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sexta-feira, 31 de julho de 2020

ABRIR MÃO DAS TEORIAS CONFORTANTES
É AUTOCONHECIMENTO

Examine-se, pois, o homem a si mesmo - Por Artur Eduardo - Jornal ...
"Quando você se aproxima de si mesmo,
está se aproximando do universo inteiro".
(Osho)


Você não pode aprender a respeito de si mesmo, se afirma que é Deus. Não pode aprender a respeito de si mesmo, se diz que é o Atman superior, ou se diz que é mero resultado do ambiente. Está seguindo o que estou dizendo? Se você diz que é apenas o resultado do ambiente — como tantos o dizem, os comunistas, etc. — cessou então de aprender; se diz que em você reside o Atman, o Eu Superior, está meramente repetindo o que lhe foi dito, uma teoria muito confortante; portanto, cessou de aprender; e se você diz "Eu sou isto, sou algo", nesse caso, também cessou de aprender. Para descobrir o que há em você, deve aprender a respeito de si mesmo; por conseguinte, necessita da mais alta liberdade, inteligência e percebimento crítico. Sem esses requisitos não lhe será possível  compreender o que há em si mesmo. E se não compreende a si mesmo, nenhuma base tem para a estrutura de sua existência. Pode ter ideias e mais ideias, conflitos, dores, prazeres, etc.; mas, falta a base.

Você deve conhecer a si mesmo — e não segundo Sankara, Buda, Cristo, Freud, Jung ou quem quer que seja, inclusive este orador. Deve conhecer-se e, por conseguinte, aprender a respeito de si mesmo. Para aprender a respeito de si mesmo, todos os conhecimentos que já tem sobre si, devem cessar e isso é muito difícil. Porque, por exemplo, quando você diz "Sou feio", essa própria palavra "feio" encerra um certo conteúdo de tradição; assim você está julgando; não está aprendendo. Espero que esteja percebendo isto, pois trata-se de uma coisa muito simples. Uma vez que perceba, será então capaz do voo do aprender e, nesse voo não há fim nem limite; e este aprender está fora do tempo. A mente que está continuamente em movimento, do desconhecido para o desconhecido, aprendendo, aprendendo, aprendendo — essa é a mente sensível por excelência, uma mente livre.

Vamos, pois, aprender a respeito de nós mesmos. E, como disse, para aprender não deve haver avaliação, é claro. Quando você avalia e julga com base no que já adquiriu como forma de conhecimento e, a partir daí, ao olhar para si mesmo condena, ou aprova, ou rejeita, então o que vê, não representa uma aprendizagem a respeito de si próprio. Ora, se está aprendendo a respeito de si mesmo, está aprendendo a respeito do corpo, dos nervos, das reações nervosas, das lembranças, das esperanças, dos temores, dos desesperos, das agonias, da cólera, do desejo, das exigências sexuais, da esperança de encontrar o Eterno, etc. Você é tudo isso; e tudo isso são ideias. Não são? Você tem ideias sobre sua esposa, ideias de que é um homem bom, uma personalidade importante na cidade, um discípulo forte e tenaz, um hinduísta, isto ou aquilo. Você tem ideias; e tais ideias são o resultado das influências ambientais de seu conhecimento. E então quando predominam as ideias, cessou o aprendizado a respeito de si mesmo. Note, por favor, que isto é muito importante e muito simples. Uma vez que você o tenha aprendido, está vivo; então, a tradição, os Sankaras, tudo isso pode ser deixado de lado; e você se torna um ente humano, livre para descobrir, livre para investigar, livre para aprender. Somente dessa forma pode-se aprender  a respeito de si próprio; do contrário, cria-se uma ilusão, e nessa ilusão fica-se a viver.

