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domingo, 31 de janeiro de 2021

MÍSTICA DOS DOZE PASSOS

Experimentar o deserto na vida espiritual - A12.com  DÉCIMO PRIMEIRO PASSO - Procuramos através da meditação “não organizada”, melhorar nosso contato consciente com nossa realidade interna, procurando nos abster da prática de toda reação condicionada.

O homem, para fugir dos seus conflitos, tem inventado e organizado muitos métodos de “meditação”. Estes métodos têm por base o desejo, a vontade e a ânsia de conseguir algo, o que implica conflito e uma luta para chegar. Este esforço consciente, deliberado, realiza-se sempre dentro dos limites de uma mente condicionada e nesta não existe liberdade. Onde há esforço para meditar não pode haver meditação, pois o esforço é contrário à meditação.
 
A meditação vem com o cessar do pensamento e só então, se revela uma dimensão diferente, que está além das imagens, das palavras e do tempo.
 
A verdadeira meditação só pode ocorrer quando a mente está silenciosa. Não o silêncio que o pensamento pode imaginar, mas sim, o silêncio que vêm quando o pensamento – com todas as suas imagens, palavras e percepções – cessa completamente. É só a partir deste silêncio que a inteligência criativa pode ser despertada.
 
A meditação é o autoconhecimento, a observação de nós mesmos, momento por momento, em todas as nossas atividades – é estar atento a tudo, em nós mesmos, sem qualquer escolha, comparação, justificação ou recusa. É um estado onde há constante presença. É como a gota da chuva que alimenta a terra; sem ela, a terra seria um deserto. Sem a meditação, também o coração se tornaria um deserto, um lugar abandonado.
 
Meditar é ver se a mente, com todas as suas atividades, todas as suas experiências, todos os seus preconceitos, pode ficar inteiramente silenciosa, sem qualquer tipo de esforço da nossa parte. O ato de meditar está em procurar descobrir, em reparar, em escutar todos os movimentos do pensamento, os seus condicionamentos, seus interesses, seus medos, seus desejos, sua busca de segurança, está em observar como a mente funciona.
 
A meditação não é uma atividade de isolamento, ela é uma ação feita em todas as nossas atividades e não uma espécie de escapismo, de fuga. Ela é uma atividade pela qual conhecemos a ação condicionada do “eu” e sem esse conhecimento, a prática da meditação é de pouco significado. Esta meditação não pode ser aprendida através de terceiros. Temos de “começar” sem nada dela saber, e temos de ir sempre de mente aberta, sempre de inocência em inocência.
 
A meditação não é algo diferente da vida de todos os dias; não é nos isolarmos no canto escuro de um quarto, numa pratica contorcionista qualquer para meditar durante alguns minutos. Meditar é algo da maior seriedade e pode ser feito em todas as nossas atividades. A meditação está em observar tudo e ver a nossa reação e participação condicionada a isso. Quando assim meditamos encontramos nesse meditar uma liberdade extraordinária. Agimos com sanidade em todos os momentos; e se num dado momento cometemos um deslize, não importa. Tentamos novamente agir com sanidade e sem a tola perca de tempo com lamentações e sentimentos de culpa.
 
A meditação não está separada da vida de relação, ela faz parte dela. Meditar é percorrer o mundo do conhecido e libertar-se dele para penetrar no desconhecido. Meditar não é fugir do mundo, mas sim a compreensão da sociedade e todo seu condicionamento que pouco tem a nos oferecer, a não ser conflito e sofrimento. Meditar é recusar toda forma de condicionamento social: é optar por ser completamente “anônimo”. Então, ganhamos com isso uma nova maneira de viver completamente livre e repleta de sensibilidade e vigor. Então, descobrimos a capacidade de amar, que não é prazer. E, a parti daí, tem inicio uma nova vida de relação que não é fruto do conflito, da contradição, da busca do sucesso pessoal, poder e prestigio.

A meditação é aquela inteligência que, na mente, ilumina o caminho da ação correta, e, sem essa inteligência não pode haver a incondicionada capacidade de amar. Na meditação, o pensamento cessa e com ele cessa também a emotividade, pois, nem o pensamento e nem a emotividade é amor. Sem amor não se vive a essência, não se conhece o que é a verdadeira unidade. Sem amor há apenas cinzas nas quais se baseia nossa atual existência, nossa atual vida de relação. Só da plenitude do vazio, que é a essência do verdadeiro significado do anonimato é que pode surgir o despertar da inteligência, que em outras palavras, é amor.

http://pensarcompulsivo.blogspot.com 

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