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quarta-feira, 12 de novembro de 2014


O MEDO DA SOLIDÃO

 

Ninguém quer ficar sozinho.
Todo mundo quer pertencer à multidão – não apenas 
à multidão, mas a muitas multidões.

A pessoa quer apoio vinte e quatro horas por dia, porque o falso não se sustenta sem apoio. No momento em que a pessoa fica sozinha, ela começa a sentir uma estranha loucura. Não se trata apenas do seu medo, trata-se do medo de todo mundo. Porque ninguém é o que deveria ser na vida.

A sociedade, a cultura, a religião, a educação conspiram todos contra as crianças inocentes. Todos eles têm poderes – a criança é indefesa e dependente. Então eles fazem dela o que querem. Eles não deixam que nenhuma criança siga o curso natural da sua vida.

Eles fazem tudo para que os seres humanos 
tenham uma utilidade.

Num certo sentido, ela mata a alma da criança e dá a ela uma falsa identidade, de modo que ela nunca encontre a sua alma, o seu ser. A falsa identidade é um substituto. Mas esse substituto só é útil enquanto você está no meio da multidão que lhe deu essa falsa identidade.

No momento em que você está sozinho, o falso começa a se despedaçar e o verdadeiro reprimido começa a se expressar. Por isso o medo de ficar sozinho. Você acredita que é alguém, e de repente, num momento de solidão, você começa a perceber que não é o que pensava. Isso dá medo; então quem é você?

Vai levar algum tempo até o verdadeiro se expressar.

O intervalo entre os dois é chamado pelos místicos de "noite escura da alma" – uma expressão bem apropriada. Você não é mais o falso e ainda não é o verdadeiro. Você está no limbo, não sabe quem você é. No Ocidente, principalmente, o problema é até mais complicado. Porque não desenvolveram nenhuma metodologia para descobrir o verdadeiro o mais rápido possível e abreviar essa noite escura da alma.

O Ocidente não sabe nada a respeito da meditação, e a meditação é só um nome para "ficar sozinho, em silêncio, esperando que o verdadeiro se firme". Ela não é uma ação; é um relaxamento silencioso – porque qualquer coisa que você faça virá da sua personalidade falsa – anos de uma personalidade falsa imposta pelas pessoas que você amou,que você respeitou – e elas não tinham intenção de lhe fazer nenhum mal.

As intenções delas eram boas, elas só não tinham consciência. Não eram pessoas conscientes – os seus pais, os seus professores, os seus sacerdotes, os seus políticos – eles não eram pessoas conscientes, pelo contrário.  E até uma boa intenção nas mãos de pessoas inconscientes 
vira um veneno.

Portanto, sempre que você está sozinho, surge um medo profundo – porque de repente o falso começa a desaparecer, e o verdadeiro vai demorar um tempo. Faz anos que você o perdeu.  Você terá de levar em conta que essa lacuna tem de ser transposta.
 
A multidão é essencial para que o eu falso exista. No momento em que está sozinho, você começa a entrar em pane. É então que você precisa entender um pouquinho de meditação.
 
Não se preocupe, aquilo que pode desaparecer é bom que desapareça. Não há razão para se agarrar a isso - isso não é seu, não é você. Ninguém mais pode responder à pergunta, "Quem sou eu?" – você saberá.

A meditação ajuda a acabar com o falso. Mostra a você o verdadeiro – ninguém pode dar isso a você. Nada que possam lhe dar pode ser verdadeiro. O verdadeiro você já tem; basta jogar fora o falso.

A meditação é só a coragem de ficar em silêncio e sozinho. Bem devagarzinho, você começa a sentir uma nova qualidade em si mesmo, uma nova vivacidade, uma nova beleza, uma nova inteligência – que:

não é emprestada de ninguém; ela brota dentro de você. 
Ela tem raízes na sua existência.

  E, se você não for covarde, isso fluirá, florescerá.

Osho, em "Emoções: Liberte-se da Raiva,
do Ciúme, da Inveja e do Medo“

O ocidental é barulhento, versátil, rápido em tudo que faz. Para nós, latinos, mais importante é a ação; não aprendemos ainda a relaxar. Confundimos relaxamento com dormir mais um pouco, ir a uma praia, beber com amigos ...etc. Cuidamos mais da personalidade e muito pouco do espírito. Osho está certo. Precisamos praticar a meditação. Penetrar na esfera do silêncio e contatar mais vezes o mundo espiritual, do qual somos parte também. Que tal experimentar a meditação ? KyraKally
 


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