O HOMEM IGNORANTE
Você tem direito a milagres - mas cresça, acorde!
E o mesmo acontece com tudo. Upanishads, Lao Tzu, Jesus ou Buda — todos ensinam que o conhecimento é inútil. Apenas obter cada vez mais conhecimento não é de muita ajuda. Não só não é de muita ajuda como também pode se tornar uma barreira. O conhecimento não é necessário, mas isso não significa que o homem deva permanecer ignorante. Sua ignorância não é real.
A ignorância é atingida quando o indivíduo reúne o suficiente de conhecimento e o descarta. Daí a pessoa se torna ignorante de fato, como Sócrates, que pôde dizer: “Só sei uma coisa: é que nada sei.”
Esse conhecimento, ou essa ignorância — chame-a como quiser — , é totalmente diferente, a qualidade é diferente, a dimensão mudou. Se a pessoa é simplesmente ignorante porque nunca alcançou qualquer conhecimento, sua ignorância não pode ser sábia, não pode ter sabedoria, ela é apenas ausente de conhecimento. E o anseio vai estar no interior: como adquirir mais conhecimento? Como adquirir mais informações?
Quando a pessoa sabe muito, ou seja, conhece as escrituras, conhece o passado, a tradição, sabe tudo o que é possível saber, de repente, torna-se consciente da futilidade de tudo isso, de repente, torna-se consciente de que isso não é conhecimento. Isso é emprestado!
Esta não é a sua própria experiência existencial, isso não é o que ela veio a conhecer. Outros podem tê-la conhecido, e a pessoa simplesmente a coletou. A compilação feita por ela é mecânica. Não surgiu a partir da pessoa, não representa um crescimento. É só lixo coletado de outras portas, emprestado, morto.
É bom lembrar que o conhecimento é vivo apenas quando a pessoa conhece, quando se trata de sua experiência direta e imediata. Porém, quando fica sabendo a partir dos outros, trata-se apenas de memória, não de conhecimento. A memória é morta. Quando a pessoa reúne muito — como, por exemplo, as riquezas do conhecimento, as escrituras, tudo em seu entorno, bibliotecas condensadas em sua mente — e, então, torna-se consciente de que está só carregando o fardo dos outros, e de que nada lhe pertence, de que ela própria não conheceu, ela pode descartar, pode descartar todo esse conhecimento.
A partir desse descarte, surge um novo tipo de ignorância dentro dela. Essa ignorância não é a ignorância do ignorante, é a ignorância do homem sábio, da sabedoria.
Somente um homem sábio pode dizer: “Eu não sei.” Porém, ao dizer “Eu não sei” ele não tem anseio por conhecimento, ele simplesmente constata um fato. E quando consegue dizer de coração aberto “Eu não sei”, nesse exato momento seus olhos se abrem, as portas do conhecimento estão abertas. Nesse exato momento, quando consegue dizer com sua totalidade “Eu não sei”, ele se tornou capaz de obter conhecimento.
Essa ignorância é linda, mas é alcançada através do conhecimento. É a pobreza alcançada através da riqueza...
... A mente é lógica e a vida, dialética. A mente se move em uma linha simples, e a vida sempre se move pulando de um polo a outro, de uma coisa para o extremo oposto.
... A vida é dialética. Crie, e depois a vida diz: destrua. Nasça, e depois a vida diz: morra! Conquiste, e depois a vida diz: perca! Seja rico, e depois a vida diz: torne-se pobre! Seja um pico, um Everest do ego, e depois se torne um abismo de ausência de ego. Depois terá conhecido ambos, o ilusório e o real, maya e brahma.
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