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sábado, 28 de agosto de 2021

 A CURA QUE ADVÉM DO SILÊNCIO 
E DO CONTATO COM A FONTE INTERIOR

O real trabalho que pode ser feito em benefício da evolução e da cura de indivíduos, que estejam mental ou emocionalmente envolvidos com alguma situação, é aquele que ocorre por meio da irradiação de energia.

Depois de esgotarmos a nossa aprendizagem nos vários campos de serviço externo, chegamos, pela vivência do silêncio, a esse caminho, o da irradiação de energia.

A fonte de todo impulso criativo apenas pode ser conhecida quando o silêncio é o estado da matéria. A irradiação de energia, como cura, como elevação e como preenchimento de todos os espaços do universo – irradiação que se traduz em vida, amor, luz e poder –, só se faz no silêncio dos sentidos, das necessidades e dos movimentos, enfim, no silêncio do eu humano.

Quando se atinge esse estágio, é pela irradiação que as tarefas se cumprem. Nesse sentido, um segundo de puro contato com a Fonte interior tem mais valor do que qualquer obra humana. Ao contatar a energia da Essência fundamental, divina, origem de todas as essências, ao mergulhar na vibração da própria realidade interior e ao conhecer sua qualidade imanente, o indivíduo se une com o que não tem nome, não tem cor, não é definível e não é compreensível; une-se com aquilo que por nada pode ser contido, une-se com o Absoluto e o Vazio. Nos planos que estão acima da razão e do sentimento, sem nada ser, sua consciência penetra na plenitude da existência. É nesse estado de Graça que ele recebe a tarefa de irradiar a energia.

A irradiação não é, pois, dirigida por forças humanas, não se destina a determinado ponto ou pessoa e em todos alimenta a semente da Luz. Não é conduzida conscientemente pelo homem (e, se o fosse, não diferiria da magia), mas se esparge por todo o Cosmos, acolhe e permeia toda a Vida. Filha da sabedoria, não se restringe a tendências. Fruto do amor, não conhece separação. Sopro do Criador, eleva todas as criaturas.

A energia de cura não tem dono; nada e ninguém a possui. Ela se doa por meio daqueles que podem prestar o serviço de irradiá-la. Esse serviço vem da comunhão com reinos espirituais, e quanto mais a energia de cura for absorvida pelos homens maior será, entre eles, a abertura para o contato com a energia divina. A irradiação é uma das principais chaves que guardam os portais de realidades sutis elevadas, mas a humanidade, em grande parte voltada para o nível material da vida, ainda desconhece a cura que ela promove e a finalidade desse serviço.

O impulso que conduz uma pessoa à verdadeira cura é aquele que leva a sua consciência a desbravar universos interiores, a libertar-se da vida comum e ir ao encontro do Espírito. Enquanto os homens buscarem a cura visando a um ajuste ou reequilíbrio físico, mental ou emocional, não poderão sequer conhecer os objetivos que o Criador tem para eles. Não poderão compartilhar a Graça, uma das mais puras expressões da energia de cura.

Como conhecer um sabor sem tê-lo provado? Como trazer a cura ao mundo sem se haver curado?
 
A Água de Vida não é encontrada quando se tenta chegar à fonte, mas sim quando brota do íntimo do indivíduo, saciando-lhe a sede, mergulhando-o em profundeza e abundância. Receber a Graça dessa torrente de amor infinito é saber sem ter aprendido, é ver sem ter olhado, é escutar sem ter buscado ouvir, é ser sem se lembrar do que se é.

Silêncio e fé: importantes instrumentos para a cura cósmica
 
A cura cósmica é a recondução do ser humano à sua Origem interna, é a consciente unificação da vontade pessoal com a vontade superior do próprio indivíduo. Realiza-se pela sintonia com a realidade espiritual, e se inicia quando buscamos saber qual é a verdadeira meta da vida.

Esse processo de cura intensifica-se só quando nos entregamos ao nível superior do nosso ser, à nossa alma – o que podemos fazer de maneira simples, dirigindo-nos a esse nível interno da consciência com toda a sinceridade: “Quero ser aquilo para que fui criado. Farei o que for preciso para isso”.

Ao nos entregarmos assim à vontade interna da nossa consciência superior, podemos desempenhar o papel que nos cabe no universo em que vivemos e entrar em harmonia. E, à medida que essa harmonia chega ao plano físico, as doenças podem ser eliminadas.

Como a cura cósmica transcende o corpo físico, pois concentra-se no mundo interior, ela só pode tornar-se realidade quando estamos sintonizados com o espírito imortal que vive em nós, isto é, quando nos empenhamos em realizar a vontade superior em nossa vida.

Se estivermos preocupados só com a remoção de algum incômodo físico, emocional ou mental, ficamos limitados aos problemas da personalidade e, assim, impedimos que ocorra uma cura verdadeira, não paliativa.

Devemos aproximar-nos da cura cósmica com humildade, como quem se aproxima de algo onipotente e onipresente. Essa humildade é um estado interno de silêncio, de imparcialidade diante do que desconhecemos. Depois, para continuarmos receptivos à cura, temos de aprender a calar e a observar.

Calar significa não criar expectativas, não cobrar respostas da nossa consciência superior, não desgastar o estado alcançado depois de nos entregarmos a ela. Não é necessário fazer conjecturas, planos ou programas após essa entrega. Se já nos oferecemos, não precisamos voltar ao assunto, nem mesmo em pensamento. O nosso eu superior já nos escutou.

Observar, por sua vez, é uma atitude diferente da habitual. De modo geral, quando olhamos em torno, queremos tirar proveito, queremos controlar o ambiente para fazer com que se amolde ao que desejamos, ou colocamos em movimento a nossa capacidade de crítica e de julgamento.

Observar, no sentido que a cura requer, é estarmos atentos às circunstâncias da própria vida para perceber o que o eu superior quer de nós, mas mantendo-nos calados, ou seja, sem fazer comentário algum a respeito, nem mesmo comentário mental. Em muitos casos, fazer a vontade do eu superior exige mudanças em nossa forma de ser. Observar, nesse sentido, é estarmos atentos para perceber o que devemos mudar, já que, se há enfermidade, é porque não estamos praticando aquilo para que fomos criados.

Para sermos curados, precisamos estar prontos a deixar de ser como temos sido, porque esse estado foi o que nos levou à enfermidade. E a doença só será removida quando mudarmos.
 
A nova atitude assumida por nós é o que mais conta na verdadeira cura, a cura cósmica. Todo o resto vem do imponderável, do que escapa totalmente do controle humano. Daí seu inestimável valor, pois a cura vem do profundo do ser, onde existem perfeição e saúde.

Entre os recursos de que dispomos para entrar em contato com esse nível de cura, os mais poderosos e próximos de nós são a fé e a devoção ao desconhecido, ao que de mais elevado pudermos conceber.

José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br

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