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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

ENSINAMENTOS DO MESTRE AÏVANHOV


Morte e libertação

A existência humana é como um novelo sendo desenrolado: no início, o fio é sólido, mas conforme o tempo passa, ele vai ficando mais fino até arrebentar, e depois é o fim. Cada um deve se preparar para este fim a fim de não se assustar quando o anjo da morte vier pegá-lo pela mão, dizendo-lhe: «Sai desta prisão onde está preso. Vai, está livre».
 
Mas para se libertar não basta deixar o corpo físico. A morte só é uma verdadeira libertação para quem, durante a sua estadia na Terra, soube desenvolver um trabalho interior para se libertar das suas fraquezas físicas e psíquicas. Vocês encarnaram justamente para trabalhar na sua libertação, para dar cada vez mais possibilidades à sua alma e ao seu espírito de triunfarem sobre a matéria. Então, quando o fim chegar, vocês partirão com a sensação de que são esperados no local para onde forem. Depois, um dia, após um lapso de tempo, voltarão para continuar o seu trabalho.


Dar para receber

Quem se sente insatisfeito, infeliz, tende a atribuir este mal-estar à falta de alguma coisa, e espera que uma pessoa ou um objeto venha preencher esta carência. Mas a solução não é esta. A solução é que, apesar da sensação de mal-estar e de carência, a própria pessoa se decida a dar algo aos outros, a ajudá-los, apoiá-los, consolá-los e participar das suas atividades. Nesse momento uma nova vida começa a circular nela e a sensação de carência vai desaparecendo aos poucos. Ela compreende que, ao procurar transmitir algo de bom àqueles com que se relaciona ou até para os desconhecidos, ela mesma recebe uma força, um apoio... Mas quem não dá nada, não importa o que lhe seja dado, não recebe nada. A vida é baseada em trocas: receber e dar, dar e receber. E mesmo que não lhes deem nada em troca do que vocês deram, pelo simples fato de terem dado, interiormente receberão.


A noite prepara o dia seguinte

Vocês tiveram um ótimo dia. Mas, à noite, acontece um incidente doloroso que infunde-lhes tristeza e desânimo. Não se deitem antes de terem feito um trabalho interior para se libertarem desse estado. Senão, no dia seguinte, ao despertarem, constatarão que tudo o que viveram de bom no dia anterior foi apagado pelo incidente ocorrido no final do dia, e foi esta última sensação que ficou marcada. Vocês dirão: «Mas como é possível que esse momento desagradável tenha sido capaz de apagar todo um dia transcorrido na harmonia e na paz?» É porque nada fica sem consequências, e um mal-estar sentido no fim do dia será percebido no dia seguinte se não fizerem nada para neutralizá-lo. Toda noite, antes de deitar, procurem afastar tudo o que pode obscurecer a sua consciência. Apelem para os melhores pensamentos e sentimentos para que eles os acompanhem durante a viagem que farão ao outro mundo. Dessa forma, vocês começarão o novo dia livres e cheios de coragem.


Aperfeiçoar-se para si mesmo e para os outros

No passado os ensinamentos espirituais estimulavam os seres humanos no caminho da salvação individual. O saber, os poderes, a iluminação, ou melhor, tudo o que cada um conseguia adquirir era para si mesmo, para o próprio desenvolvimento e a própria elevação. Por isso muitos iam se isolar em algum lugar nos desertos, nas montanhas, nas cavernas, nos monastérios, para não serem perturbados. Mas agora entramos na era da coletividade, da fraternidade, e devemos superar a filosofia da salvação pessoal. É preciso aperfeiçoar-se, é claro, mas não se isolar fisicamente, ou espiritualmente, para evitar ser perturbado pelos outros. Ao contrário, deve-se aceitar os inconvenientes, fazer sacrifícios, até sofrer, mas ser útil. Então, não procurem frequentar uma Escola Iniciática para se ocupar apenas com o seu desenvolvimento espiritual. «Mas queremos salvar a nossa alma», dirão alguns. Ótimo, mas que eles também pensem nas almas dos outros: é assim que se salvarão. Que eles continuem a ter em mente a ideia do aperfeiçoamento, mas compreendendo que esse aperfeiçoamento não deve ser exclusivo deles. Aperfeiçoar-se para si mesmo representa apenas metade da tarefa. A nossa verdadeira tarefa é aperfeiçoarmo-nos para nós mesmos e para os outros, a fim de sermos úteis para o mundo inteiro.


