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segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

MÍSTICA DOS DOZE PASSOS

Subir escadas ajuda a deixar o cérebro mais jovem | CicloVivo TERCEIRO PASSO - Decidimos aplicar em nossa vida e à nossa vontade uma observação isenta de escolha.

Poucas são as pessoas que realmente estão conscientes da insanidade à que estão acometidas, às dificuldades de seus relacionamentos, seus medos e suas buscas de prazer imediato. Poucas se perguntam com seriedade do por que de se conformarem a viver como estão vivendo, uma vida mecânica, rotineira e medíocre. Poucas e raras são as pessoas que dedicam sua atenção a isso. Poucos procuram se conscientizar da maneira como suas mentes se encontram condicionadas, como um computador e uma mente condicionada nunca poderá ser uma mente livre de conflitos. Não queremos saber, por nós mesmos, se existe uma possibilidade de sair da corrente do condicionamento social e viver uma vida autônoma e auto-suficiente, onde não seja necessária a busca pela doação psicológica de fora. A maioria se conforma com um modo de vida embotado, condicionado e socialmente tido como normal. Preferem viver de imagens, ideias, conceitos, orientadas por líderes, autoridades e livros tidos como “espirituais” e dentro deste condicionado modo de vida não pode existir o senso de investigação tão necessária para a libertação dos condicionamentos que nos mantém distantes de um modo de vida livre. Não pode existir o sincero desejo de compreender os conflitos humanos quando estamos presos a várias formas de influências e condicionamentos.
 
A grande maioria não quer fazer a mais importante das viagens que um ser humano pode fazer, que é a viagem para o mais íntimo de sua própria mente. Buscam pelos mais variados e atuais modos de entretenimento e distração, menos a grande profundidade e significação da jornada interior em busca da natureza exata de todos os condicionamentos, que os mantém num modo de vida fragmentado e infeliz. Se não há o autoconhecimento, estamos fadados aos mais variados tipos de conflitos e para que haja o autoconhecimento, tem que haver a prática da observação sem escolhas. Só na observação sem escolhas pode ocorrer a percepção do falso com toda sua carga de insanidade e não por meio de qualquer tipo de sistema de crenças. O autoconhecimento só pode existir quando temos um relacionamento correto com nós mesmos, onde não mais procuramos fugir, julgar, comparar ou retalhar os nossos pensamentos e sentimentos.
 
Uma vez admitido que o nosso modo de pensar, produz um modo de ser que é uma fonte inesgotável de conflitos, é extremamente necessário entrar nesta observação sem escolhas com sinceridade e seriedade, uma vez que, somente por meio dela pode ocorrer a percepção que não é produto do pensamento, capaz de colocar fim a toda forma de conflito. Há uma urgência de transformação radical e imediata, que não é produto do tempo, pois de outra forma manteremos a progressão de nossos condicionamentos, o que pode se revelar como fatal, nos levando à loucura ou até mesmo, a morte prematura.
 
Precisamos observar as muitas facetas de nossa existência para que assim, todos os nossos fragmentos possam ser juntados, integrados, unidos, harmonizados, proporcionando assim, um estado de unidade interna e bem-estar comum. Este é todo o significado da observação sem escolha: encontrar um modo de vida isenta de qualquer tipo de fragmentação dentro de nós e, portanto, portadora de serenidade, sobriedade, equilíbrio e felicidade.
 
Toda realização do pensamento é fragmentadora e onde existe uma mente fragmentada não pode coexistir bondade, igualdade, justiça, liberdade e amor. Liberdade não significa ser livre de um determinado padrão de comportamento, uma vez que isso é somente uma reação para fugir da dor. Liberdade não significa trocar uma prisão por outra, ainda que mais espaçosa e colorida. Liberdade não é de alguma coisa, mas a liberdade é por si mesma. Se existem feridas psicológicas armazenadas em nossa memória, criadas pelos nossos condicionamentos, estas feridas criam toda forma de dor e sofrimento. A mera liberdade da ferida, não é liberdade de fato. Só pode haver liberdade quando por meio da observação sem escolha, ocorre a percepção que não é produto do pensamento, que por sua vez traz a unidade de todos os nossos fragmentos e como resultado, o surgimento de um estado de bem-estar comum, não momentâneo, não passageiro, que é total, um modo holístico de viver.
 
Uma vez admitido tudo isso é de profunda urgência iniciar o inventário da nossa moral que é o resultado de nosso sistema de crenças, tradição e cultura. Sem o minucioso inventário da nossa moral, com todo seu sistema de crenças condicionantes, torna-se impossível o despertar da inteligência criativa com todo seu modo de vida total e livre. Sem o minucioso inventário de nossos condicionamentos, de toda nossa programação religiosa, sentimental, romântica, idealista, torna-se impossível a manifestação de um estado de unidade interna e bem-estar comum.
 
Se queremos realmente descobrir a verdadeira liberdade do espírito humano precisamos inventariar todos os condicionamentos pelos quais fomos programados desde a mais tenra idade. Precisamos nos tornar conscientes de toda forma de influência externa, pressões, sistemas de propaganda e instituições que nos condicionam internamente, psicologicamente, disparando nossos gatilhos de desejos, nossos medos, nossas crenças, nossa avidez, nosso conflito, dor e sofrimentos. Nosso sofrimento e nossa dor condicionam ainda mais a nossa mente.
 
Se realmente queremos ser uma pessoa livre, serena, equilibrada e feliz, precisamos saber por meio da observação sem escolhas, se nossa mente pode ser descondicionada, autônoma e psicologicamente auto-suficiente, de outra forma, nossos condicionamentos continuarão para sempre.

Existe toda uma cultura castradora que afirma que somente pela ação da “graça de um Deus”, de um “Poder Superior” pode a mente ser libertada de todo condicionamento. No entanto, se queremos realmente ser livres, deixar de viver no estado infantil da crença e descobrir por experiência pessoal a possibilidade desse modo maduro de ser, precisamos urgentemente assumir a responsabilidade que nos cabe de observar com seriedade a natureza exata do que nos mantém condicionados. Nenhum agente exterior pode socorrer-nos; o “agente exterior” é outra invenção da mente condicionada, outra concepção ideológica da mente que é incapaz de descobrir a saída para seus conflitos e, por conseguinte, necessita de uma crença. Somente por meio dessa observação sem escolhas é que podemos deixar de ser psicologicamente dependentes. Sem que se assuma a responsabilidade por nós mesmos, pelo nosso autoconhecimento, com todo o processo do nosso pensar, continuaremos sempre vitimas de dependências, sofrimento e dor. Somente quando tomamos consciência de todo o conteúdo de nossa consciência é que podemos ser livres, descondicionados de toda forma de reação emocional. Só é possível produzir uma profunda e radical transformação em nós mesmos, que não seja produto do tempo, se estamos conscientes, sem escolha, sem direção, sem controle, sem motivo, somente observando todos os nossos pensamentos e ansiedades, somente vendo-os, sem o intuito de fugir deles. É como se observa-se uma grande jóia em sua própria mão, observando todas as suas facetas, a cor, o brilho. Observar sem nenhum movimento do pensamento, então, isso produz uma mudança radical em nossa própria mente.

http://pensarcompulsivo.blogspot.com

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