O MEDO DA SOLIDÃO
Ninguém quer ficar sozinho.
Todo mundo quer pertencer à multidão – não apenas
à multidão,
mas a muitas multidões.
A
pessoa quer apoio vinte e quatro horas por dia, porque o falso não se sustenta
sem apoio. No momento em que a pessoa fica sozinha, ela começa a sentir uma
estranha loucura. Não se trata apenas do seu medo,
trata-se do medo de todo mundo. Porque ninguém é o que deveria
ser na vida.
A sociedade, a cultura, a religião, a educação conspiram
todos contra as crianças inocentes. Todos eles têm poderes – a criança é
indefesa e dependente. Então eles fazem dela o que querem. Eles não deixam que nenhuma criança siga o curso natural da sua vida.
Eles fazem tudo para que os seres
humanos
tenham uma utilidade.
Num certo sentido, ela mata
a alma da criança e dá a ela uma falsa identidade, de modo que ela nunca encontre
a sua alma, o seu ser. A falsa identidade é um substituto. Mas esse substituto só é útil enquanto você está no
meio da multidão que lhe deu essa falsa
identidade.
No momento em que você está sozinho, o falso começa a
se despedaçar e o verdadeiro reprimido começa a se expressar. Por isso o medo
de ficar sozinho. Você acredita
que é alguém, e de repente, num momento de solidão, você começa a perceber que não é o que pensava. Isso dá
medo; então quem é
você?
Vai levar algum tempo até o verdadeiro se
expressar.
O intervalo entre os dois é chamado pelos místicos de
"noite escura da alma" – uma expressão bem apropriada. Você não é
mais o falso e ainda não é o verdadeiro. Você está no limbo, não sabe quem você é. No Ocidente,
principalmente, o problema é até mais complicado. Porque não desenvolveram
nenhuma metodologia para descobrir o verdadeiro o mais rápido possível e
abreviar essa noite escura da alma.
O Ocidente não sabe nada a respeito da meditação, e a
meditação é só um nome para "ficar
sozinho, em silêncio,
esperando que o verdadeiro se firme". Ela não é uma ação; é um relaxamento silencioso – porque qualquer coisa
que você faça virá da sua personalidade falsa – anos de uma personalidade falsa imposta pelas
pessoas que você amou,que você respeitou – e elas não tinham intenção de lhe
fazer nenhum mal.
As intenções delas eram boas, elas só não
tinham consciência. Não eram pessoas conscientes – os seus pais, os seus professores, os seus sacerdotes, os seus políticos – eles não eram pessoas
conscientes, pelo contrário. E até uma boa intenção nas mãos de pessoas inconscientes
vira um
veneno.
Portanto, sempre que você está sozinho, surge um medo
profundo – porque de repente o falso começa a desaparecer, e o verdadeiro vai
demorar um tempo. Faz anos que você o perdeu. Você terá de levar em conta que essa lacuna
tem de ser transposta.
A
multidão é essencial para que o eu falso exista. No momento em que
está sozinho, você começa a entrar em pane. É então que você
precisa
entender um pouquinho de meditação.
Não se preocupe, aquilo que pode desaparecer é bom
que desapareça. Não há razão para se agarrar a isso - isso não é seu, não é você. Ninguém mais
pode responder à pergunta, "Quem sou eu?" – você saberá.
A meditação ajuda a acabar com o falso. Mostra a você o verdadeiro – ninguém pode dar isso a você. Nada que possam lhe dar pode ser verdadeiro. O verdadeiro você já tem; basta jogar fora o falso.
A meditação é só a coragem de ficar em silêncio e sozinho. Bem devagarzinho, você
começa a sentir uma nova qualidade em si mesmo, uma nova vivacidade, uma
nova beleza, uma nova inteligência – que:
não é emprestada de
ninguém; ela brota dentro de você.
Ela tem raízes
na sua existência.
E, se você não for covarde, isso fluirá, florescerá.
Osho, em "Emoções: Liberte-se da Raiva,
do Ciúme, da Inveja
e do Medo“
O ocidental é barulhento, versátil, rápido em tudo que faz. Para nós, latinos, mais importante é a ação; não aprendemos ainda a relaxar. Confundimos relaxamento com dormir mais um pouco, ir a uma praia, beber com amigos ...etc. Cuidamos mais da personalidade e muito pouco do espírito. Osho está certo. Precisamos praticar a meditação. Penetrar na esfera do silêncio e contatar mais vezes o mundo espiritual, do qual somos parte também. Que tal experimentar a meditação ? KyraKally
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