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domingo, 14 de fevereiro de 2016

A VIDA TODA É BELA - I
 
Não Há Coisa Alguma Sem Vida no Universo, 
e a Lei do Equilíbrio Une Tudo o que Existe
 
 
“Devemos viver com felicidade, pois, 
nós que nada possuímos. Vivamos como os Seres
Iluminados, alimentados pelo contentamento.”  
 (O Dhammapada)
 
 
Nenhum obstáculo resiste ao poder universal da fraternidade. A simples capacidade de manter-nos leais à ideia de sinceridade em nosso coração contém em si uma quantidade ilimitada de energia e pode mudar o mundo inteiro a seu devido tempo.  
 
O poder da amizade e da confiança mútua no trabalho por uma causa nobre não pode ser facilmente calculado.
 
É quando deixa de viver para o mundo do egoísmo que um ser humano começa a viver de fato.  A verdade do altruísmo leva à ajuda mútua, e a ajuda mútua produz níveis superiores de felicidade. Assim passamos a compreender que nenhum mal existe realmente, seja em nós mesmos ou nos outros, ou ainda no universo.
 
A vida e a natureza se desdobram em ciclos, e nenhuma parte do círculo pode ser vista como “má” do ponto de vista da teosofia.
 
Cada uma das partes de uma linha do tempo traz lições de coragem e desapego. Observando as várias fases da roda da vida, obtemos uma sabedoria que se refere a começos e finalizações. Não basta aprender a começar novas atividades. Devemos saber consolidá-las, preservá-las - enquanto elas forem corretas e úteis -; administrar a fase final das suas operações;  e finalmente a abrir mão por completo delas quando chega o momento de concluir o ciclo todo.
 
A vida nos dá o que necessitamos aprender, e não necessariamente o que desejamos. Podemos obter e preservar o que merecemos. Sempre que obtemos algo do qual não estamos à altura, ou que merecemos apenas em parte, são inevitáveis as compensações cármicas. A lei do carma não abre exceções. Em diferentes circunstâncias, podemos crescer em sabedoria, e também podemos não crescer. É perfeitamente possível avançar ou falhar. Cada fracasso é parte de um processo mais amplo de aprendizagem que não é sempre fácil de compreender a curto prazo. No entanto, a vida em si mesma jamais falha. Ela nos ensina sabedoria em todos os aspectos e em cada fase da nossa existência. A aprendizagem não fica limitada a um indivíduo ou uma comunidade. Ao contrário. Nossos ciclos pessoais são instantes passageiros da verdadeira Realidade.
 
A vida de longo prazo inclui diferentes tipos de humanidade em vários globos, e se desdobra ao longo de eras imensuráveis, passadas e futuras. Ao examinar alguns dos ciclos maiores do universo, H. P. Blavatsky escreveu:
 
“Ao inaugurar um período de atividade, diz a Doutrina Secreta, ocorre uma expansão desta essência Divina desde fora para dentro e desde dentro para fora, de acordo com a lei eterna e imutável; e o universo visível, ou fenomênico, é o resultado último da longa cadeia de forças cósmicas assim colocadas progressivamente em movimento. De modo semelhante, quando é retomada a condição passiva, ocorre uma contração da essência Divina e o trabalho anterior de criação é gradual e progressivamente desfeito. O universo visível fica desintegrado, e o seu material, disperso; e só a ‘escuridão’, solitária, domina uma vez mais a face do ‘profundo’. Para usar uma metáfora dos Livros Secretos, que transmite a ideia ainda mais claramente, uma exalação da ‘essência desconhecida’ produz o universo; e uma inalação faz com que ele desapareça. Este processo vem ocorrendo desde toda a eternidade, e o nosso universo atual é apenas um, de uma série infinita que não teve início e não terá fim.”
 
Portanto, não pode haver verdadeira maldade no universo nem em seus ciclos. A Noite de Brahma, por exemplo, não é “má”. Não existe necessidade de os teosofistas alimentarem algum medo supersticioso. A Noite de Brahma é uma boa noite de sono, um período de descanso merecido.   
 
O Kali Yuga, igualmente, só pode ser descrito como “mau” desde um ponto de vista superficial.  Sendo um período longo de tempo, o Kali Yuga existe para que a humanidade possa aprender as lições necessárias na sua etapa atual. O Kali Yuga é nosso bom professor. Ele nos salva da nossa ignorância, e devemos ser gratos a ele. 
 
Enquanto o medo resulta da ignorância, a confiança na vida surge do verdadeiro Conhecimento. Os ciclos grandes e pequenos estão unidos por correlações, e todos sabemos como é necessário ter um período de descanso após um longo dia de trabalho.  Assim como no ciclo de 24 horas, a Boa Lei guia os sucessivos universos ao longo de Manvântaras e Pralayas, Dias e Noites, sem fim.
 
As perdas e desintegrações ocorrem dentro de ciclos de 360 graus de aprendizagem e auto-renovação. O Universo é uma escola de almas. Dentro dele nada é inútil, exceto aquilo que nega a unidade da vida ou a sua auto-renovação cíclica. Tudo o que promove a sabedoria e evita estimular as causas do sofrimento é bom. 
 
Examinando o mistério da bondade, o pensador clássico Musônio Rufo afirmou:  
 
“… Aqueles entre nós que participam de discussões filosóficas naturalmente ouviram falar na ideia de que a dor, a morte, a pobreza e outras coisas que estão livres de maldade não são, de modo algum, más; e convivem com a ideia de que, em compensação, a riqueza, a vida, o prazer e outras coisas que não participam da virtude não são boas. No entanto, embora tenhamos escutado estas ideias, devido à corrupção que foi transmitida a nós o tempo todo desde a infância, e por causa do comportamento deturpado que esta corrupção causa, pensamos que é mau que a dor venha até nós; e pensamos que é bom que ocorra o prazer.”
 
A dor traz lições; o prazer pode escravizar.
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 

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