Aprender a respeito de si próprio é a primeira ação inteligente do ser humano; mas não significa que o indivíduo respeite a si próprio a fim de "salvar-se". Você é o resultado de dois milhões de anos de existência do homem, com todas as suas experiências, suas calamidades, seus desesperos, e sua confusão; você é tudo isso. E, se deseja promover uma completa revolução em si mesmo, deve conhecer-se — "conhecer-se" —, não: aprender a respeito de si mesmo, compreender-se. Qualquer tolo pode dizer: "Conheço-me a mim mesmo" — mas, aprender a respeito de si mesmo é extremamente difícil, porque você deve se olhar, sem nenhuma escolha, nenhuma tendência, nenhuma crítica, nenhuma condenação; deve, simplesmente, olhar.

(...) Para aprender a respeito de mim mesmo, devo olhar — escute, por favor! — devo olhar a mim mesmo. Só posso olhar-me, quando não existe autoridade de espécie alguma, quando não digo que sou Eu Superior ou Eu Inferior, quando nenhum conhecimento tenho a respeito de mim mesmo; devo olhar-me todos os dias como "coisa nova". Mas, quando olho a mim mesmo, há "aquele que olha" — o observador, o experimentador — e o pensamento — a experiência, a coisa que eu estou olhando. É o que acontece com a maioria de nós. Não é verdade? Quando digo que estou me olhando, o observador é diferente da coisa que está sendo observada. Isto é simples. Não estou entrando em nenhuma filosofia supermetafísica e complicada... isso são estultícias, para mim pelo menos. Só há o fato óbvio, o observador, o "eu" que diz: "Estou olhando", e a coisa que está sendo olhada. Há, pois, separação entre observador e a coisa observada.(...) Para a maioria das pessoas, isso é um fato simples, isto é, que o pensador é diferente do pensamento. E essa separação é a origem do conflito, porque o pensador está sempre procurando alterar o seu pensamento modificá-lo, moldá-lo, controlá-lo, forçá-lo, reprimi-lo, sublimá-lo — fazer alguma coisa em relação a ele. Para aprender algo a respeito dessa divisão, devo questionar o próprio pensador, o próprio observador. Correto? Devo questionar se essa divisão é real ou se foi inventada pela mente, para fugir ao real. Espero que isto não esteja parecendo complicado demais; se o é, sinto muito.

Krishnamurti — Uma Nova Maneira de Agir
http://pensarcompulsivo.blogspot.com


AME A SI MESMO E OBSERVE

Osho, você pode falar alguma coisa sobre essas belas palavras de Buda: “Ame a si mesmo e observe – hoje, amanhã, sempre”?


"Ame a si mesmo"...  O amor é o alimento da alma. Assim como a comida é para o corpo, o amor é para a alma. Sem comida o corpo enfraquece, sem amor a alma enfraquece. E nenhum estado, nenhuma igreja e nenhum interesse investido jamais quiseram que as pessoas tivessem almas fortes porque uma pessoa com energia espiritual está fadada a ser rebelde.

O amor lhe faz rebelde, revolucionário. O amor lhe dá asas para voar alto. O amor lhe dá insight nas coisas, assim ninguém pode lhe enganar, lhe explorar, lhe oprimir. E os padres e os políticos só sobrevivem com o seu sangue – eles só sobrevivem na exploração. Eles são parasitas, todos os sacerdotes e todos os políticos.

Para lhe tornar espiritualmente fraco eles descobriram um método seguro, cem por cento garantido, e esse é ensinar a você a não amar a si mesmo – porque se um homem não pode amar a si mesmo ele também não pode amar mais ninguém. O ensinamento é muito ardiloso. Eles dizem: Ame os outros – porque eles sabem que se você não puder amar a si mesmo você não pode amar de maneira nenhuma. Mas eles continuam dizendo: Ame os outros, ame a humanidade, ame a Deus, ame a natureza, ame sua esposa, seu marido, seus filhos e seus pais, mas não ame a si mesmo, porque, segundo eles, amar a si mesmo é egoísta.

Eles condenam o amor-próprio mais do que qualquer outra coisa – e eles fizeram seu ensinamento parecer muito lógico. Eles dizem: Se você amar a si mesmo você se tornará um egoísta, se você amar a si mesmo você se tornará um narcisista. Isso não é verdade. Um homem que ama a si mesmo descobre que não existe nenhum ego nele. É amando os outros sem amar a si próprio, é tentando amar os outros que o ego surge.

