Translate

domingo, 3 de janeiro de 2021

"TUDO É POSSÍVEL AQUELE QUE TEM FÉ"

O poder da fé - AVEC 

É essa a proclamação da onipotência da fé. 

Fé – que é isso? 

Fé – é essa, certamente, um das palavras mais usadas – e das mais ignoradas. Se fé fosse apenas aquilo que os nossos tratados de teologia e os livros devocionais entendem com esse monossílabo, seria absolutamente inconcebível o que o maior dos iniciados disse a respeito da fé: declara que ela é onipotente – e a nossa fé é tão impotente... 

“Se tiverdes fé, como um grão de mostarda que seja, e disserdes a este monte -Sai daqui e lança-te ao mar!- e se não duvidardes em vosso coração, crede que assim acontecerá.”

Não é possível falar de modo mais categórico. Não diz o Mestre que muitas coisas são possíveis a quem tem fé, mas todas, todas sem exceção, mesmo no plano físico, como o transporte instantâneo de um monte. Frisa, porém, um ponto essencial: “Se não duvidardes em vosso coração”. Qualquer resquício de dúvida, por mais oculto e inconsciente, na possibilidade do efeito, quebrará a força da fé. E é precisamente aqui que está a maior das nossas dificuldades e a razão única por que a nossa fé não realiza o que Jesus garante com tamanha afoiteza. Raríssimo o homem que consiga ter 100% de fé, sem pelo menos falhar 1%. Estamos habituados aos impossíveis dos sentidos e do intelecto; sabemos, ou julgamos saber, que um simples ato invisível como a fé não pode, de forma alguma, produzir um efeito visível, nem sequer deslocar um lápis sobre a mesa – e como ia remover do seu lugar algum Corcovado ou Itatiaia? Como é que uma causa imponderável pode mover milhões de toneladas, e isso sem máquina alguma, e instantaneamente? 

Em face das nossas experiências em contrário no terreno físico e mental, descremos ou duvidamos secretamente em nosso “coração”, embora com os lábios confessemos a onipotência da fé. A secreta impotência que alimentamos nos refolhos do nosso ego personal invalida a onipotência da nossa fé. Cremos muito mais na impotência da matéria do que na onipotência do espírito. 

Todo o segredo está, portanto, nessa atitude absoluta e integral, nessa afirmação categórica, veemente, total e incondicional do nosso Eu divino, a despeito de todos os protestos, tácitos ou manifestos, do nosso ego humano.

Por onde se vê que essa atitude íntima chamada fé não se move no plano
horizontal das quantidades, aparentemente fortes, mas realmente fracas – move-se na zona vertical da qualidade, aparentemente fraca, porém realmente forte, fortíssima, onipotente. 

Fé, no sentido de Jesus, é a consciência de uma força espiritual que ultrapassa e neutraliza toda e qualquer força material e seus derivados. Não faz parte do mundo das quantidades dimensionais, mas sim da zona da qualidade indimensional. 

“Dai-me um ponto de apoio fora do mundo – exclamava Arquimedes – e eu deslocarei o mundo dos seus eixos!” 

Para que um alavanca possa funcionar, é essência que o seu ponto de apoio se ache fora do objeto a ser movido. 

Da mesma forma, para que a fé possa atuar poderosamente, deve ela ter o seu ponto de apoio fora de todos os mundos a serem postos em movimento. Quem crê porque vê, ou ouve, ou entende intelectualmente não assenta a alavanca num ponto imóvel fora dos mundos a serem movidos; comete a falácia que, em lógica, se chama “petitio principii” (petição de princípio), supondo como prova aquilo que deve ser provado; quem quer mover algo tem de admitir algo imóvel. Em última análise, só o imóvel pode mover algo. Mas o mundo dos sentidos e da mente fazem parte dos “mundos móveis”, isto é, dos efeitos derivados, e não são a causa inderivada. Deus é o “movente imóvel”, diz Aristóteles. “Ver para crer”, ou “entender para crer” representam caricaturas de fé, mas não são fé verdadeira. A Última e suprema razão da fé deve ser a experiência direta e imediata da Realidade Absoluta, Eterna, Infinita. Essa experiência, porém, ultrapassa todos os mundos dos sentidos e do intelecto. Desse centro imóvel da experiência espiritual, pode o homem mover, sem a menor dificuldade, todas as periferias dos mundos em movimento. 

