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sexta-feira, 2 de junho de 2017

A TENSÃO E O RELAXAMENTO




Aprenda primeiro a observar nos outros. Repare nos olhos.Você pode distinguir quando há um estado de tensão nos olhos de seu interlocutor. Repare nas rugas da testa. Observe os estados dos músculos faciais e suas contrações, seus movimentos automáticos (tiques).

Fique parado numa calçada qualquer de uma rua bastante movimentada e repare nas fisionomias dos que passam. Veja esta procissão triste de pessoas avassaladas pela tensão. Note como andam apressadas. Na maioria, a pressa é sem necessidade, motivada quase sempre pela tensão muscular e nervosa generalizada. Repare nos gestos dos transeuntes. São gestos maquinais, inconscientes, não determinados por exata finalidade.

Observe como fumam. Os tensos fumam sem parar, sem reparar que estão fumando demais, ou melhor, que estão sendo fumados. Veja como os fumantes — raríssimos não são tensos — em realidade, são manejados e se comportam como se fossem máquinas. Veja como a delicadeza, a bondade, a suavidade desertaram das calçadas.

Repare como trocam palavras, gestos e olhares de ódio dois motoristas que mutuamente se atrapalham no tráfego. Note como aquele senhor faz mil e tantos gestos absolutamente injustificáveis: sentado, uma perna sobre a outra, a repetir chutes no ar; tamborila os dedos na mesa de trabalho; espicha o queixo como a desafogar-se de um colarinho inexistente, pois veste camisa esporte, sem gola...

Já reparou, num restaurante, como as pessoas comem? Olhe só aquele gorducho cortando o bife. De olhos esbugalhados, age como a impedir o bife de fugir do prato. Seu companheiro de mesa não mastiga. Engole os pedaços e, para ajudar automaticamente, vai derramando cerveja pela goela abaixo. . .

Observe o tom e a rapidez com que as pessoas falam. Voz aveludada, sem pressa, expressiva, compassada, delicada, comunicativa é coisa que você raramente ouve. Ao contrário, note seu próximo interlocutor. É provável que evidencie seu estado de tensão pela voz metálica e fina, pela má articulação das palavras, pela exuberância de gesticulação, pela participação exagerada dos olhos, da face, das veias do pescoço, da disritmia da respiração, quando não da gagueira aflita. . .

Tudo isto é o que mais se vê em todos, e serve para evidenciar o caráter epidêmico da tensão, bem como a necessidade de um aprendizado do pobre homem moderno para defender-se desta coisa ruim.

Depois de ter observado nos outros, nada melhor do que uma autognose, isto é, conscientização de si mesmo, neste aspecto fundamental da vida. Agora será mais fácil. Será que você também está com o hábito de andar apressado, de falar apressado, de comer apressado? Será que, você agora mesmo, está lendo este artigo enquanto sua mão inquieta bate no braço da cadeira ou então o agarra com esforço desnecessário?

Será que você já perdeu a capacidade de sentar-se e ficar com o corpo quieto, as mãos soltas e paradas, os olhos límpidos expressando paz, o rosto descontraído?!. . . Você é também dos que olham para o relógio de forma tão maquinal, que se lhe perguntarem a hora, terá de voltar a ver o mostrador?

Será que você tomou consciência dos seus últimos movimentos físicos? Será que, sendo fumante, toma consciência de quando vai acender um novo canudinho de veneno? Procure sentir seu semblante. Ele está agora todo desenrugado? Tome consciência de si mesmo quando come, quando dialoga com alguém, quando anda, quando trabalha, quando repousa (ou melhor, tenta repousar).

Não deixe de observar-se. Pratique Hatha Yoga para relaxar. Faça permanente a auto-observação, procurando diagnosticar se está agindo feito máquina ou como um ser livre; se está agindo mais do que o necessário; se está agindo na direção e na medida certas. Não se descuide de perscrutar-se sempre, para saber se está sendo dominado pela tensão, e se está sendo envolvido no manto negro do bandido — o stress.

Procure ver se está tenso. Não para lastimar-se e contrair-se mais, o que seria infantil e ruim, mas para descobrir o que fazer para safar-se, isto é, descobrir a área do corpo ou de sua vida ou de sua ação onde é preciso comandar: relaxe!

Com o identificar a presença da tensão você está se defendendo, e se libertando também. Sua capacidade de, em certas situações da vida, ver que está ficando tenso e profilático, isto é, pode aumentar sua imunidade contra uma imensidade de incômodos, como enxaqueca, insônia, hipertensão, disritmia, mal-estar indefinido, úlcera gástrica, gastrite, prisão de ventre, rinite alérgica, finalmente todos os diferentes modos da tensão que martirizam os seres humanos.

Aprenda a descobrir quais os músculos seus que estão enrijecidos, contraídos, se desgastando à toa e em seu prejuízo. Assim, verá crescer sua imunidade contra o medo, a ansiedade, a angústia, o ódio e a insegurança. Se você se torna capaz de ver que está para estourar, ou melhor ainda, verificar que está acumulando cargas emocionais explosivas, estará automaticamente se defendendo da hiper emotividade, que poder causar desastres; romper amizades; quebrar objetos por incontida fúria; lançar o carro contra outro, por estúpida exasperação; bater injustamente num filho; ou ofender a pessoa que mais ama, por causa da agressividade mal liberada.. .

Será que preciso ainda insistir para que você procure, serena e terapeuticamente, diagnosticar suas tensões, seus estados de perigoso e nocivo engatilhamento? Você verá que, aprendendo a fazer isto, dormirá melhor, maior será sua assimilação, seus piores sintomas serão minimizados. Conhecerá então uma vida nova.

É como, se, até aqui, estivesse na caminhada da vida carregando um fardo pesado, estúpido e inútil e agora o largasse onde deve ficar, isto é, na beira da estrada. Que desembaraço! Que alívio! Que beleza! Que paz você vai gozar sem esta carapaça frustradora que é a tensão! Mas ainda melhor do que a auto-observação é a preciosa capacidade de relaxar-se. Daí a necessidade da Hatha Yoga.
 
 

Prof. Hermógenes
Fonte:yogaensinamentos 



 "Só o silêncio pode conter a sabedoria quando a vida está em risco. Nos primeiros 30 segundos de tensão cometemos os maiores erros de nossas vidas: ferimos quem mais amamos. Por isso o silêncio é a oração dos sábios".  (Augusto Cury) 

 

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