O amor nada sabe de dever. Dever é um fardo, uma formalidade. Amor é uma alegria, um compartilhar; o amor é informal. O amante nunca sente que ele fez o bastante; o amante sempre acha que mais é possível. O amante nunca sente, ‘Eu favoreci o outro’. Pelo contrário, ele sente, ’Devido a que meu amor foi recebido, estou agradecido. O outro me favoreceu por receber meu presente, não o rejeitando’. O homem do dever pensa, ‘Sou mais elevado, espiritual, extraordinário. Vejam como eu sirvo as pessoas’!

Um homem que ama a si mesmo respeita a si mesmo e um homem que ama e respeita a si próprio respeita os outros também, porque ele sabe, ‘Assim como eu sou, os outros também são. Assim como gosto do amor, respeito, dignidade, os outros também gostam’. Ele se torna cônscio de que não somos diferentes, no que diz respeito ao essencial, nós somos um. Estamos debaixo da mesma lei: Es dhammo sanantano.

O homem que ama a si mesmo desfruta tanto do amor, se torna tão contente, que o amor começa a transbordar, começa a alcançar os outros. Tem que alcançar! Se você vive o amor, você começa a compartilhá-lo. Você não pode continuar a amar a si mesmo para sempre porque uma coisa ficará absolutamente clara para você: que se amando uma pessoa, você mesmo, é um êxtase tão tremendo e tão belo, tanto mais êxtase está esperando por você se você começar a compartilhar seu amor com muitas pessoas!

Lentamente as ondulações começam a se expandir cada vez mais longe. Você ama outras pessoas; então você começa a amar os animais, os pássaros, as árvores, as pedras. Você pode preencher todo o universo com o seu amor. Um simples indivíduo é suficiente para encher todo o universo com amor, assim como um simples seixo pode encher todo o lago de ondulações – um pequeno seixo.

O homem precisa se tornar um deus. A menos que o homem se torne um deus não poderá haver nenhum preenchimento, nenhum contentamento. Mas como é que você pode se tornar um deus? Seus sacerdotes dizem que você é um pecador. Seus sacerdotes dizem que você está condenado, que você está destinado a ir para o inferno. E eles lhe tornam muito temeroso de amar a si mesmo.

Eis porque as pessoas são tão eficientes em descobrir defeitos. Elas encontram defeitos em si mesmas – como é que elas podem evitar encontrar os mesmos defeitos nos outros? Na verdade, elas irão encontrá-los e irão engrandecê-los, irão torná-los tão grandes quanto possível. Esse parece ser o único meio de defesa; de alguma maneira, para salvar as aparências. Você precisa fazer isso. Eis porque existe tanta crítica e tanta falta de amor.

Digo que esse é um dos mais profundos sutras de Buda, e só uma pessoa desperta pode lhe dar um tal insight.

A pessoa que ama a si própria pode facilmente se tornar meditativa, porque meditação significa estar consigo mesmo.

Se você odeia a si mesmo – como você faz, como foi dito a você para fazer, e você tem seguido isso religiosamente – se você odeia a si próprio, como é que você pode ficar consigo mesmo? A meditação não é outra coisa senão desfrutar de sua bela solitude e celebrar a si próprio. Eis o que é toda a meditação. A meditação não é um relacionamento. O outro não é absolutamente necessário; somos suficientes para nós mesmos. Somos banhados em nossa própria glória, banhados em nossa própria luz. Estamos simplesmente alegres porque estamos vivos, porque somos.

O maior milagre do mundo é que você é e que eu sou. Ser é o maior milagre e a meditação abre as portas desse grande milagre. Mas só o homem que ama a si próprio pode meditar; do contrário você está sempre fugindo de si mesmo, evitando a si mesmo. Quem quer olhar para um rosto feio e quem quer penetrar num ser feio? Quem quer se aprofundar na própria lama, na própria escuridão? Quem vai querer entrar no inferno que pensam que estão? Você quer manter essa coisa toda coberta com lindas flores e você vai querer sempre fugir de si mesmo.