Pagamento e proteção divina

Por tudo o que recebemos de bom na vida devemos, de alguma maneira, dar algo em troca, ou melhor, 'pagar por algo'. Para não termos que pagar por mais nada, devemos esperar até voltarmos definitivamente para o oceano da vida divina. Quando se está imerso no oceano, a quem se deveria pagar? Mas se sai do oceano, sempre tem que se dar algo pela menor gota. Quantas vezes se pode constatar isso! Depois da alegria, sempre vem a dor, isso é sabido, e de modo mais ou menos consciente, já se espera por isto: depois de uma grande felicidade, sente-se de um modo confuso a ameaça de um perigo, como se uma lei exigisse uma compensação. Algumas pessoas quando passam por acontecimentos felizes, após o primeiro momento de alegria, ficam preocupadas e, de certo, têm razão. Mas, se nunca se pode escapar totalmente dos dissabores que vêm do mundo externo, pelo menos, internamente, é possível se proteger. E a única proteção realmente eficaz é a ligação com o mundo divino. Quando vocês se ligam ao mundo divino esforçando-se para permanecerem na sua pureza e na sua luz, tornam-se unos com ele e, interiormente, não têm mais nada a pagar. Será que Deus deve alguma coisa a alguém? Não, tudo Lhe pertence, e se vocês vivem em Deus, tudo lhes pertence também.


Trabalho construtivo do sábio

Quantos danos são produzidos, todos os dias, pela deplorável tendência em sempre encontrar algo de negativo para falar sobre uns e outros! E os jornais, o rádio e a televisão só amplificam essa tendência. Que prazer se pode ter chamando tanto a atenção sobre o que é ridículo, tolo ou perverso? Que interesse tem em escarafunchar a vida íntima das pessoas para descobrir detalhes escabrosos e depois divulgá-los para a divertir a multidão? Não parece, mas esta tendência, que está sempre aumentando, acaba ameaçando toda uma sociedade, pois influencia o conjunto da população. Cada um ficará fixo em determinados detalhes que, depois, serão aumentados e deformados, escolhendo as palavras mais cruéis para divulgá-los. É possível descobrir em todo ser humano algo de deplorável ou ridículo – não há nada de original nisto –, mas porque insistir tanto neste aspecto? A sociedade não tirará nenhuma vantagem disto. O sábio procura ter outra atitude. Ele não é cego - pelo contrário é muito lúcido – e também é capaz de criticar, de gozar, mas considera que as coisas mais importantes nos seres são as suas qualidades e as suas virtudes. E é sobre essas qualidades e virtudes que ele fixa a sua atenção, e com esta atitude reforça o bem nos outros e em si mesmo. Assim, ele faz um trabalho construtivo.


Pesquisa científica e busca espiritual

Armas que favorecem o instinto de agressividade, mas também comodidades que favorecem o instinto de preguiça... Será que os pesquisadores e os inventores podem estar felizes e orgulhosos de fornecerem tantos meios para a humanidade se destruir? Quando não estão se destruindo com as armas, os seres humanos estão perdendo aos poucos a sua resistência física e as suas faculdades psíquicas por causa de todos esses instrumentos colocados à sua disposição que os dispensam de fazerem esforços. Aparentemente, é um progresso. Sim, os aparelhos progridem, não os seres humanos! Ao contrário, os seres humanos se enfraquecem. Por isso, aqueles que refletem, inclusive os cientistas, começam a duvidar cada vez mais de que todo este progresso técnico contribua para o bem da humanidade. É claro que não se trata de parar com o progresso tecnológico, não. É a Inteligência Cósmica que leva os seres humanos a pesquisarem. Nunca se deve parar de pesquisar, de inventar, não se deve negligenciar nenhuma das possibilidades que a matéria nos oferece. Deve-se dar uma outra direção à pesquisa científica, porque, na realidade, só quando os seres humanos tiverem aprendido a trabalhar sobre a própria matéria psíquica é que serão capazes de utilizar plena e beneficamente todas as riquezas da matéria física. O progresso técnico só será um verdadeiro progresso se eles o acompanharem com uma busca interior, colocando os seus esforços sob a autoridade do espírito.