“Fé como um grão de mostarda”, diz o Mestre – não como um grão de areia. Quer dizer, uma fé viva, que encerre em si, ainda que potencialmente apenas, a vida espiritual, assim como um grão de mostarda encerra em si uma planta inteira. 

Para o homem que tem essa fé genuína, não é mais difícil mover um Himalaia do um lápis, porque as categorias de peso e dimensão pertencem ao mundo da matéria ou quantidade, que, em face do mundo indimensional do espírito e da qualidade não existem, são um puríssimo nada. Ora, um nada grande não é maior do que um nada pequeno, um zero de um quilômetro de diâmetro vale exatamente o mesmo que um zero de milímetro – ambos estão perfeitamente nivelados no plano da sua nulidade. A fé é, por assim dizer, um algarismo positivo, de valor intrínseco, como, por exemplo, “1”. Nenhuma quantidade de zeros, somados ou multiplicados, pode produzir esse “1”; esse “1”, porém, pode “mover” todos os zeros, ainda que seja milhões e bilhões; pode fazer deles o que quiser, enriquecê-los indefinidamente, sem que o “1” perca algo do seu valor 1.000.000.000.000.000. Cada um desses zeros à direita do “1” recebe valores do valor positivo, mas este não perde nada, porque se acha fora do plano dos zeros, num ponto fixo, imóvel, por assim dizer. Se, porém, invertemos essa ordem, e colocarmos os zeros à esquerda do “1”, então esse fator positivo perde do seu valor na medida que lhe dermos novos zeros; 01. 001, 0001, 000 000 000 000 1. 

Quem tem inteireza de fé domina tudo – quem tem falta de fé é dominado por tudo. 

Pela fé somos enriquecidos – pela falta de fé somos empobrecidos. Tudo é possível àquele que tem fé – nada é possível àquele que não tem fé. 

Ainda que a fé tenha a ver, em primeiro lugar, com o mundo espiritual, invisível, os seus efeitos se refletem poderosamente também sobre o mundo material visível. A firmeza, clareza, tranquilidade e paz que a fé confere ao homem, cedo ou tarde cingem dum halo de serena felicidade a zona da sua vida cotidiana. O seu superconsciente ilumina o consciente, e até o subconsciente. 

A experiência da Verdade, em geral, nos exige sacrifícios iniciais e sofrimentos; mas essas “desvantagens” aparentes e imediatas são amplamente compensadas, a longo alcance, por vantagens reais e permanentes. 

A Verdade é sempre libertadora, ainda que nos obrigue a andar pelo “caminho estreito” da disciplina. 

A fé é o contato direto com a Realidade. Por isso, tudo é possível àquele que tem “fé”. 

Quem tem fé sabe experiencialmente – possui a Verdade. 

A Verdade, porém, é libertadora – liberta o homem de todos os impossíveis e lhe torna tudo possível. 

Façamos um paralelo ilustrativo, tirado do nosso mundo moderno. 

Estou em São Paulo. Quero falar com um amigo em Brasília, há mais de 1.000 quilômetros daqui; ou mesmo em Tóquio, do outro lado do globo. Por mais que eu grite, nunca minha voz será ouvida, porque as vibrações aéreas produzidas por minha voz morrem depois de 100 ou 200 metros. 

É, no entanto, perfeitamente possível falar com alguém em Brasília ou Tóquio – ou até na Lua – e isso em voz baixa e sem esforço algum. Como? 

Abandonando a zona das vibrações aéreas e entrando no âmbito das ondas eletrônicas, sentando-me ao microfone duma estação telefônica e falando tranquilamente. E serei perfeitamente ouvido, como se falasse a uma pessoa em minha casa. 

Que milagre é esse? 

É o milagre simples de ter abandonado a zona aérea e ter entrado na zona eletrônica – digamos que passei dos sentidos e do intelecto e entrei no ambiente do meu Eu espiritual, que é a zona da fé, onde tudo é possível e nada é impossível.

 

Huberto Holden, Assim Dizia o Mestre

http://universalismoesoterico.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário