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domingo, 29 de agosto de 2021

 ALÉM DA DOR


Sutra 25

Os sábios não ferem ninguém.
Eles são mestres do próprio corpo
E vão para o país sem fronteiras,
Vão além da dor.

 
À medida que você se torna uma testemunha, à medida que você se torna atento, você simplesmente descobre que você não é o corpo, não é a mente, não é nem mesmo o coração. Você é simplesmente um observador, diferente de tudo o que o cerca. O corpo é sua fronteira mais exterior, a mente, um pouco mais interior; o coração, mais interior ainda; mas, no âmago do seu ser, você é simplesmente uma consciência.

Sabendo disso, você se torna desapegado do seu próprio corpo, da sua mente, do seu coração; e esse desapego traz a maestria. Não que você se torne destrutivo em relação ao corpo - você toma todo cuidado com ele, ele é um belo instrumento, é um grande presente da existência. Mas agora você sabe que ele é somente a casa na qual você vive. Exatamente como você toma conta da sua casa, você toma conta do seu corpo - ele é o templo.
 
Osho Silence
https://blogdoosho.blogspot.com
 
O valor espiritual e evolutivo do sofrimento e da dor

O sofrimento, embora não faça parte do Propósito de Deus, é inerente à personalidade do homem por causa de suas ligações com o passado e do exercício da força do desejo ainda não elevado por objetivos superiores.

A energia própria da alma é a Alegria, um estado de ser totalmente unificado com o propósito da Criação. Circunstancialmente, entretanto, enquanto o indivíduo está vivo, o sofrimento e a dor, em seus vários aspectos, fazem parte de sua vida. Compreender suas causas até onde seja possível e remover ou transmutar os elementos que os vitalizam e mantêm deveria ser uma das metas visualizadas pelos seres.

Quando a humanidade conseguir elevar o próprio desejo para objetivos superiores, evolutivos, que transcendem as necessidades normais e comuns criadas pela imaginação ou pelos condicionamentos do passado e, principalmente, quando dispensar o que é supérfluo, luxuoso e paliativo, o sofrimento humano diminuirá o quanto for permitido pela lei cíclica.

Um ponto importante diretamente ligado a esse assunto é o princípio básico da lei de causa e efeito: enquanto provocarmos o sofrimento, o teremos em nossa vida. Nesse particular, o fato de a humanidade ainda assassinar animais traz-lhe consequências incalculáveis.

A ingestão de produtos de origem animal – em especial de carne – produz inércia nas células físicas, impedindo que o potencial humano, ainda não revelado, se manifeste plenamente.

A carne tem uma vibração característica de um estágio já ultrapassado pelo homem: o estado instintivo. Quando usada em sua alimentação, o mantém em um ponto não mais condizente com os novos passos que está para dar: o domínio da intuição, o exercício da telepatia superior e a experiência da consciência supramental.

Enquanto o homem não transformar a atual forma de tratar os animais, a vibração instintiva ficará circulando nos corpos de sua personalidade por muito mais tempo do que seria necessário, ocupando espaço e impedindo que a luz da intuição e outras luzes de etapas ainda mais avançadas possam neles se instalar.

O sofrimento e a dor têm funções espirituais, morais e físicas para o homem. O valor espiritual e evolutivo do sofrimento e da dor encontra-se no fato de o homem ser por eles levado a concentrar suas forças mentais em descobrir o motivo que o levou a tê-los e ser, com isso, ajudado a se desidentificar de seu próprio ego humano, núcleo cheio de vícios e de hábitos a serem superados.

Do ponto de vista moral, pode-se dizer que não existe no homem um caráter amadurecido e firme se ele não tiver ainda enfrentado estágios de sofrimento e de dor.

Do ponto de vista evolutivo e espiritual, o sofrimento e a dor, quando aceitos, são fatores que impulsionam o progresso; quando, porém, são rejeitados pelas camadas superficiais do ser, deixam de produzir esse efeito e passam a constituir apenas uma purificação de resíduos de ações, sentimentos e pensamentos negativos.

Uma importante tarefa da atuação da dor encontra-se em um estágio sutil do desenvolvimento da consciência no qual o sofrimento passa por uma metamorfose e aparece como um sentimento de conforto nunca antes experimentado, nem mesmo dentro da maior felicidade que possa ter estado ao alcance do ser: ele aprende a perceber que a Alegria divina existe em qualquer situação e que pode fazer-se ainda mais visível nos momentos dos quais parecia estar ausente.
 

José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br

 
O impulso de ser livre nasce da dor

A libertação de algo não é liberdade. Você está tentando ficar livre da ira; não digo que não se deva livrar da ira, mas digo que isso não é liberdade. Eu posso estar livre da ganância, da mesquinhez, da inveja, ou de uma dúzia de outras coisas e contudo não ser livre. A liberdade é uma qualidade da mente. Esta qualidade não ocorre através de pesquisas e inquirições muito cuidadosas e respeitáveis, através de análises muito cuidadosas ou coordenando ideias. Essa é a razão porque é importante ver a verdade de que a libertação que estamos constantemente exigindo é sempre de alguma coisa, como a libertação do sofrimento. Não que não haja libertação do sofrimento, mas a exigência de ficar livre dele é simplesmente uma reação e, portanto, não o liberta do sofrimento. Estou fazendo-me entender? Eu sofro por variadas razões, e digo que devo ficar livre. O impulso de ficar livre do sofrimento nasce da dor. Eu sofro, por causa do meu marido, ou do meu filho, ou outra coisa qualquer; não gosto desse estado em que estou e quero afastar-me dele. Esse desejo de libertação é uma reação, não é liberdade.

J.Krishnamurti
https://www.facebook.com
 
 
Todas as dores são trazidas do lado de fora

Se você puxar para fora da terra as raízes de uma árvore, elas morrerão. Elas necessitam da escuridão, elas vivem na escuridão, na escuridão está a vida delas. Assim como as raízes, o sofrimento também vive na escuridão.

Exponha os seus sofrimentos e você descobrirá que eles morreram. A infelicidade tem de ser expressada. Compreenda uma coisa mais: foi de fora que você pegou as dores e as trouxe para dentro de si. Por favor, volte com elas para o lado de fora. A dor não é interna; todas as dores são trazidas do lado de fora. Na medida em que você joga fora a dor, que a envia de volta para fora, de onde ela veio, a alegria começa a brotar dentro de você. A alegria está dentro. Ninguém a traz de fora. Ela não vem de fora, ela é a sua natureza, ela é você. Ela é a sua alma.

Se for jogado fora esse lixo que veio de fora e que tem sido acumulado, então a alma interna começará a expandir, começará a crescer. Você começa a ver a sua luz e a ouvir a sua dança, você começa a mergulhar na música mais interna.

Um pouco de coragem é requerida e você poderá abandonar o seu inferno – exatamente como alguém que se suja na rua e volta para casa para tomar um banho e a sujeira é lavada. Da mesma maneira, a meditação é o banho e a dor é a sujeira. Assim como depois do banho a sujeira foi lavada e você se sente fresco, da mesma forma você terá um vislumbre, sentindo dentro de si a alegria que é a sua natureza.
 
Osho
https://blogs.opovo.com.br

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