Translate

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

A DOR DÓI DUAS VEZES
 
Como Se Eliminam as Causas do Sofrimento
 
 
A felicidade durável é uma função do eu superior, 
e deve ser obtida através da sabedoria imortal.
 
 
A dor dói duas vezes. Na primeira vez, ela dói para instalar-se na vida da pessoa. Na segunda vez ela dói para ser retirada. Em outras palavras, toda cura tem os seus próprios modos de sofrimento. Por isso alguns se apegam ao processo da dor e fogem da Cura.  Preferem o sofrimento velho, que conhecem, ao sofrimento novo desconhecido, e mesmo à felicidade desconhecida, porque nem mesmo ela é totalmente isenta de dor.
 
Vejamos um exemplo prático de sofrimento que envolve skandhas, ou registros cármicos, de vidas passadas. Examinemos um skandha sagrado e positivo, relativo à alma imortal e à sabedoria divina, para então verificar se até ele causa sofrimento no caminho da Cura. 
 
Pensemos em algo ótimo, que ocorre com alguma frequência entre teosofistas. Uma pessoa entra em contato com o movimento esotérico autêntico, com a filosofia esotérica, e percebe, conscientemente, e até comenta com outras pessoas, que este é um Re-Encontro. Cada pessoa que passa por esta experiência coloca isso com suas próprias palavras.  Alguns dizem:
 
“Encontrei o que estava procurando”.
 
Outros declaram:
 
“Nunca ouvi falar disso, mas este ensinamento me é familiar, como se eu trouxesse esta visão das coisas dentro de mim”.
 
Nestes casos, há “skandhas teosóficos” de vidas anteriores. Porque, como se sabe, a teosofia é algo de muitos milhares de anos - e já existia mesmo entre os habitantes de continentes hoje submersos. E o que vai ocorrer, então, a partir do re-despertar destes skandhas positivos de vidas anteriores?
 
A pessoa vai revisar aspectos da sua vida. Coisas acomodadas vão se des-acomodar. Coisas antes cômodas vão in-comodar.  Aspectos da sua vida vão ruir.  Outras coisas terão que ser construídas com muito esforço.   Surgirá todo um processo probatório. O crescimento pessoal se dará através de testes e contrastes. Será um sofrimento que cura gradualmente a doença da alma chamada Ignorância.
 
Ou seja, o Caminho é estreito e íngreme, e cheio de espinhos. No Caminho, sofre o eu inferior, enquanto o eu superior vive no plano da bênção. 
 
O Caminho consiste em levar por mérito próprio o foco da consciência desde o nível externo do sofrimento até o nível superior da bênção. Por isso Francisco de Assis, H. P. Blavatsky, Alessandro Cagliostro e João da Cruz, entre tantos outros, eram felizes (internamente) enquanto seus eus externos e inferiores sofriam grandemente.
 
Quando se fala de sofrimento como a primeira das Quatro Nobres Verdades do budismo, fala-se de sofrimento do eu inferior. O eu superior, imortal, não sofre; apenas inspira o processo pelo qual o foco de consciência se eleva, desde o mundo da dor, até o mundo da bem-aventurança. A felicidade durável é uma função do eu superior, e deve ser obtida através da sabedoria imortal.
 
Mas a dor da ignorância deve doer duas vezes. 
 
“O que arde cura, o que aperta segura”, diz um velho ditado popular.  Os remédios são frequentemente amargos, e mesmo os skandhas sagrados que eliminam as Causas do sofrimento, mesmo eles provocam desconforto, no curto prazo, enquanto preparam as bases duráveis da felicidade incondicional. 
 
 
 Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
 
Quando se brinca com a dor supõe-se que ela já foi compreendida. Creio que Mario Quintana a entendeu perfeitamente: "Se eu pudesse, pegava a dor; colocava a dor dentro de um envelope e devolvia ao remetente". Porém ele empregou "se", então não podemos remeter a dor, tampouco cultivá-la. Shakespeare disse que lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente. De uma coisa tenho certeza: nada dura para sempre e, quando ela passa sorrimos por não tê-la compreendido antes. KyraKally

Nenhum comentário:

Postar um comentário