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sábado, 8 de novembro de 2014

A Pedagogia do Caminho Espiritual
 
Sentado com a coluna ereta, respiro profundamente e relaxo o corpo enquanto a mente se concentra: respirar é como aprender. Com o ar puro, entram energias e conhecimentos novos. Com a saída do ar velho, morre o passado e abre-se espaço para a vida nova.

O grande desafio da vida é aprender o que vale a pena ser aprendido e usar bem o que sabemos – ou pensamos que sabemos. De qualquer modo, uma coisa é certa: a lei da evolução impõe que cada um seja o tempo todo aluno e professor.

  De fato, os trilhões de seres vivos do planeta formam
uma única e grande comunidade de aprendizado.

Tudo que há no  universo evolui, e toda evolução é um aprendizado. Há uma inteligência do universo, segundo constatou Albert Einstein; e ela ganha força com a evolução das galáxias,  assim como cada pequeno pássaro individual recolhe experiências específica para a sabedoria da sua espécie.

Na humanidade, não há ninguém tão sábio que não tenha nada a aprender, e ninguém tão ignorante que não possa ensinar algo significativo. Para o sábio, que aprendeu a aprender, as pedras, o vento e a chuva ensinam lições importantes. Pitágoras, por exemplo, lia o futuro observando o voo dos pássaros.

É verdade que, para aprender mais rapidamente, é necessário libertar-se da prisão dos conhecimentos acumulados. A diferença entre o cidadão que busca a sabedoria e o grande sábio que atingiu a perfeição é que este último não olha o futuro com base apenas na memória. Como Sócrates, ele sabe que nada sabe.

Livre das acumulações do passado, ele mora no vazio que é plenitude e usa apenas o conhecimento que é necessário para cada momento. O cidadão comum, por sua vez, vive apenas o que já aprendeu da vida. Por isso sua visão é relativamente estreita, o que dificulta o aprendizado. Aquele que possui opiniões fixas ou tem medo de parecer ignorante não é capaz de olhar a realidade de frente. 

Platão ensinava que qualquer processo de aprendizagem é uma lembrança ou recordação de algo que nossa alma imortal, de algum modo, já sabia. A palavra técnica é anamnese. Segundo a tradição esotérica, há algo em nós (atma) que é onissapiente e pode saber todas as coisas. A nossa curiosidade por aprender é o impulso natural de trazer para a consciência cerebral o que está presente na alma.

Temos à nossa disposição o conjunto dos conhecimentos e experiências acumulados pela humanidade. O acesso a este oceano de sabedoria, no entanto, depende do grau de evolução de cada indivíduo e da comunidade em que vive. Como a humanidade está longe da perfeição, também há erros acumulados e, às vezes, buscando o oceano, cai-se num pântano.

Todos os animais, racionais ou não, possuem essa onissapiência latente. No caso humano, porém, o acesso à sabedoria comum da espécie depende de processos culturais e psicológicos mais complexos, que às vezes causam bloqueios. Há alguns séculos, por exemplo, a espécie humana está vivendo uma etapa individualista muito forte que, embora necessária à evolução, também tem causado grande dor.

Essa experiência serviu para fortalecer o indivíduo da espécie, mas veio com uma carga de ignorância egoísta bastante expressiva. Assim, acabamos esquecendo algo que todo pássaro, golfinho ou gato sabem: o conhecimento. Mesmo sendo racionais, podemos relembrar esse fato que está inscrito em nossa alma.

A comunidade de aprendizado
deve ser uma comunidade de conhecimento.
 O saber produzido por todos pertence a todos.

Ao reconhecer hoje o fato de que a vida é um grande processo de aprendizagem, percebemos que todo conhecimento importante pertence, em última análise, ao conjunto da sociedade. Então rompemos o pesadelo individualista e começamos a olhar com novos olhos tudo que aprendemos ou ensinamos a cada momento. E nos perguntamos:

Estou aberto à transformação? 

O que é mais importante para mim:
 o que quero aprender, ou o que penso que já sei?

O envelhecimento mental consiste exatamente na perda da curiosidade. O processo é independente da idade biológica. Um jovem de 80 anos aprende as lições da vida momento a momento. Um velho de 30 anos pode não ter interesse ou paciência para colocar-se como aprendiz diante da vida.

 
Carlos C. Aveline


Precisamos dedicar mais tempo para nós mesmos. Necessitamos parar todos os dias, pelo menos por alguns minutos, e refletir a respeito  do que estamos aprendendo e ensinando a cada momento. Não fazemos ideia da nossa participação no curso da vida, então temos que ser mais responsáveis em nossas ações, sentimentos e pensamentos.   KyraKally






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