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sábado, 17 de junho de 2017

AGARRE-SE FIRMEMENTE AQUILO QUE NÃO TEM SUBSTÂNCIA 
NEM EXISTÊNCIA



Agarre-se firmemente àquilo que não tem substância nem existência. Temos aqui duas coisas. A matéria tem substância; é substancial. Se eu atirar uma pedra em você, há nela substância, massa. Ela o atingirá; matéria é substância. Mas o que é a mente? O que é você, em seu interior, em sua consciência?

A consciência não é uma substância. Ela existe, tem existência, mas não é uma substância. Não posso atirar uma consciência em você. E, mesmo se eu pudesse, você não seria atingido. A consciência existe; a matéria subsiste. A matéria tem substância; a consciência tem existência.

Este sutra diz: Agarre-se firmemente àquilo que não tem nem substância nem existência. O divino não tem nem uma nem outra. Ele não é como a matéria, não é como a substância. Ele não é como a mente ou a consciência. Você não pode dizer que Deus é substância e não pode dizer que Deus existe.

Há muitas razões para isso. Quando você diz que Deus existe, está fazendo uma afirmação tautológica, uma repetição. Quando digo que esta mesa existe, essa afirmação é significativa, porque a mesa pode deixar de existir; podemos destruí-la. Mas quando digo que Deus existe, trata-se de uma afirmação sem sentido, porque Deus não pode deixar de existir e não pode ser destruído. A existência é significativa somente se a não existência for possível. Se a não existência é impossível, a existência não tem sentido.

Quando você diz que Deus existe, o que você quer dizer? Que Deus pode não existir? Então, essa afirmação seria significativa. Mas se você quer dizer que ele não pode estar num estado de não existência, então o que você realmente está dizendo é que Deus é existência, e não que Deus existe.

Deus não pode existir; Deus somente pode ser a existência. Quando digo que a mesa existe, a mesa não é a existência. Ela pode sair da existência; portanto, a proposição é significativa. Quando digo que Deus existe, a proposição é sem sentido, porque ele não pode sair da existência. Quando digo que Deus existe, estou dizendo que a existência existe. Uma tautologia, uma repetição, inútil. Até mesmo dizer que Deus é trata-se de uma proposição sem sentido, porque ele é o próprio estado de ser. Não há necessidade de se dizer é. Deus não é; ele é o estado de ser.

Você não pode dizer que Deus é substância, assim como não pode dizer que ele existe. Ele está além de ambos: além da matéria e além da mente. Ou, ele é as duas. De qualquer maneira, ele transcende.

Assim, estas são as últimas instruções para o discípulo, quando está prestes a penetrar no templo do divino. Nada mais pode ser dito.

Lembre-se, Deus não é matéria. Possuímos uma ideia de Deus enquanto matéria. É por isso que criamos ídolos, criamos templos, fazemos imagens. Substâncias!

O islamismo não permite que se façam ídolos de Deus justamente por este motivo: para que Deus não seja identificado, de modo algum, com a matéria. Nenhum ídolo, nenhuma imagem pode ser feita de Deus, porque uma imagem produz a ideia de substância, e ele não é substância.

Mas então concebemos Deus enquanto mente: o controlador, o criador, o que dá o sustento. Temos uma vaga ideia de Deus como uma mente suprema, que está sentado em algum lugar no céu controlando todas as coisas. Mas, nesse caso, Deus torna-se a mente. Ele pode ser um notável engenheiro ou, como diz Platão, um grande matemático, mas a ideia é de que ele é a mente. Ele não é nem mente nem matéria. Ele está além de ambas.

Este sutra diz: lembre-se dessa transcendência. Ele não é nem o exterior nem o interior. Não é nem o corpo nem a mente. Não é nem uma coisa nem um pensamento. Antes de você penetrar no templo supremo de onde nenhum retorno é possível, lembre-se disto: Agarre-se firmemente àquilo que não tem nem substância nem existência.


Osho, em A Nova Alquimia
Fonte:http://www.centrometamorfose.com.br 

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