Desse modo as pessoas estão continuamente procurando companhia. Elas não podem ficar consigo mesmas; elas querem estar com os outros. As pessoas estão buscando qualquer tipo de companhia; se eles puderem evitar a companhia de si próprios qualquer coisa servirá. Eles se sentarão numa sala de cinema por três horas vendo alguma coisa totalmente estúpida. Eles irão ler uma novela de detetives por horas, desperdiçando seu tempo. Eles irão ler o mesmo jornal repetidamente apenas para ficarem ocupados. Eles irão jogar baralho e xadrez só para matar o tempo... Como se eles tivessem tempo de sobra!

O amor começa com você mesmo, assim ele pode se espalhar. Ele vai se espalhando a sua própria maneira; você não precisa fazer nada para espalhá-lo.

Ame a si mesmo... “Diz Buda. E então imediatamente ele “acrescenta:...”e observe”. Isso é Meditação, esse é o nome de Buda para a meditação. Mas a primeira condição é amar a si mesmo, e então observe. Se você não amar a si mesmo e começar a observar, você pode se sentir como que cometendo suicídio.

Muitos Budistas se sentem como que cometendo suicídio porque eles não dão atenção a primeira parte do sutra, eles imediatamente saltam para a segunda parte: observe a si mesmo. Na verdade, nunca encontrei um simples comentário sobre o o Dhammapada, esses sutras do Buda, que desse alguma atenção a primeira parte: Ame a si mesmo.

Sócrates diz: Conhece a ti mesmo, Buda diz: Ame a si mesmo. E Buda é muito mais verdadeiro porque a menos que você ame a si próprio você nunca conhecerá a si mesmo – conhecer só vem mais tarde, o amor prepara o terreno. Amar é a possibilidade de conhecer a si mesmo. O amor é a maneira certa de conhecer a si mesmo.

“Ame a si mesmo e observe… hoje amanhã, sempre”.

Crie energia ao redor de si mesmo. Ame seu corpo e ame sua mente. Ame todo seu mecanismo, todo seu organismo. Por amar significa: aceitar isso como isso é, não tente reprimir. Nós reprimimos somente quando odiamos alguma coisa, reprimimos somente quando somos contra alguma coisa. Não reprima porque se você reprimir como é que você vai observar? Não podemos fitar o inimigo olho no olho; podemos somente olhar nos olhos de nosso amado. Se você não for um amante de si mesmo você não será capaz de olhar nos seus próprios olhos, na sua própria face, na sua própria realidade.

Observar é meditação, o nome de Buda para a meditação. Observe diz Buda. Ele diz: Esteja cônscio, alerta, não fique inconsciente. Não se comporte como que dormindo. Não continue funcionando como uma máquina, como um robô. É assim que as pessoas estão vivendo.

Observe – apenas observe. Buda não diz o que deve ser observado – tudo! Caminhando, observe o seu caminhar. Comendo, observe o seu comer. Tomando banho, observe a água, a água fria caindo sobre você, o toque da água, a frieza, o arrepio que dá na sua espinha – observe tudo, “hoje, amanhã, sempre”.

Finalmente chega o momento quando você pode observar até mesmo seu sono. Esse é o máximo no observar. O corpo vai dormir e ainda fica um observador desperto, olhando silenciosamente o corpo profundamente adormecido. Isso é o máximo da observação. Agora mesmo exatamente o oposto é o caso: seu corpo está desperto, porém você está dormindo. Então você estará desperto e seu corpo estará dormindo. O corpo precisa de descanso, todavia sua consciência não necessita de nenhum sono. Sua consciência é consciência: isso é atenção, essa é sua própria natureza.

Quando você se torna mais alerta você começa a criar asas – então todo o céu lhe pertence. O homem é um encontro da terra com o céu, do corpo e da alma.

Osho, The Dhammapada: The Way of the Buddha
https://www.osho.com

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