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segunda-feira, 26 de junho de 2017

VERDADE PURA - Parte III


Ashtavakra respondeu: 
Oh amado, se você quiser libertação, 
então renuncie à paixão como veneno, 
e tome o perdão, a inocência, a compaixão, contentamento e a verdade como néctar.


... se você quiser libertação, então renuncie à paixão como veneno. A palavra vishaya, paixão, é muito significante. Ela é derivada de visha, veneno. Visha significa uma substância que se alguém comer, morre. Vishaya significa aquilo que se consumirmos, morreremos repetidas vezes. Com paixões nós morremos repetidas vezes. Com comida nós morremos repetidas vezes; com ambições, raiva, ódio, inveja; consumindo estas coisas nós continuaremos morrendo repetidas vezes. Nós temos morrido repetidas vezes por causa dessas coisas.
 
Até agora nós não temos realmente conhecido a vida através do viver, nós temos conhecido somente a morte. Até agora em nossa vida, onde está a tocha flamejante da vida? O que existe é apenas a fumaça da morte. Desde o nascimento até a morte, nós estamos morrendo aos poucos. Nós estamos vivendo? Nós morremos a cada dia. O que nós chamamos vida é um contínuo processo de morte.
 
Nós ainda não conhecemos a vida. Como nós podemos estar vivendo? O corpo continua se enfraquecendo a cada dia, a força continua diminuindo a cada dia. O divertimento e a paixão continuam chupando nossa energia a cada dia, continuam nos envelhecendo. Paixões e desejos são como buracos, e a nossa energia e o nosso ser se esgotam através deles. No final, o nosso balde está vazio. Isto é o que nós chamamos morte.
 
Você já observou? Se você atira um balde cheio de buracos dentro do poço, assim que ele afunda na água, parece que ele está cheio. Puxe a corda e levante o balde para fora da água e imediatamente ele começa a se esvaziar. Isto cria uma grande comoção. É isto que você chama vida? Caindo correntes de água. É isto que você chama vida? E na medida em que o balde se aproxima de suas mãos, ele se torna cada vez mais vazio. Quando ele chega às suas mãos, ele está vazio. Não há mais uma gota-d’água sequer. Assim é a nossa vida.
 
Uma criança, antes de nascer, parece estar cheia. Basta nascer e ela começa a se esvaziar. O primeiro dia de nascimento é o seu primeiro dia morrendo. Ela começa a se esvaziar: um dia morto, dois dias mortos, três dias mortos. O que você chama de aniversário, data do nascimento, deveria ser a data de sua morte. Estaria mais próximo da verdade. Você morreu por um ano e diz que um ano de vida aconteceu. Você tem morrido por cinqüenta anos e diz que viveu cinqüenta anos. ‘Vamos celebrar minhas bodas de ouro’. E você morreu por cinqüenta anos. A morte está se esboçando cada vez mais enquanto a vida está retrocedendo: o balde está se esvaziando. Você baseia o seu conceito sobre a vida naquilo que está retrocedendo ou naquilo que está se esboçando cada vez mais? Que tipo de inversão aritmética é esta? Nós estamos morrendo a cada dia, a morte se aproxima rastejando.
 
Ashtavakra diz que paixões são venenosas porque cedendo a elas nós simplesmente morremos. Nós nunca conseguiremos vida alguma através delas.

Ashtavakra respondeu: Oh amado, se você quiser libertação, então renuncie à paixão como veneno, e tome o perdão, a inocência, a compaixão, o contentamento e a verdade como néctar.

Néctar significa aquilo que dá vida, aquilo que dá imortalidade, ambrosia – aquilo que quando alguém encontra, não morre jamais.
 
Então o perdão. A raiva é veneno. Perdão é ambrosia.
 
Inocência. Astúcia é veneno. Simplicidade, inocência é néctar.
 
Compaixão. Insensibilidade, crueldade é veneno. Bondade, compaixão é néctar.
 
Contentamento. O verme do descontentamento segue devorando tudo. O verme do descontentamento se aloja no coração como um câncer. Ele continua penetrando internamente e espalhando veneno.
 
Contentamento. Satisfação com aquilo que é, sem desejo por aquilo que não é. Aquilo que é, é mais do que suficiente. Aquilo que é, é mais do que necessário. Abra seus olhos um pouco e veja.
 
Não é preciso impor contentamento na vida. Se você olhar atentamente, descobrirá que o que você tem é mais do que o que necessita. Você continua recebendo aquilo que você quer, você sempre obteve aquilo que você quis. Se você quis infelicidade, você obteve infelicidade. Se você quis felicidade, você obteve felicidade. Se você quis algo errado, você obteve. Os seus desejos modelaram a sua vida.
O desejo é a semente e a vida é a sua colheita.
 
Vida após vida você tem obtido aquilo que você deseja. Muitas vezes você acha que desejou uma coisa e recebeu outra. O erro não está naquilo que desejou, você apenas escolheu uma palavra errada para aquilo que desejou. Por exemplo, você quer sucesso e obtém fracasso. Você diz que você fracassou porque o que você queria era o sucesso. Mas aquele que desejou o sucesso já aceitou o fracasso. Internamente ele estava com medo do fracasso. Por causa da possibilidade do fracasso, ele desejou o sucesso. E sempre que ele deseja o sucesso, a ideia do fracasso surge; a ideia do fracasso continua se fortalecendo. Algumas vezes ele será bem sucedido mas é certo que passará a sua jornada pela vida enfrentando fracassos após fracassos. A sensação de fracasso continua se aprofundando. Ela se aprofunda tanto que um dia ela se manifesta. Então você reclama que você queria o sucesso. Mas ao querer o sucesso, você pediu pelo fracasso.
 

OSHO – Enlightenment: The Only Revolution 
Tradução: Sw. Bodhi Champak 
 
Fonte:http://www.oshobrasil.com.br

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