ORAÇÃO PARA AQUELES QUE CURAM
Autoconhecimento, Altruísmo e Boa Saúde
Carlos Cardoso Aveline
Desde um ponto de vista teosófico, fazer pedidos pessoais em uma oração só faz sentido como um gesto simbólico. O “Senhor” a quem muitas orações são dirigidas é na verdade o próprio eu superior daquele que ora, a sua alma imortal, e também a Lei do Universo.
Ao fazer a oração, o peregrino fala diante do seu espelho espiritual impessoal, que reflete as potencialidades sagradas da alma terrestre. Sob a forma poética de um pedido feito com humildade, o peregrino expressa a sua própria vontade independente e adota a atitude de um ser autor responsável.
Em uma das suas obras, Elisabeth Kübler-Ross divulga uma versão da famosa Oração de São Francisco de Assis, adaptada para os terapeutas e os curadores em geral.
Diz a oração:
Embora aparentemente específica, esta bela oração não se aplica apenas a aqueles profissionais da área da saúde que percebem os aspectos éticos e espirituais da sua atividade.
Cada ser humano que busca com autenticidade a sabedoria é alguém que irradia ao seu redor sentimentos e pensamentos mais elevados, e portanto constitui de certo modo um curador, um terapeuta – alguém que leva alívio aos que sofrem.
Do ponto de vista filosófico, porém, é importante perceber com clareza a linha que estabelece a diferença entre a Cura e a mera Anestesia; entre o alívio real da dor e a simples fuga dela; entre a verdadeira libertação e o limitado combate aos efeitos externos do sofrimento. Há um abismo sutil entre as duas possibilidades.
O tratamento que leva à eliminação efetiva do sofrimento pode não ser agradável à primeira vista.
O paciente que sofre da doença da ignorância espiritual terá de reconhecer em si mesmo os fortes adversários que são o medo da cura e a resistência ao remédio. Estes dois adversários o levam a rejeitar, de modo mais ou menos inconsciente, a percepção e a vivência diretas da sabedoria universal.
O terapeuta e o peregrino mais experiente no caminho da sabedoria deverão deixar claro, a quem dialoga com eles sobre o processo da cura, que é indispensável reconhecer e admitir um fato central:
“Aquilo que é bom, que cura e faz o bem, nem sempre é agradável; e, por outro lado, aquilo que parece agradável frequentemente não é bom, nem cura, nem faz bem.”
Portanto, uma certa dose de indiferença estoica à dor de curto prazo é sumamente importante para que ocorra a verdadeira cura, física ou espiritual.
O apego infantil à satisfação pessoal, assim como a fuga igualmente imatura de tudo o que parece desagradável, são duas fontes gêmeas do desequilíbrio interno que leva à ausência de saúde, tanto física quanto espiritualmente.
Quando se tem consciência destes fatos, a cura é mais profunda e mais duradoura.
Quando o buscador da verdade e o terapeuta estão em pleno contato com a bem-aventurança e a saúde em seu interior, eles irradiam ativamente coragem, confiança e bem-aventurança ao seu redor. Onde quer que eles estejam, eles são um estímulo para que outros seres se conectem mais diretamente, em seu próprio interior, com a fonte universal de saúde e bem-estar.
Os verdadeiros terapeutas, assim como os verdadeiros teosofistas, evitam levar aos outros uma anestesia de curto prazo. Como resultado disso, é preciso discernimento para reconhecê-los; e é necessário um discernimento maior ainda, para tornar-se gradualmente um deles.
A longo prazo, o processo da cura é um processo de autorrealização, de autorregulação e de auto-plenitude, que ocorre sempre em solidariedade e em comunhão interior com os outros seres.
NOTA:
[1] ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO, modificada por Charles C. Wise, e publicada nas páginas de abertura da obra “Death, the Final Stage of Growth”, de Elisabeth Kübler-Ross, Prentice-Hall, New Jersey, USA, 1975, 182 pp.
https://www.filosofiaesoterica.com
Ao fazer a oração, o peregrino fala diante do seu espelho espiritual impessoal, que reflete as potencialidades sagradas da alma terrestre. Sob a forma poética de um pedido feito com humildade, o peregrino expressa a sua própria vontade independente e adota a atitude de um ser autor responsável.
Em uma das suas obras, Elisabeth Kübler-Ross divulga uma versão da famosa Oração de São Francisco de Assis, adaptada para os terapeutas e os curadores em geral.
