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domingo, 18 de outubro de 2020

 O RISO DO UNIVERSO

O Mundo no Seu Dia-a-Dia: Não Parece o Universo Sorrindo para Nós? 

Osho diz que quando se ri os pensamentos param. Uma gargalhada é uma possibilidade para se experimentar o estado da não-mente, ou seja, não se pode rir verdadeiramente e pensar ao mesmo tempo. Apreveite e ria bastante!
 
Se me perguntarem o que aconteceu quando eu me iluminei, respondo: Dei uma retumbante gargalhada quando percebi o completo absurdo que é a tentativa de se iluminar. A coisa toda é ridícula porque nós nascemos iluminados e perseguir algo que já existe é um absurdo. A iluminação é a verdadeira natureza de todos nós. Eu lutei por ela durante muitas vidas. Fiz todo o possível para alcançar a iluminação, mas sempre fracassei. Não podemos fazer dela uma ambição. A mente é ambiciosa, e quando fica farta de buscar dinheiro, poder e prestígio, passa a ambicionar a iluminação, a libertação, o nirvana, Deus. Mas é a mesma ambição, só que com objetivo diferente. Primeiro o objetivo estava fora, agora está dentro.

‘No dia em que me iluminei’ significa somente o dia em que eu percebi que não há nada para ser obtido, não há lugar algum para ir, nada há para ser feito. Nós já somos divinos e já somos perfeitos – assim como somos. Nenhum aperfeiçoamento é necessário. Deus jamais criou alguém imperfeito. Mesmo que encontrem por um acaso um ser humano imperfeito, vocês verão que essa imperfeição é perfeita.

Eu ri naquele dia por causa de todos os meus esforços tolos e ridículos para conseguir a iluminação. Naquele dia, eu ri de mim mesmo; naquele dia eu ri de toda a humanidade, porque todos estão tentando alcançar, todos estão tentando conquistar, todos estão tentando se aperfeiçoar. Para mim, ela aconteceu num total estado de relaxamento – ela sempre acontece nesse estado. Durante sete dias vivi do modo mais comum possível. Em sete dias, esqueci completamente todo o meu projeto e o esqueci para sempre. E, no sétimo dia, aconteceu – a iluminação simplesmente veio do nada. Quando eu ri, o jardineiro ouviu a risada. Ele sempre pensou que eu era um pouco louco, mas nunca me tinha visto rir daquela maneira. Eu lhe disse: ‘Não se preocupe. Estou rindo de mim mesmo. Pode voltar a dormir.’

Há uma bonita história budista:

Certa vez, numa pequena cidade, uma jovem belíssima apareceu de maneira repentina e inesperada. Ninguém sabia de onde ela tinha vindo. Mas ela era tão bela, tão encantadora, que ninguém se interessou em saber sua origem. A cidade inteira se reuniu – e todos os rapazes, quase trezentos, quiseram se casar com ela.

A moça disse: ‘Vejam bem, eu sou apenas uma e vocês trezentos. Só posso me casar com um de vocês; por isso farão uma coisa. Eu voltarei amanhã; dou-lhes vinte e quatro horas. Aquele que conseguir repetir o Sutra do Lótus de Buda, eu me casarei com ele.’

Todos os rapazes correram para casa; eles não comeram, não dormiram, recitaram o sutra durante toda a noite, tentaram absorver o sutra. Dez deles conseguiram. Na manhã seguinte, a jovem voltou e aqueles dez se ofereceram para recitá-lo. A moça ouviu. Eles foram bem-sucedidos.

Ela então lhes disse: ‘Muito bem, mas eu continuo uma só. Como posso me casar com dez? Darei a vocês mais vinte e quatro horas. Eu me casarei com o único que também for capaz de explicar o significado do Sutra do Lótus.’

O tempo era curto. Eles voltaram para casa e tentaram arduamente. No dia seguinte, três rapazes apareceram. Eles haviam compreendido o significado do sutra. Mas a jovem lhes disse: ‘O problema continua. Não posso me casar com três. Mais vinte e quatro horas e aquele que não apenas compreender o seu significado mas também o saborear, esse homem casará comigo. Eu gostaria de sentir que o lótus passou a fazer parte da presença de vocês; gostaria de sentir a fragrância dele... Voltarei amanhã.’

Só um rapaz apareceu e, com certeza, ele conseguira. A moça o levou para sua casa, fora da cidade. Ele nunca tinha visto a casa dela; era muito bonita, como uma terra de sonhos. Os pais da jovem o esperavam junto ao portão. Deram as boas-vindas ao rapaz: ‘Estamos muito felizes.’

A jovem entrou, enquanto ele conversava ligeiramente com os pais dela. Depois os pais disseram: ‘Entre. Ela deve estar esperando você. Aquele é o aposento dela.’ Eles indicaram o caminho. O jovem foi, abriu a porta, mas não havia ninguém lá. O aposento estava vazio. Porém, havia uma porta que dava para o jardim. Ele se encaminhou até a porta e viu pegadas no caminho. Ele seguia as pegadas e caminhou mais de um quilômetro. O jardim acabou e ele então se viu ás margens de um belo rio – mas a jovem não estava lá. As pegadas também haviam desaparecido. Havia apenas um par de sapatos de ouro pertencentes à moça.

Agora, ele estava confuso. O que havia acontecido? Ele olhou para trás – o jardim não existia mais, nem a casa, nem os pais, nada mais. Tudo desaparecera. Ele olhou de novo. Os sapatos haviam sumido, o rio havia sumido. Tudo o que havia era o vazio – e uma grande risada.

E ele riu também. Acabava de se casar.

Essa é uma bela história budista. Ele se casou com o vazio, casou-se com o nada. Esse é o casamento que todos os grandes santos procuram. É esse o momento em que vocês se tornam uma ‘noiva de Cristo’ ou uma gopi de Krishna. E tudo o mais desaparece – o caminho, o jardim, a casa, a moça, até mesmo as pegadas. Tudo desaparece. Há somente o riso, um riso que vem do próprio ventre do Universo!”

 Osho, Autobiografia de um Mestre Espiritualmente Incorreto

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