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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A VIDA TODA É BELA - III

A Vida é Infinita, e é Inseparável
 
O universo está vivo e é um só. Ele não está dividido entre “bem” e “mal”. A ignorância existe, sem dúvida; mas ela é apenas a semente de um nível de sabedoria que ainda deve nascer para a vida ativa.
 
Tudo em nosso planeta e em nosso sistema solar obedece à Boa Lei. Cada aspecto da vida é essencialmente bom no sentido de que está conectado a todos os outros aspectos através da Lei da Justiça e do Equilíbrio, que é Lei da Unidade, a Lei da Afinidade, e a Lei do Carma. Portanto, apesar da dor humana, a vida toda é bela. Patañjali afirma que o universo objetivo existe para o correto desenvolvimento da alma. O sofrimento traz lições que são transmitidas pela Natureza de acordo com a Lei da Compaixão Universal, para que possamos avançar sem perda de tempo pelo caminho da sabedoria. Tanto o prazer como a dor são maiávicos, ou ilusórios, exceto pela aprendizagem que nos permitem. Sob a superfície dos desafios cotidianos, a vida se desenvolve em paz e obedece fielmente à lei eterna. Um Mestre de Sabedoria explica o paradoxo:

“O mal não tem existência per se  e é apenas a ausência do bem; e existe apenas para aquele que é transformado em vítima sua. Ele surge de duas causas, e, tanto quanto o bem, não é uma causa independente na natureza. A natureza é destituída de bondade ou maldade; ela segue apenas leis imutáveis quando dá vida e alegria ou manda sofrimento e morte,  destruindo o que havia criado. A natureza tem um antídoto para cada veneno, e suas leis possuem uma recompensa para cada sofrimento. A borboleta devorada pelo pássaro se torna aquele pássaro, e o pequeno pássaro morto por um animal alcança uma forma mais elevada. Essa é a lei cega da necessidade e da eterna adequação das coisas, e portanto não pode ser considerada um Mal na Natureza. 
 
O verdadeiro mal surge da inteligência humana e sua origem está inteiramente no homem que raciocina e que se dissocia da Natureza. Só a humanidade, portanto, é a verdadeira fonte do mal. O mal é o exagero do bem,  produto do egoísmo e da ganância humanos. Pense profundamente e  descobrirá que com a exceção da morte - que não é um mal mas uma lei necessária - e de acidentes, que sempre terão suas recompensas em uma vida futura,  a origem de cada mal, seja pequeno ou grande, está na ação humana, no homem, cuja inteligência faz dele o único agente livre da natureza. Não é a natureza que cria doenças, mas o homem. A missão e o destino dele na economia da natureza é ter uma morte natural provocada pela velhice; salvo acidentes, nem um homem selvagem nem um animal selvagem (livre) morrem devido a doenças. Comida, relações sexuais, bebida, são todas necessidades naturais da vida; no entanto, o excesso delas traz doenças, miséria, sofrimento mental e físico; e estes últimos são transmitidos como os maiores males para as gerações futuras, os descendentes dos culpados.”
 
Se isso é verdade, por que deveria ser tão difícil para alguns de nós compreender que toda a vida é essencialmente boa e bela? 
 
É possível listar pelo menos três fatores:
 
1) Tanto no Oriente como no Ocidente, as igrejas e seitas dependem da crença humana na existência do “mal” para poderem ameaçar os seus seguidores com o Inferno ou os seus equivalentes. A ameaça é usada para convencer os inocentes de que a obediência cega é a melhor alternativa para evitar inúmeros horrores imaginários.  
 
2) Os indivíduos narcisistas caem frequentemente na tentação de acreditar que “o mundo é mau”, e assim enganam a si mesmos pensando que são muito melhores que o mundo. Eles tentam convencer a si mesmos de que eles próprios são excelentes pessoas, sábias e purificadas, e vivem em suposto contraste com um mundo tremendamente egoísta, fabricado pela sua própria imaginação.
 
3) Os cidadãos desinformados podem enganar a si mesmos pensando que “o mundo é mau”, e assim justificar os seus próprios atos de egoísmo e sua pretensão de serem espertalhões.
 
As pessoas mais sábias, no entanto, são humildes. Os teosofistas sabem que o mundo é tão bom quanto os seres humanos merecem. O Universo inteiro está aprendendo e evoluindo o tempo todo, e nenhum cidadão é uma exceção à regra. A Vida é um processo infinito de ensino e aprendizagem. Estando livres de igrejas e seitas, e abstendo-se de adotar o Dinheiro como seu Deus, o teosofista vê que a vida inteira é feita de bênção e paz internas, ao lado de sofrimento externo.    
 
O Dhammapada explica:
 
“Devemos viver, pois, livres do ódio e felizes entre os que odeiam. Entre os homens que odeiam, que nós vivamos livres do ódio. Devemos viver, pois, livres da doença da cobiça e felizes entre os que sofrem desta doença. Entre os homens que têm a doença da cobiça, que vivamos livres desta doença. Devemos viver, pois, livres da ansiedade e felizes entre os que estão consumidos pela preocupação. Entre os ansiosos, que nós vivamos livres da ansiedade.” 
 
O erro provoca sofrimento. A dor serve para evitar que fiquemos adormecidos no processo. A ausência de condições confortáveis torna impossível que os aprendizes da Vida permaneçam indefinidamente dormindo e roncando na sala de aula oculta que lhes é oferecida pelo seu Carma individual. Em algum momento eles compreenderão este ensinamento, também encontrado no Dhammapada:
 
“Devemos viver com felicidade, pois, nós que nada possuímos. Vivamos como os Seres Iluminados, alimentados pelo contentamento. A vitória cria o ódio; os derrotados permanecem no sofrimento; mas o homem tranquilo vive com felicidade, sem dar atenção a vitória ou derrota.”
 
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 

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