Diz a oração:
SENHOR,
Faça de mim um instrumento da sua saúde:
Onde houver doença,
Que eu leve a cura;
Onde houver ferimento,
Ajuda;
Onde houver sofrimento,
Alívio;
Onde houver tristeza,
Conforto;
Onde houver desespero,
Esperança;
Onde houver morte,
Aceitação e paz.
FAÇA com que eu procure mais
Consolar do que ser fortalecido;
Entender do que ser obedecido;
Amar do que ser homenageado;
Porque é entregando a nós mesmos
Que nós curamos;
É escutando
que nós confortamos;
E é morrendo,
que nós nascemos para a vida eterna. [1]
Onde houver doença,
Que eu leve a cura;
Onde houver ferimento,
Ajuda;
Onde houver sofrimento,
Alívio;
Onde houver tristeza,
Conforto;
Onde houver desespero,
Esperança;
Onde houver morte,
Aceitação e paz.
FAÇA com que eu procure mais
Consolar do que ser fortalecido;
Entender do que ser obedecido;
Amar do que ser homenageado;
Porque é entregando a nós mesmos
Que nós curamos;
É escutando
que nós confortamos;
E é morrendo,
que nós nascemos para a vida eterna. [1]
Embora aparentemente específica, esta bela oração não se aplica apenas a aqueles profissionais da área da saúde que percebem os aspectos éticos e espirituais da sua atividade.
Cada ser humano que busca com autenticidade a sabedoria é alguém que irradia ao seu redor sentimentos e pensamentos mais elevados, e portanto constitui de certo modo um curador, um terapeuta – alguém que leva alívio aos que sofrem.
Do ponto de vista filosófico, porém, é importante perceber com clareza a linha que estabelece a diferença entre a Cura e a mera Anestesia; entre o alívio real da dor e a simples fuga dela; entre a verdadeira libertação e o limitado combate aos efeitos externos do sofrimento. Há um abismo sutil entre as duas possibilidades.
O tratamento que leva à eliminação efetiva do sofrimento pode não ser agradável à primeira vista.
O paciente que sofre da doença da ignorância espiritual terá de reconhecer em si mesmo os fortes adversários que são o medo da cura e a resistência ao remédio. Estes dois adversários o levam a rejeitar, de modo mais ou menos inconsciente, a percepção e a vivência diretas da sabedoria universal.
O terapeuta e o peregrino mais experiente no caminho da sabedoria deverão deixar claro, a quem dialoga com eles sobre o processo da cura, que é indispensável reconhecer e admitir um fato central:
“Aquilo que é bom, que cura e faz o bem, nem sempre é agradável; e, por outro lado, aquilo que parece agradável frequentemente não é bom, nem cura, nem faz bem.”
Portanto, uma certa dose de indiferença estoica à dor de curto prazo é sumamente importante para que ocorra a verdadeira cura, física ou espiritual.
O apego infantil à satisfação pessoal, assim como a fuga igualmente imatura de tudo o que parece desagradável, são duas fontes gêmeas do desequilíbrio interno que leva à ausência de saúde, tanto física quanto espiritualmente.
Quando se tem consciência destes fatos, a cura é mais profunda e mais duradoura.
Quando o buscador da verdade e o terapeuta estão em pleno contato com a bem-aventurança e a saúde em seu interior, eles irradiam ativamente coragem, confiança e bem-aventurança ao seu redor. Onde quer que eles estejam, eles são um estímulo para que outros seres se conectem mais diretamente, em seu próprio interior, com a fonte universal de saúde e bem-estar.
Os verdadeiros terapeutas, assim como os verdadeiros teosofistas, evitam levar aos outros uma anestesia de curto prazo. Como resultado disso, é preciso discernimento para reconhecê-los; e é necessário um discernimento maior ainda, para tornar-se gradualmente um deles.
A longo prazo, o processo da cura é um processo de autorrealização, de autorregulação e de auto-plenitude, que ocorre sempre em solidariedade e em comunhão interior com os outros seres.
NOTA:
[1] ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO, modificada por Charles C. Wise, e publicada nas páginas de abertura da obra “Death, the Final Stage of Growth”, de Elisabeth Kübler-Ross, Prentice-Hall, New Jersey, USA, 1975, 182 pp.
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