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segunda-feira, 26 de junho de 2017

VERDADE PURA - Parte II


Janak perguntou:
 ...Como acontece a libertação? 
E como o desapego é alcançado? 
Oh Senhor, por favor, fale-me isto.



Ashtavakra deve ter olhado com atenção para Janak, porque isto é a primeira coisa que um mestre faz quando alguém lhe formula uma pergunta. Ele observa atentamente: De onde esta pergunta surgiu? Por que a pessoa formulou tal pergunta? A resposta do mestre só pode ser significante se ele compreender claramente porque a pergunta foi formulada.
 
Lembre-se: uma pessoa que alcançou a verdade, um mestre, não responde à sua pergunta. Ele responde a você.
 
Ele não se importa muito com o que você pergunta, ele está mais interessado em saber por que você perguntou, o que está por trás da pergunta, o complexo escondido no inconsciente, qual desejo está realmente escondido por trás da tela de sua pergunta.
 
Existem quatro tipos de pessoas no mundo: o sábio, o buscador, o ignorante e o idiota. E existem quatro tipos de perguntas. A primeira pergunta é sem palavras, é a pergunta do sábio, do gyani, daquele que sabe. Na verdade, a pergunta de um sábio não é uma pergunta. Ele sabe, nada ficou sem saber. Ele já alcançou, a mente tornou-se clara e calma. Ele chegou em casa, ele chegou ao estado de relaxamento.

Assim, a pergunta de um gyani não é uma pergunta. Isto não significa que ele não esteja pronto para aprender. Um gyani se torna simples, como uma criança; ele está sempre pronto para aprender. Quanto mais você aprende, mais a prontidão para aprender aumenta. Quanto mais você se torna simples e inocente, mais você se abre ao aprendizado.O vento chega e encontra a sua porta aberta. O sol chega e não precisa bater na porta. A existência chega e o encontra sempre disponível.

Um gyani não coleciona conhecimentos, ele simplesmente tem a capacidade de conhecer. Compreenda isto bem, porque será útil para você. ‘Gyani’ simplesmente significa aquele que está totalmente aberto para aprender, aquele que não tem qualquer prejulgamento, aquele que não tem qualquer amortecedor contra o aprendizado, aquele que não tem qualquer sistema ou estrutura de conhecimento montado previamente. Um gyani significa um dhyani, aquele que é meditativo.

Ashtavakra deve ter observado cuidadosamente, olhado dentro de Janak e visto que aquela pessoa não era um gyani, ele não havia atingido a meditação, caso contrário, a sua pergunta teria sido silenciosa, não haveria palavras nela. (...)

Ashtavakra deve ter olhado cuidadosamente.

Quando você vem a mim e pergunta alguma coisa, você é uma pergunta mais importante do que o que você perguntou. Algumas vezes você pode perceber que eu respondi a uma pergunta que você não formulou. E talvez você pode até mesmo perceber que eu evitei a sua pergunta, deixei-a de lado e respondi alguma outra coisa. Mas para mim, a sua necessidade interna é sempre mais importante, o que você pergunta não é importante, porque você não sabe realmente o que está perguntando nem porque está perguntando. A resposta é dada somente para a sua necessidade, nada na resposta é definido pela sua pergunta.

Ashtavakra deve ter visto que Janak não era um gyani. Seria ele ignorante então? Não, ele também não era ignorante, pois a pessoa ignorante é arrogante, ela se levanta cheia de orgulho. Ela não sabe nem mesmo como curvar-se em reverência, e este homem curvou-se aos seus pés, prostrou-se totalmente aos pés de um garoto de doze anos. Isto é impossível para um ignorante. O ignorante pensa que já sabe. Quem vai lhe explicar alguma coisa? Se uma pessoa ignorante pergunta, é apenas para provar que você está errado, porque o ignorante presume que ele já sabe e só quer ver se você também sabe ou não. A pessoa ignorante pergunta para testá-lo.

Ashtavakra deve ter pensado, ‘Não, os olhos de Janak são muito claros. Embora ele seja um rei, ele perguntou-me, a um desconhecido, a um garoto de doze anos, ‘Oh Senhor, por favor, explique-me...’ Não, ele é humilde, ele não é ignorante. Seria ele um idiota? Idiotas nunca perguntam. Idiotas nem têm a idéia de que existe algum problema na vida.’

Existe uma semelhança entre os idiotas e os iluminados. Para os iluminados, nenhum problema permanece; para os idiotas nenhum problema sequer surgiu. Os iluminados foram além dos problemas; os idiotas nem entraram neles. Os idiotas são muito inconscientes, como podem formular perguntas? É impossível um idiota perguntar ‘O que é sabedoria?’, ou ‘O que é libertação?’ ou ‘O que é desapego?’

E se um idiota perguntar, ele perguntará como satisfazer suas paixões, como prolongar a sua vida. Libertação? Não, um idiota perguntará como tornar as suas correntes douradas, como colocar diamantes em suas correntes.Se um idiota pergunta, serão tais coisas. Sabedoria? Um idiota não consegue imaginar que sabedoria possa existir. Ele não consegue aceitar nem mesmo a possibilidade. Ele dirá, ‘O que é sabedoria?’ Um idiota vive como um animal.

Não, Janak não é um idiota. Ele é um mumukshu, um buscador da verdade. A palavra ‘mumukshu’ precisa ser entendida. Mumukshu é o desejo por libertação, o desejo por moksha.

Ele ainda não alcançou a libertação, ele não é um gyani. Ele não está de costas para a libertação, ele não é um idiota. Ele não está preso a quaisquer idéias tradicionais a respeito de libertação, ele não é um ignorante. Ele é um mumukshu. Mumukshu significa que a sua pergunta é simples e direta. Ela nem está corrompida por idiotices nem distorcida por preconceitos ignorantes. Sua pergunta é pura, ele pergunta com uma mente inocente. 
 
 


OSHO – Enlightenment: The Only Revolution 
Tradução: Sw. Bodhi Champak 
 
Fonte:http://www.oshobrasil.com.br

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