A
Pedagogia do Caminho Espiritual
Sentado
com a coluna ereta, respiro
profundamente e relaxo o
corpo enquanto a mente se concentra: respirar é como aprender. Com
o ar puro, entram energias e conhecimentos novos. Com
a saída do ar velho, morre o passado e
abre-se espaço para a vida nova.
O grande desafio da vida é aprender o que vale a pena ser aprendido
e usar bem o que sabemos – ou pensamos que sabemos. De qualquer modo, uma coisa é certa: a lei da evolução impõe que
cada um seja o tempo todo aluno e professor.
De fato, os trilhões de seres vivos
do planeta formam
uma única e grande comunidade de
aprendizado.
Tudo
que há no universo evolui, e
toda evolução é um aprendizado. Há
uma inteligência do universo, segundo
constatou Albert Einstein; e ela
ganha força com a evolução das galáxias, assim
como cada pequeno pássaro individual recolhe experiências específica para
a sabedoria da sua espécie.
Na humanidade, não
há ninguém tão sábio que não tenha nada a
aprender, e ninguém tão
ignorante que não possa ensinar algo
significativo. Para o sábio, que
aprendeu a aprender, as pedras, o vento e a chuva
ensinam lições importantes. Pitágoras, por exemplo, lia o futuro observando o voo dos pássaros.
É
verdade que, para aprender mais rapidamente, é necessário libertar-se da prisão
dos conhecimentos acumulados. A
diferença entre o cidadão que busca a
sabedoria e o grande sábio que atingiu a
perfeição é que este último não olha o
futuro com base apenas na memória. Como Sócrates, ele sabe que nada sabe.
Livre das acumulações do passado, ele mora no vazio que é plenitude e usa apenas o conhecimento que é necessário para cada momento. O cidadão comum, por sua vez,
vive apenas o que já aprendeu da vida. Por isso sua visão é relativamente
estreita, o que dificulta o aprendizado. Aquele que possui opiniões fixas ou tem medo de parecer ignorante não é
capaz de olhar a realidade de frente.
Platão
ensinava que qualquer processo de aprendizagem é uma lembrança ou recordação de
algo que nossa alma imortal, de algum modo, já sabia. A palavra técnica é
anamnese. Segundo a tradição esotérica, há algo
em nós (atma) que
é onissapiente e
pode saber todas as coisas. A nossa curiosidade por aprender é
o impulso natural de trazer para a consciência cerebral o que está presente na
alma.
Temos
à nossa disposição o conjunto dos conhecimentos e
experiências
acumulados pela humanidade. O acesso a este oceano de sabedoria, no entanto,
depende do grau de evolução de cada indivíduo e da comunidade em que vive. Como
a humanidade está longe da perfeição, também há erros acumulados e, às vezes, buscando
o oceano, cai-se num pântano.
Todos
os animais, racionais ou não, possuem
essa
onissapiência latente. No
caso humano, porém, o acesso à sabedoria comum da espécie depende de processos
culturais e psicológicos mais complexos, que às vezes causam bloqueios. Há alguns séculos, por exemplo, a espécie humana está vivendo uma etapa
individualista muito forte que, embora necessária à evolução, também tem causado grande dor.
Essa
experiência serviu para fortalecer o indivíduo da espécie, mas veio com uma
carga de ignorância egoísta bastante expressiva. Assim, acabamos esquecendo
algo que todo pássaro, golfinho ou gato sabem: o conhecimento. Mesmo
sendo racionais, podemos relembrar esse fato que está inscrito em nossa alma.
A
comunidade de aprendizado
deve
ser uma comunidade de conhecimento.
O saber produzido por todos pertence a todos.
Ao
reconhecer hoje o fato de que a vida é
um grande processo de aprendizagem, percebemos
que todo conhecimento importante pertence, em última análise, ao conjunto da
sociedade. Então
rompemos o pesadelo individualista e começamos a olhar com novos olhos tudo que
aprendemos ou ensinamos a cada momento. E nos perguntamos:
Estou
aberto à transformação?
O que é mais importante para mim:
o que quero aprender, ou o que
penso que já sei?
O envelhecimento mental consiste exatamente na perda da curiosidade. O processo é independente da idade biológica. Um jovem de 80 anos
aprende as lições da vida momento a momento. Um velho de 30 anos pode não ter
interesse ou paciência para colocar-se como aprendiz diante da vida.
Carlos
C. Aveline
Precisamos dedicar mais tempo para nós mesmos. Necessitamos parar todos os dias, pelo menos por alguns minutos, e refletir a respeito do que estamos aprendendo e ensinando a cada momento. Não fazemos ideia da nossa participação no curso da vida, então temos que ser mais responsáveis em nossas ações, sentimentos e pensamentos. KyraKally
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