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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

EU SOU A LUZ DO MUNDO

"O sopro sopra onde quer"
Me segredou uma voz silente...
descansei os remos...
icei as velas da minha nau...
e as místicas auras do Infinito
enfunaram o alvejante velame...
Deixei-me levar pela suave veemência
dos sopros de Deus...
Deslizei, silencioso e veloz,
pela infinda vastidão dos oceanos cósmicos...
empunhando, firme, o leme da nau
rumo ao grande Além-de-dentro...
Era tão sonoro o silêncio que me cercava...
era tão luminosa a escuridão que me envolvia...
era tão transbordante a vida invisível que me animava...
era tão intensa a beatitude anônima
que cantava nas profundezas do meu ser...
transbordaram de pranto meus olhos...
se de tristeza, se de alegria...
se de pesar, se de prazer...
se de arrependimento, se de amor -
nada disto sei...
nada disto quero saber...
era, certamente, por tudo isto,
e por muito mais ainda...
Porque estuavam em mim os vulcões da Eternidade,
as crateras ígneas fo Infinito...
Corria o fluxo do meu pranto -
Porque eu sabia, finalmente,
o que era Deus...
o que era Eu...
Sabia que Deus estava em mim -
e que Eu estava em Deus...
e esse saber é terrificamente suave,
suavemente terrífico...
é terremoto, tempestade, incêndio de Pentecostes...
Aconteceu em mim o mais estupendo prodígio -
o meu encontro com Deus...
as núpcias misticas entre a branca Vestal de minha alma
e o divino Esposo...
Encarnara em mim o eterno Logos -
e eu vi a sua glória,
cheia de graça e verdade...
Acontecera em mim o Deus do Universo,
o Universo de Deus...
por isto, transbordaram os meus olhos
da plenitude de meu coração...
...
E a minha barquinha foi deslizando,
silenciosa e célere,
à suave veemência das auras de Deus...
e minha alma murmurava, em estático enlevo,
ditos indizíveis...

E desde esta noite mística,
em que levíssimas auras de Deus sucederam
ao pesado esforço do meu ego,
tudo que me era difícil me é fácil...
tudo que era amargo me é suave...
tudo que era escuro me é luminoso...
tudo que era pesado me é leve...
tudo que era lacrimoso me é sorridente...
Desde que te encontrei em mim, ó Deus!
Dede que me encontrei em ti, ó Mestre! 
..."E toda alma humana é crística por sua própria natureza."

Cristifica-me, pois, ó luz pura do Cristo
para que eu me torne em todas as minhas existências
o que sou em minha essência!
Que a divina pureza da luz cósmica que sou
me conserve puro em todas as impurezas terrenas!
Que a luz do amor me preserve de todas as trevas dos amores
e dos desamores!
Que a luz cósmica que sou eclipse todas as trevas que tenho...
Vivifique todas as minhas mortalidades...
embeleze toas as minhas fealdades...
alegre todas as minhas tristezas...
suavize todas as minhas amarguras...
sane em mim todas as enfermidades...
 
 "É ele (o Cristo) a luz verdadeira
que ilumina todo homem que vem a este mundo...
e os que recebem em si essa luz
recebem o poder de se tornarem filhos de Deus"



Por Huberto Rohden,  extraído do livro "A Voz do Silêncio


 

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