Renovar-se continuamente

Algumas pessoas apresentam sempre o mesmo rosto impassível, inexpressivo... Como elas não percebem como é desagradável para os outros terem à sua frente alguém em quem não se sente nada da novo, de vivo, de animado? Que chatice! Muitas vezes, essa é a causa de separação nos casais. Por verem a mesma mímica, os mesmos gestos, as mesmas atitudes e escutarem as mesmas palavras, as mesmas reflexões banais sobre os mesmos assuntos no outro, alguns não suportam mais e vão embora. Quem não sabe se renovar não deve se surpreender se o outro, cansado desta monotonia, for se distrair em outro lugar. E o mesmo acontece com os amigos: que prazer se pode ter ao se relacionar com pessoas, das quais pode se prever antecipadamente que expressão farão e do que falarão? Já existe bastante monotonia na vida cotidiana. Para torná-la mais suportável, é preciso pensar em colocar nela um pouco de novidade, de diversidade, de poesia. Então, atenção! Se vocês se apresentarem sempre do mesmo modo, contando as mesmas coisas, os outros se cansarão e se afastarão. Se vocês souberem se renovar, todos os amarão porque emanará algo de expressivo, de vivo, de exuberante de vocês, e que lhes fará bem.


Audácia inspirada pela luz

A escuridão pode desencadear medos irracionais: e se aparecer um animal... ou um ladrão... ou um assassino? Ela também pode ser a causa de um temor racional: quando não se vê nada, sempre se corre o risco de bater contra um obstáculo, de cair, de se machucar. E isso é ainda mais verdadeiro no plano psíquico. Quanto mais a inteligência e a sabedoria aumentam no homem, mais ele se torna não exatamente 'temeroso', no sentido em que geralmente se compreende este termo, mas atento, prudente. E, ao mesmo tempo, a sua audácia também aumenta, a audácia intelectual, mental: ele desconfia daquilo que vem do instinto e do sentimento, pois estes podem turvar a sua visão. Mas para aquilo que é claro e límpido, ele se torna audacioso. É por isso que os seres humanos verdadeiramente inteligentes e instruídos são mais audaciosos do que os outros: eles se aventuram em regiões onde a maioria não arrisca nem a se aproximar, e é a luz que lhes dá essa audácia.
 

Esforços e resultados

Em tudo o que realizamos – seja em que campo for: material ou espiritual –, são os nossos esforços que contam. O Céu nunca considera os sucessos, apenas os esforços. Em relação ao sucesso, o Céu é o único a decidir, pois tudo o que fazemos está inscrito em um conjunto e deve, portanto, servir aos planos do Criador, estar de acordo com esses planos. E talvez não esteja, de fato, previsto que os projetos em que estamos trabalhando se realizem como desejamos. Só os esforços nos pertencem, não o sucesso. Então, deixem que sejam os seres no alto decidirem o momento em que os seus esforços serão coroados pelo sucesso. E se ainda não é assim, digam: «É verdade, aparentemente, o meu trabalho ainda não produziu nada por enquanto. Mas, na realidade, sei que hoje já dá frutos». Sim, pois os resultados aparecem primeiro no seu coração e na sua alma. Não sentem isso? Nada do que se faz fica inerte ou estagnado.

Mensagens do Mestre Omraam Mikhaël Aïvanhov
http://www.ippb.org.br 

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