Essa identidade não pode ser negada. Tudo mais pode ser negado e derrubado.
 
Consciência permanece o supremo substrato, a base definitiva. Você não pode negá-la, você não pode anulá-la, você não pode desassociar-se dela.
 
Portanto esse é o processo: Aquilo que não pode ser derrubado, aquilo que não pode ser separado de você, é você; aquilo que pode ser separado, não é você.
 
A dor está aí; um momento depois ela pode não estar mais presente – mas você estará. A felicidade chegou, e ela irá embora; ela aconteceu, e depois não estará mais – mas você estará. O corpo é jovem, então o corpo ficará velho... Tudo mais surge e desaparece – hóspedes chegam e vão – porém o anfitrião permanece o mesmo.
 
Assim os místicos Zen dizem: Não se percam na multidão de hóspedes.
 
Lembrem-se do seu anfitrião. Esse anfitrião é a consciência. Esse anfitrião é a testemunha consciente. Qual o elemento básico que sempre permanece o mesmo em você? Seja apenas isso e não se identifique com tudo aquilo que vem e vai.
 
Contudo, nós identificamo-nos com o hóspede. Realmente, o anfitrião está tão ocupado com o hóspede, que ele se esquece.
 
Mulla Nasruddin deu uma festa para alguns amigos e para alguns estranhos. A festa estava muito aborrecida, metade da noite já tinha passado e a festa continuava. Então, um estranho, não sabendo que Mulla era o anfitrião, disse a ele: "Nunca vi uma festa assim, tão aborrecida. Parece nunca mais acabar e eu estou tão chateado que gostaria de ir embora."
 
Mulla disse: "Você já disse o que eu ia dizer-lhe. Eu próprio nunca tinha estado anteriormente numa festa tão aborrecida e boba, mas não sou tão corajoso como você. Eu também estava pensando em ir embora e apenas fugir daqui". Assim ambos foram embora.
 
Então, na rua Mulla lembrou-se e disse, "Algo saiu errado, porque agora é que me estou a lembrar: eu sou o anfitrião! Nesse caso, por favor, me desculpe, eu tenho que voltar."
 
Isso é o que está ocorrendo com todos nós: o anfitrião está perdido, o anfitrião está esquecido a todo o momento.
 
O anfitrião é o seu Ser, a testemunha. A dor chega e depois é seguida pelo prazer; há felicidade e há miséria, e a cada momento, o que quer que surja você fica identificado com isso, você se torna o hóspede. Lembre-se do anfitrião. Quando o hóspede estiver presente, lembre-se sempre do anfitrião.
 
Existem tantos tipos de hóspedes: agradáveis, dolorosos; hóspedes que você gosta, hóspedes que você nem gostaria que fossem seus hóspedes; hóspedes que você gostaria de viver com eles, hóspedes que você gostaria de evitar – mas todos, todos eles são hóspedes.
 
Lembre-se do anfitrião. Lembre-se constantemente do anfitrião. Fique centrado no anfitrião.
 
Permaneça no anfitrião; assim existirá uma separação, foi criado um espaço, um intervalo - a ponte foi quebrada. No instante em que essa ponte é quebrada, o fenômeno da renúncia acontece.
 
Então, você está nele, e não é dele. Então, você está presente no hóspede, e ainda assim permanece um anfitrião. Você não precisa fugir do hóspede – não há nenhuma necessidade.
 
Há uma qualidade totalmente diferente do ser que pertence ao não-pensar: é simplesmente um estado de não-pensamento. Você simplesmente assiste, apenas permanece consciente, mas você não pensa. Se alguns pensamentos chegam – e eles vão chegar – porque os pensamentos não são seus, eles estão apenas flutuando no ar.
 
Tudo ao seu redor é uma noosfera, uma esfera-pensamento que está por toda parte. Assim como existe o ar, existem pensamentos ao seu redor e eles vão chegar até você quando eles quiserem. Eles só páram quando você se tornar mais e mais consciente.
 
Há algo nisso: se você se tornar mais consciente os pensamentos simplesmente desaparecem, derretem-se, porque a consciência tem uma energia maior do que a dos pensamentos.
 
A consciência é como fogo para os pensamentos. É igual a quando você acende uma lâmpada em casa e a escuridão desaparece, você apaga a luz e a escuridão volta a todos os lugares, nem demora um único minuto, num único momento ela está lá. Quando a luz se acende na casa, a escuridão automaticamente não pode entrar. Os pensamentos são como a escuridão, eles somente entram se não existir luz.
 
A consciência é como o fogo, se você se torna mais consciente, os pensamentos chegam cada vez menos. Se você se tornar realmente integrado com a sua consciência os pensamentos não entram em você, você se tornou uma fortaleza impenetrável, nada pode entrar. Não é que você esteja fechado; Lembre-se. Você está absolutamente aberto, mas a própria energia da consciência torna-se a sua própria cidadela.   


Quando os pensamentos não podem entrar em você, pois eles virão e eles serão ignorados por você, você vai vê-los chegando e, simplesmente, no momento em que chegam perto de você, eles se vão, porque você os percebeu. Assim, você pode ir a qualquer lugar, até mesmo para o inferno e nada poderá afetá-lo. Isto é o que nós queremos dizer com iluminação
 
No momento em que você começar a testemunhar a si mesmo, você verá três camadas de existência dentro de você.
 
Uma é a mais externa; qualquer um pode observá-la; é objetiva; é material; é o seu corpo.
 
A segunda camada por trás é a sua mente; os seus pensamentos, os seus sentimentos, os seus sonhos, as suas expectativas.
 
Só você pode vê-los, ninguém mais pode vê-los de fora. Não são objetivos: são subjetivos, mas eles certamente existem. Eles existem à sua própria maneira; você não pode negar a existência deles.
 
Certamente em um comprimento de onda diferente; não tão sólido e físico como o corpo, mas você pode vê-los. Eles dirigem a sua vida, são as suas esperanças, as suas projeções, as suas expectativas.
 
A primeira camada é chamada de objetiva e a segunda camada é chamada de subjetiva. Mas além de ambas há uma Testemunha que pode assistir ao corpo e à mente, ao material e ao não material.
 
Esta Testemunha, esta Consciência, está além dos dois. Não é material nem não-material. Porque está além dos dois, e você não pode ir além disso. Você não pode testemunhar isso. Você chegou ao final da corda, você chegou ao fundo da existência.  

Essa Consciência é chamada de transcendental, porque transcende a dualidade do corpo-mente.
 
E estar Centrado nisso... você chegou a casa porque não há mais nada além disso. Aqui termina a estrada. De repente, você encontra tudo em sua perfeição. Nada está faltando, nada precisa ser melhorado, refinado. Tudo é como deveria ser. Esse sentimento, de que tudo é como deveria ser, traz uma tremenda gratidão. A perfeição da existência enche-te de uma tremenda alegria de que você é um participante em uma existência perfeita, que você é um hóspede convidado, que você é bem vindo aqui, que toda a existência precisa de você.  

Lembre-se que se você não estivesse aqui, ela sentiria a sua falta. Permaneceria um lugar vago. Ninguém mais pode tomar o seu lugar. Isto lhe dá individualidade, dignidade e uma ótima felicidade.
 
Pela primeira vez você está à vontade com a existência, com as árvores, com as estrelas, com o oceano. O Todo se torna a sua casa. Isto é o transcendental. É chamado de transcendental porque transcende toda a dualidade e leva-o a um estado de união. Este é o resultado final de uma consciência meditativa.
 
Osho
http://misticismonaturalmn.blogspot.com

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