DESDE O MEDO PARA A FELICIDADE
Localizando as Fontes da Confiança na Vida
No
segundo parágrafo da sua Declaração de Independência de 1776, Benjamin
Franklin, Thomas Jefferson e outros membros do Congresso norte-americano
mencionam algumas “verdades autoevidentes”.
A
primeira delas é que todos os homens nascem iguais. E, desde um ponto
de vista teosófico, cabe explicar: “iguais perante a Lei do Carma”.
A
segunda verdade autoevidente é que todos os homens têm alguns direitos
inalienáveis: entre eles o direito à vida, à liberdade, e à busca da
felicidade.
Destes
“direitos”, o terceiro é essencial para a filosofia teosófica, porque
se refere ao melhor uso possível das duas condições anteriores, a Vida e
a Liberdade.
Basta
observar os acontecimentos ao nosso redor para perceber que a Busca da
Felicidade está presente em todas as formas de vida. Esta meta não é uma
exclusividade do ser humano. Plotino, o neoplatônico, escreveu que as
plantas buscam a felicidade. É fácil compreender que todos os animais
compartilham a meta. Sabendo desse fato, os budistas costumam desejar
“paz a todos os seres”. O desafio específico a ser enfrentado pelo
cidadão moderno é como encontrar individualmente uma felicidade interior
durável; e de que modo alcançar uma “paz incondicional”, que não pode
ser facilmente perturbada por acontecimentos externos.
A
vida ensina que a jornada desde o medo para a felicidade não é fácil, e
não é curta. Ela exige coragem. Talvez tenhamos que nos perguntar: De
que temos medo, exatamente? E por que motivo um sentimento de
insegurança emerge uma e outra vez em nossas emoções?
As fontes externas de medo só podem entrar em ação na medida em que fontes internas
deste sentimento entram em ressonância com elas. Sem uma contrapartida
subjetiva, nenhuma ameaça externa e objetiva ou situação difícil pode
provocar desconforto psicológico.
Em
outras palavras, nosso “eu inferior” nunca tem medo de algo puramente
externo. Ele teme ao mesmo tempo algum impulso interno, algum sentimento
ou situação que põe em risco “desde o interior” o seu sentido de
segurança e continuidade.
A
existência de medo está relacionada aos desejos pessoais e à
dependência emocional em relação a coisas, lugares ou pessoas. Temos
instintivamente medo de qualquer coisa que ameace nossas esperanças e
expectativas; e estas esperanças podem ser subconscientes.
Se
adotarmos como premissas noções pouco realistas, como a ideia de que
“nunca envelheceremos” ou de que “nunca morreremos”, o medo surgirá.
Se
suprimirmos algum medo específico nas camadas voluntárias da nossa
mente, o receio se tornará subconsciente, sem deixar de existir. Ele
pode ressurgir mais tarde, sob outras formas. A raiva frequentemente
funciona como um disfarce para o medo.
Depois
de um processo de preparação subconsciente, o estudante de filosofia se
torna capaz de confrontar o seu medo central - sempre uma forma de
ignorância - e libertar-se dele. O que vale para o sentimento de
insegurança vale também para outras emoções negativas.
Parece
haver um “eixo simétrico”, uma “linha de equilíbrio” entre as fontes
internas e externas de ansiedade, bem-estar, autoconfiança e outras
sensações psicológicas.
Os estados individuais de consciência acontecem em paralelo com as circunstâncias externas, e são relativamente independentes delas. Alguém pode estar internamente feliz enquanto enfrenta uma situação externamente difícil. Pode sentir tristeza e desânimo enquanto no mundo objetivo tudo parece OK. O bem-estar interno depende da presença maior ou menor do eu superior nos acontecimentos da vida.
Os estados individuais de consciência acontecem em paralelo com as circunstâncias externas, e são relativamente independentes delas. Alguém pode estar internamente feliz enquanto enfrenta uma situação externamente difícil. Pode sentir tristeza e desânimo enquanto no mundo objetivo tudo parece OK. O bem-estar interno depende da presença maior ou menor do eu superior nos acontecimentos da vida.
Não pode haver medo
psicológico na presença de Atma e Buddhi, os princípios superiores da
consciência. Tudo é bom e belo enquanto a alma imortal está diretamente
engajada em nossa atividade. Quando o foco da consciência se estabelece
no templo do nosso ser espiritual, os apegos desaparecem e podemos ter
uma completa confiança na Vida. Isso produz o auto-esquecimento da
bem-aventurança.
A ausência de egoísmo é a roupagem externa de um novo centro da consciência: a percepção interior da nossa verdadeira identidade. “Esquecemos” do nosso ser estreito e pequeno porque enxergamos o verdadeiro eu. Uma lei geral na Natureza estabelece que todos os seres deixam de lado as formas pequenas de bem-estar, cada vez que alcançam uma felicidade grande e durável. Na transição, o eu inferior pode ainda sofrer, mas o principal foco de consciência já não estará limitado à dor pessoal nem será enganado por ela.
Como Damos Significados à Vida
A ausência de egoísmo é a roupagem externa de um novo centro da consciência: a percepção interior da nossa verdadeira identidade. “Esquecemos” do nosso ser estreito e pequeno porque enxergamos o verdadeiro eu. Uma lei geral na Natureza estabelece que todos os seres deixam de lado as formas pequenas de bem-estar, cada vez que alcançam uma felicidade grande e durável. Na transição, o eu inferior pode ainda sofrer, mas o principal foco de consciência já não estará limitado à dor pessoal nem será enganado por ela.
Como Damos Significados à Vida
Em nossas vidas diárias, o mundo interno e o mundo externo trocam “mensagens” e energias o tempo todo.
É
o modo como você conecta os fatores internos e externos em sua
consciência que faz a diferença. A maneira como você atribui significado
a fatos ou objetos, no contexto da sua “visão da vida”, faz de você uma
pessoa mais feliz ou menos feliz no processo da encarnação atual.
Antahkarana é a ponte metafórica entre consciência celeste e consciência
terrestre. É uma versão individualizada da escada de Jacó (Gênesis 28:
11-13), e ocupa um lugar central na caminhada para a sabedoria e o
contentamento.
A voz interior, que não necessita de palavras, é a voz do silêncio, e ela fala em nossa consciência através de Antahkarana.
Ouvir
este som sem som produz uma felicidade que nada pode tirar de nós.
Então um contentamento incondicional de longo prazo e uma confiança
ilimitada na vida passam a estar conosco para sempre, mesmo quando
enfrentamos obstáculos e dificuldades aparentemente grandes.
Carlos Cardoso Aveline
O texto acima foi traduzido do artigo “From Fear to Happiness”, de CCA, e apareceu originalmente na edição de dezembro de 2006 da publicação “The Aquarian Theosophist”.
A felicidade não é uma conquista, é um estado de espírito, por isso Lao Tsé adverte-nos: "Não procure a felicidade tão avidamente, e não tenha medo da infelicidade". Ambas coexistem na mesma linha imaginária. Flávio Gikovate fez uma colocação interessante ao dizer que "Atingir um estado de felicidade determina uma sensação subjetiva de medo, é uma tendência nascida dentro do próprio indivíduo para a criação de sensações ou situações destruidoras do estado conquistado". Parece-me que tememos a felicidade e Einstein sabia disso: "Evitar a felicidade com medo que ela acabe, é o melhor meio de se tornar infeliz". KyraKally
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