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sábado, 23 de janeiro de 2021

MÍSTICA DOS DOZE PASSOS

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SÉTIMO PASSO - Humildemente nos dispusemos a sentar com nossos próprios pensamentos e sentimentos, sem recorrer a nenhuma fonte externa, para a obtenção de uma melhor compreensão de nós mesmos.
 
A humildade não é uma virtude que possa ser cultivada, nem pertence ao campo da moral e da respeitabilidade social. A pessoa que acumulou conhecimentos não conhece a humildade. Ela pode falar a respeito da humildade, pode citar palavras sobre ela, mas não tem o sentido da humildade. Somente aqueles que através da observação sem escolhas aprendem sobre si mesmos é que são essencialmente humildes. O ato de aprender está livre do processo de acumulação, o que já não ocorre com a aquisição de conhecimentos. A aquisição de conhecimento é de natureza mecânica, o que já não ocorre com o aprender sobre si mesmo. Podemos falar em termos de quantidade no campo do conhecimento, mas nunca no aprendizado de si mesmo. Quando comparamos, cessamos o processo de aprender, o processo da percepção imediata, que está fora dos limites do tempo. Toda acumulação e conhecimentos são limitados. A humildade não admite a comparação; não podemos falar em mais ou menos humildade e é impossível cultivá-la. A humildade e o amor transcendem os limites da velha mente e, portanto, não é produto do pensamento. A humildade está no próprio ato do findar do pensamento. Só podemos aprender sobre nós mesmos quando nossa mente está quieta, quando não “reage” imediatamente, quando há um intervalo entre reação e aquilo que se vê. Só nesse silêncio, que em sua essência é humildade, que ocorre a compreensão de si mesmo, ação esta que nada tem de compreensão intelectual. Se ocorre este intervalo entre o que se vê e a própria reação condicionada ao que se vê, nesse intervalo, nasce a clareza do autoconhecimento. Esse intervalo é a essência de uma nova maneira de viver onde não há espaço para as reações condicionadas pelo pensamento. A reação imediata faz parte do velho e compulsivo modo de viver, adicto do governo do pensamento condicionado e que funciona segundo sua própria tendência tradicional, reacionária e dos instintos degenerados. Quando, através da observação sem escolhas, ocorre o retardamento, a suspensão dessa reação condicionada, ou seja, um espaço de tempo, manifesta-se uma mente nova com uma maneira de atuar diametralmente oposta aos nossos velhos padrões de comportamento. Somente esta mente nova é capaz de compreender, de ver o falso, e não a velha mente.
 
É de extrema importância a compreensão da atividade condicionada da nossa velha mente com sua maneira de operar, de funcionar e de reagir. Nossa velha mente nunca é capaz de compreensão, somente a nova mente. Somente quando a velha mente – a mente condicionada, adicta dos instintos degenerados, que foi cultivada durante anos, que vive perpetuamente em busca de segurança, de conforto, de prazer – somente quando a velha mente se aquieta, é possível ver que há uma maneira de viver completamente diferente, e esse modo novo de viver é que traz a unidade interna, a clareza e a inteligência criativa que proporciona um estado de bem-estar comum, não passageiro. Esse novo movimento da mente é o inicio do despertar da inteligência criativa que coloca o pensamento em seu devido lugar: o de ser apenas um servidor de confiança não tendo poderes para nos governar. Para que possa ocorrer a libertação do nosso pensamento condicionado, precisamos compreender o mecanismo das atividades da nossa velha mente, prestar atenção em seus movimentos, atividades, exigências, desejos, planos; por isso que é de extrema importância a meditação não organizada. Isto não tem relação alguma com a insana ideia da prática do pensamento positivo; isso só demonstra total falta de maturidade, pura infantilidade. Por meditação, entendemos a observação e compreensão das operações do nosso velho modo de pensar, a observação sem escolhas do nosso pensamento condicionado, o conhecimento de como reage e de quais são as suas reações, suas velhas tendências, suas exigências de gratificação e agressivos planos. Meditação é o conhecimento total do mecanismo da velha mente, tanto a parte consciente como inconsciente. Quando conhecemos nosso velho modo de pensar, quando o observamos claramente, sem procurar de modo algum controlá-lo, dirigi-lo, sem compará-lo com um ideal, quando percebemos o seu velho movimento, quando o vemos totalmente, holisticamente, então, a mente torna-se quieta.
 
É preciso perceber como a velha mente vê os acontecimentos das relações sempre com o conhecimento do passado, armazenado na memória, com todos seus traumas, aflições, compulsões, ansiedades, medos, sentimentos de culpa, desespero, esperança e tudo mais que foi acumulado das experiências passadas. Olhamos a vida com todos seus relacionamentos através das lentes do passado e se quando olhamos a velha mente, a olhamos com o conhecimento do passado, não há em absoluto percepção alguma. Se buscamos realmente pelo autoconhecimento o passado deve estar quieto; a comum sucessão ininterruptas dos pensamentos tem que parar. Se faz necessária uma observação que está no eterno agora, no só por hoje. Para observar, todo o conhecimento de nossas próprias intenções, nossas preocupações, nossos problemas pessoais, e tantas outras coisas mais que se manifestam na vida de relação, o passado deve ser colocado totalmente de lado. Isso significa que se necessita de liberdade para poder observar, liberdade para olhar a complexidade do mecanismo da velha mente, que há tantos anos tem sido nutrido, essa mente que não está no hoje e que representa a continuidade do passado. Necessita-se liberdade para olhar todas as suas reações, necessita-se expô-la à luz da inteligência criativa. Só assim é possível a observação não dependente de doações de fora; e, sem essa observação autônoma e auto suficiente torna-se impossível o autoconhecimento.
 
Não podemos observar, quando temos defesas, quando oferecemos resistência, e a maioria de nós teve muito cuidado em cultivar por anos e anos esses mecanismos de autodefesa, os quais, nos impedem de olhar a vida através de um novo paradigma, através de uma nova maneira de viver. Somos o resultado de um aglomerado de condicionamentos, e através desses condicionamentos, através da atividade da nossa velha maneira de pensar e de viver, é que olhamos a vida e as suas relações, e nunca olhamos a velha mente com liberdade. Só quando há liberdade de observação, a velha mente “se apresenta”, revela-se. Se estamos a nos defender, precisamos de liberdade para compreendê-la, pois só em liberdade podemos olhar e compreender toda a falsidade do nosso velho modo de viver. Só quando há liberdade, a velha mente “responde” de maneira natural, e podemos então compreendê-la, bem como todo seu complexo, repetitivo e insano mecanismo.
 
No entanto, o que se pode constatar é que a grande maioria de nós não quer ser completamente livre, não quer total liberdade, não busca pela excelência humana. Queremos uma liberdade condicional e assistida, queremos ficar livres de uma determinada dor, de um determinado padrão de comportamento compulsivo, ansiedade ou problema imediato, mas essas exigências de liberdade imediata não é liberdade em si mesma. Ser livre significa liberdade total. Só nessa liberdade, temos a possibilidade de descobrir a nós mesmos na vida de relação. Só em total liberdade podemos encontrar por uma nova maneira de viver.

A exigência de liberdade e a insistência em obtê-la revelarão, natural e facilmente, sem esforço, os variados condicionamentos e defesas que temos construído durante anos. Nessa revelação do passado começamos a ficar livre no agora, no hoje, realmente livres do passado, tanto consciente como inconsciente.

http://pensarcompulsivo.blogspot.com

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